Ansiedade em cães: como resolver

A ansiedade em cães é um transtorno grave, que pode causar danos físicos e emocionais. Veja como resolver o problema.

A ansiedade em cães se manifesta de diversas formas. Comportamentos quase sempre vistos como corriqueiros podem ser uma pista para identificar o transtorno. Por exemplo, lamber excessivamente as patas ou orelhas, exagerar nas “festas” pra a família, marcar continuamente o território, são condutas que podem mascarar o problema.

Mesmo a falta de apetite (ou a voracidade) pode significar tendência à ansiedade. Estes não são exatamente sintomas, mas a repetição excessiva de um padrão qualquer indica que o cachorro não consegue se ajustar à casa e à família – e tenta compensar esta carência de alguma forma, normalmente inadequada.

As causas da ansiedade em cães

Os cachorros possuem excelente memória. Em alguns casos, eles demonstram distúrbios comportamentais determinados por situações traumáticas que aconteceram muitos anos antes. Sem o adestramento adequado, qualquer situação em que o pet seja deixado sozinho será considerada por ele como um abandono. Isto tende a ser mais aflorado nos cachorros muito mimados.

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Os motivos mais comuns para o surgimento e desenvolvimento da ansiedade são:

falta de convivência – os cachorros são animais gregários e não têm, na maioria, estrutura emocional para permanecer longos períodos sozinhos. Eles precisam de companhia, de alguma forma de interação sem exageros – não é necessário cancelar compromissos para ficar com o amigo peludo;

barulhos excessivos – alguns ruídos são incompreensíveis para os cães e, por isso, eles costumam ficar em alerta quando os sons surgem. O transtorno de ansiedade, neste caso, surge quando o ruído é persistente e incômodo. Em geral, o problema surge gradualmente e torna-se mais grave com o avanço da idade. As fobias, tais como o medo de fogos de artifício ou de trovões, podem ser superadas com treinamento; se persistirem, os cachorros desenvolverão ansiedade;

tédio – o tempo parece passar mais devagar quando estamos entediados. Os cães que passam longos períodos inativos podem desenvolver se entediar e tornar-se ansiosos com a expectativa da falta do que fazer. É importante reservar um tempinho diário para se dedicar aos pets: brincar, passear, fazer carinho. A interação com a família é fundamental para a saúde dos cachorros.

“Meu bebê”

Até algumas décadas atrás, um cachorro era um coadjuvante na segurança da família e do patrimônio. Ele ficava a maior parte do tempo relegado a uma área da casa (geralmente, o fundo do quintal), recebia pouca atenção e o alimento eram as sobras da mesa da família.

Atualmente, os cachorros são considerados membros da família. É quase como se fossem filhos. Muitos tutores oferecem algumas regalias como roupas, enfeites, festas de aniversário, até mesmo um quarto particular. Mas isto é bom para os cães?

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De modo geral, pessoas que equiparam cães a seres humanos também podem sofrer com alguns transtornos emocionais. Pode ser uma forma de suprir carências, de substituir afetos. Os cachorros, no entanto, não são “gente”. Eles pertencem a outra espécie e gênero e, até algumas dezenas de milhares de anos, percorreram caminhos diferentes dos escolhidos pela humanidade.

Veja também: 10 erros cometidos na hora de cuidar dos cachorros

Aceitar os pets como membros da família certamente é uma atitude positiva, mas é necessário lembrar que eles são cachorros – não são bebês. Aliás, eles se desenvolvem bem mais rapidamente do que as nossas crianças. Em poucos meses, estão aptos a sobreviver sozinhos, ainda que a boa companhia seja bem melhor.

Equipará-los a crianças pode ser uma projeção de necessidades nossas, que eles não têm condições de preencher. Os cachorros nos amam incondicionalmente, mas possuem uma visão do mundo diferente da nossa. Eles não se importam, por exemplo, de permanecer em posição subalterna – até anseiam por isso, porque, na psicologia canina, subordinar-se a um líder significa mais segurança, alimento e conforto.

Eles também não sofrem nenhuma interferência quando são castrados ou esterilizados. O desejo sexual humano, além de uma necessidade natural, é também uma construção cultural que os cachorros não empreenderam.

Uma vez que sejam castrados, eles deixam de produzir alguns hormônios, o desejo sexual cessa e o convívio de caninos e humanos se torna mais regular, proveitoso e prazeroso.

Assim como nós, os cachorros estão no auge da evolução. Eles chegaram até aqui (e não foram extintos, como tantas outras espécies) porque escolheram se adaptar às condições oferecidas pela natureza. Uma das formas de adaptação foi justamente a parceria com humanos, mas “cada um no seu quadrado”.

A humanização dos cachorros é uma empreitada que pode provocar danos emocionais aos pets e aos tutores. Quando os cachorros se tornam o centro do nosso afeto, eles se apegam demais a nós, mas não têm recursos para atender às nossas expectativas. Eles ficam frustrados, deprimidos, hiperapegados e ansiosos.

A ansiedade da separação

Caso a interdependência se torne excessiva, os cachorros podem desenvolver a ansiedade da separação e sofrerem até mesmo com antecipação. Todos nós temos deveres (e prazeres) fora de casa; portanto, é natural que passemos parte do dia na rua – trabalhando, estudando, fazendo compras, pagando contas, namorando, distraindo a mente.

Mas, se o cachorro sente que o foco da atenção é tão-somente o tutor, ele passará estas horas sozinhos sentindo-se abandonado. E, como a maioria de nós tem uma rotina definida – saímos todos os dias, de segunda a sexta-feira, às 7h e retornamos às 17h, por exemplo –, o cachorro começará a sentir-se angustiado horas antes.

Com o tempo, o pet permanecerá em um estado constante de aflição, antecipando a separação. É uma condição mentalmente dolorosa, que pode se traduzir em agressividade (contra ele próprio e os outros membros da família), isolamento, comportamento destrutivo, etc.

Muitas vezes, nós só conseguimos enxergar o resultado da ansiedade: as agressões, móveis e almofadas destruídas, xixi no tapete da sala, latidos que atormentam a vizinhança. Estes comportamentos, no entanto, são apenas reflexo da sensação de abandono.

Certamente, existem cães que não gostam de ficar sozinhos e decidem “tocar o horror” quando os tutores ficam foram de casa por algumas horas. Outros sentem medo dos ruídos da rua (ou do corredor), dos cheiros que invadem as janelas. Estes comportamentos são facilmente corrigidos com o método da recompensa.

Basta que, ao voltar para casa, os tutores tragam um presente qualquer: um brinquedo, um petisco. Depois de alguns dias, a recompensa pode deixar de ser material e transformar-se em um afago e alguns minutos de brincadeiras. Com estas medidas simples, o problema estará resolvido.

Mas, se o cão desenvolveu ansiedade, o transtorno demandará um pouco mais de esforço por parte dos tutores. E, como o problema quase sempre é de mão dupla – pet e tutor estão projetando carências no outro, em lugar de tentar resolvê-las –, a solução exige mudanças nos dois atores.

O que é ansiedade canina?

A ansiedade é uma situação de estresse, que pode ser causado por uma série de fatores, tais como: falta de liderança, traumas, medos, ausências prolongadas, maus tratos, etc. O distúrbio compromete a qualidade de vida do cão, uma vez que afeta hormônios e neurotransmissores responsáveis pela capacidade de resposta, a sensação de prazer e bem-estar, etc.

O transtorno pode causar problemas físicos e psicológicos, que vão desde o medo excessivo (o cachorro tem medo até mesmo da própria sombra) até disfunções renais e hepáticas que podem ser fatais. A ausência do tutor gera muita ansiedade, uma vez que o humano responsável é o elo entre o animal e o mundo exterior.

Por outro lado, a presença sufocante dos tutores também é um fator de estresse. Não há nada de errado de mimar os pets, carregá-los no colo, oferecer presentes e recompensas. O problema está na frequência com que estes mimos são oferecidos.

A total dependência estabelecida entre pet e tutor pode ser verificada em diversas circunstâncias:

• quando o tutor pega as chaves da casa ou do carro e o cachorro percebe que ficará sozinho;

• quando o tutor fecha as portas de um cômodo da casa e o cachorro começa a se sentir excluído;

• quando o tutor não oferece parte do seu alimento quando se acomoda para as refeições.

São situações cotidianas, em que um cachorro saudável precisa aprender que há momentos em que ficará sozinho em casa, há alimentos que ele não pode receber, o tutor tem outros interesses além do seu bicho de estimação. Sem este aprendizado, o cachorro é um sério candidato à ansiedade e às consequências deste transtorno.

Os sintomas da ansiedade canina

Nem todos os cachorros reagem da mesma forma quando sofrem de ansiedade. Alguns podem procurar esconder-se na maior parte do tempo, enquanto outros fazem festas extremamente demoradas ou “perseguem” os tutores quando perseguem que eles irão sair: ficam o tempo todo rondando, trançando nas pernas, tentando, de alguma forma, evitar a solidão.

Alguns sinais indicam que algo está errado. São eles:

  • hiperatividade;
  • arrancar os pelos, especialmente das patas;
  • lambeduras excessivas;
  • perda ou ganho de peso sem motivo aparente;
  • destrutividade;
  • alterações do apetite;
  • feridas de difícil cicatrização.

A superação

Superar a ansiedade depende da forma como ela se expressa. Cães hiperativos devem ser ignorados por um tempo (para aprenderem a respeitar a “hierarquia” da família), enquanto os que se ocultam precisam de um tempo maior – ou de melhor qualidade – com os tutores.

Caso você perceba um ou mais sintomas de ansiedade, procure passear por períodos mais longos a cada dia, descobrindo caminhos novos. Os cachorros gostam de novas aventuras. Encontre trajetos nos quais eles possam ver pessoas e outros cachorros e interagir com eles.

Dedique um tempo para as brincadeiras. Use os recursos que você tiver disponíveis, como bolinhas, ossos de morder, brinquedos sonoros, ou até mesmo as suas mãos. Os pets precisam entender que são importantes e os tutores se preocupam com eles, gostam de estar com eles.

Reforce a sua posição de liderança. Para os cachorros, o tutor é o “alfa da matilha”. É quem manda, mas também é quem fornece segurança, alimento, conforto e carinho. Quando os cães obedecem, eles ficam satisfeitos por estarem sob a chefia de um líder forte e determinado. Isto os tranquiliza emocionalmente – é assim que funciona uma matilha (ou alcateia).

Treine o seu cachorro para as despedidas. Você precisa sair de casa e ele precisa entender isto, mesmo que não goste. Nos primeiros dias, ofereça um brinquedo ou um petisco antes de sair, mas vá embora sem recuos. Feche a porta simplesmente. O cão associará a recompensa ao isolamento e não se sentirá tão abandonado. A recompensa pode ser descartada em poucos dias.

Na volta para casa, não permite que o cachorro defina o “cronograma de boas vindas”. Entre, guarde as suas coisas, lave-se, troque de roupa e só então dedique-se ao pet. Ele rapidamente entenderá a necessidade de esperar o seu comando. Não sinta remorso: ele gostará imensamente de seguir as ordens do chefe.

Se você passa muito tempo fora de casa, deixe alguma coisa para o cachorro fazer, para que ele não fique entediado. Esconda brinquedos entre as coisas dele (na caminha, atrás do comedouro, etc.) para ele encontrar. Existem alguns brinquedos inteligentes, em que o cachorro precisa abrir uma bola ou cone para comer a ração ocultada. Ele passará bons momentos tentando “encontrar o tesouro”.

Dê atenção. Escove o pelo do seu pet diariamente. Além de eliminar pelos mortos e criar um look mais atraente, esses minutos criam uma relação de pertencimento que é muito importante para ambos. Deixe-o no seu colo (ou ao seu lado, ou aos seus pés) enquanto assiste TV. Em resumo, encontre momentos para que tutor e pet possam desfrutar juntos.

Se ele fizer algo errado (eles sempre fazem), não altere o tom de voz para repreendê-lo. Seja firme e mostre o que está incorreto nas atitudes. Conversas com cachorros são sempre proveitosas: eles não conseguem entender o significado da maioria das palavras, mas compreendem o tom e sentem-se recompensados por estar partilhando algo com a família.

Se o comportamento do cão for muito inadequado, procure um adestrador ou converse com o veterinário. Estes profissionais poderão aconselhá-lo sobre a melhor maneira de conviver com um cachorro da forma mais prazerosa possível. Lembre-se: você levou o cachorro para casa. Você é responsável por ele.

Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.

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