Como lidar com cachorros que tem medo do veterinário

Nenhum cachorro gosta do veterinário, apesar da importância. Veja como lidar com o medo.

As rotinas médicas são fundamentais para a saúde e o bem-estar dos cachorros, mesmo que eles não gostem ou tenham medo do veterinário. Consultas, vacinas, vermífugos, antiparasitas e alguns medicamentos eventualmente são necessários para uma vida longa e saudável.

Na verdade, é difícil encontrar um cachorro que goste do veterinário. Afinal, trata-se de um estranho que surge do nada e apalpa, aperta, imobiliza, incomoda.

Vez por outra, o médico aparece com injeções e agulhas, “alimentos” amargos, azedos, intragáveis e até prende com gaiolas intransponíveis. É assim que um pet costuma enxergar o veterinário.

Lembre-se: os cachorros são animais altamente adaptáveis. Por isso, transformar as consultas médicas e exames de laboratório uma rotina facilita bastante as idas à clínica veterinária. Acostume o seu cachorro a ser examinado com frequência, desde filhote, e o medo não será tão intenso – mas existirá, de uma maneira ou outra.

Como lidar com cachorros que tem medo do veterinário

Alguns motivos do medo

Alguns cachorros têm medo de sair de casa. Os peludos precisam ser adaptados aos passeios diários desde filhotes, desde que são adotados. Além do exercício físico, as caminhadas garantem a sociabilização dos pets; do contrário, eles crescerão sentindo medo e raiva de estranhos – sejam humanos, sejam outros cachorros.

Mesmo assim, mesmo cães adultos podem desenvolver medos e fobias. A casa é o refúgio seguro, a toca que ninguém consegue invadir. Na rua, há escapamentos de carros, buzinas, rojões e às vezes até relâmpagos e trovoadas.

Os cães também podem sentir desconforto ao andar de carro. A sensação de estar parado e tudo se movendo ao redor – postes, árvores, pessoas – causa vertigens e enjoos, especialmente entre os filhotes.

Tudo isso pode indispor o pet às saídas. Os movimentos do tutor – separar a coleira, pegar as chaves, etc. – já disparam a ansiedade. Eles não querem sair para nada: não querem trocar o certo – a segurança e conforto da casa – pelo duvidoso.

A maioria, porém, desenvolve traumas nos atendimentos do veterinário. Agulhas, metais frios, colares elisabetanos e algumas vezes até o abandono são bons motivos para ter medo. Quando precisamos deixar o pet na clínica por qualquer motivo, eles podem se sentir abandonados.

A mera aproximação da vizinhança da clínica causa ansiedade. Os cães têm memória fotográfica e conseguem identificar com antecedência os locais para onde estão sendo levados – alguns mais, outros menos.

E, como eles não entendem os benefícios – vacinas evitam dores e curam doenças fatais, mas eles não sabem disso, apenas sentem as picadas das agulhas – ir ao veterinário equivale a uma sessão branda de tortura. Eles não querem passar por isso.

O que fazer para diminuir o medo do veterinário?

A melhor maneira de atenuar o medo do veterinário e simular, em casa, situações de contenção e, em seguida, oferecer um petisco e um agrado como recompensas. Os cachorros associarão a imobilização temporária quase a uma brincadeira, contemplada no final com um prêmio.

• O ambiente

A clínica veterinária, por mais amigável que pareça aos olhos dos tutores, não é exatamente o lugar preferido dos pets. Eles não sabem o que vão fazer lá. Apenas percebem que é um local com pessoas e animais desconhecidos, odores esquisitos e fétidos, instrumentos e picadas dolorosas, aonde são levados duas ou três vezes ao ano sem que percebam um benefício aparente.

Mas, se este ambiente pode ser atenuado com brincadeiras, petiscos e agrados, o desconforto passa a ser tolerado, mas não totalmente aceito. Se possível, procure uma clínica que ofereça um ambiente acolhedor e lúdico. Em geral, veterinários e atendentes destes estabelecimentos são qualificados para avaliar as condições físicas dos pets com o mínimo possível de sofrimento.

• A contenção

É importante que os prêmios sejam sempre acompanhados com carinhos e algumas palavras de incentivo. Os cães preferem o “diálogo” amistoso com os tutores às meras recompensas materiais, que podem inclusive passar despercebidas.

Nas inspeções de pele, pelos, olhos, dentes e narinas, nas manipulações da boca, orelhas e unhas (alguns cães odeiam ter as unhas aparadas), os cães se sentem desamparados e, claro, apavorados. É necessário contê-los, mas eles não conseguem entender os motivos.

• O colo

Alguns cães não gostam de colo, mas a maioria sente grande prazer em ficar aconchegado bem perto dos tutores. A posição transmite segurança, calor e conforto; ela evoca as sensações experimentadas quando os pets eram recém-nascidos.

Pegar os pets regularmente no colo (no caso dos grandões, deixá-los apoiarem a cabeça nas pernas) também facilita o trabalho do veterinário. Caso o medo seja muito grande, os tutores podem espetar levemente a pele deles com um lápis, simulando a aplicação de uma injeção; em seguida, envolver a prática com brincadeiras e situações prazerosas.

• A antessala

Os cachorros já sabem, na antessala da clínica, que o “monstro do jaleco” está escondido atrás da porta, que se abrirá em breve para um verdadeiro espetáculo de horrores. Distraí-lo nestes momentos que antecedem a consulta atenua o medo e a ansiedade.

Leve o brinquedo predileto e alguns petiscos. Brinque com o cão no consultório do veterinário, atraia a sua atenção para o movimento através da janela, deixe-o explorar com segurança os móveis e objetos da segurança.

A maior parte das clínicas veterinárias permite que os pacientes interajam com o ambiente, inclusive fornecendo brinquedos e distrações, para que eles se sintam menos inseguros, amedrontados e desconfortáveis durante a consulta.

• Adestramento

Nenhuma destas providências garante que a vista ao veterinário será tranquila e sem sobressaltos, mas ajuda a evitar boa parte dos problemas. Para evitar maiores acidentes, confira as instalações e, se houver rotas de fuga ou possibilidade de brigas no consultório, conduza o pet sempre na coleira.

Ao sair da clínica, ofereça algum agrado para o cachorro. Antes de voltar para casa, leve-o até o parque preferido e deixe-o refazer-se do trauma por alguns instantes. Os peludos não esperam atingir a redenção através do sofrimento, mas aceitarão o gesto como uma forma de “compensação de danos”.

Os cachorros possuem alguns meios próprios de defesa. Alguns são reprimidos durante os primeiros treinos – mordidas e avanços não devem ser tolerados. Na consulta com o veterinário, no entanto, alguns não param de latir e ganir: é uma resposta natural. O profissional já está bem acostumado a ela e isso não deve ser motivo de grandes preocupações por parte dos tutores.

Se necessário, caso as dificuldades sejam muitas, contrate um adestrador profissional para acompanhar as consultas com o veterinário. Esta atitude é particularmente indicada para tutores de cães de grande porte, que podem fazer estragos consideráveis quando se sentem acuados ou ansiosos.

• Em casa

É possível também contar com veterinários que prestam serviços em domicílio. Nem sempre os serviços podem ser prestados em casa, mas isso pode ser uma opção para os procedimentos básicos e rotineiros.

Tratando o pet em casa, os tutores eliminam os chamados gatilhos. Não é necessário prender os cachorros em gaiolas de transporte, usar focinheiras, seguir de carro para a clínica, esperar o momento da consulta. O atendimento é mais caro, mas é uma boa estratégia especialmente para superar fobias mais intensas.

• Confiança

Os peludos tendem a encarar os tutores como os líderes da matilha. Para a maioria dos cachorros, nós somos os principais responsáveis pela segurança, conforto, lazer, alimento, etc. Eles se submetem a nós em troca das comodidades proporcionadas.

Por isso, não entre em pânico, nem fique ansioso durante as rotinas das consultas. Mantenha-se calmo e seguro de si. A sua tranquilidade será transmitida para o pet, que exibirá um comportamento mais adequado.

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