Por que os cachorros correm atrás do próprio rabo?

É comum que donos de cachorros flagrem seus pets correndo atrás do rabo. Por que isto acontece?

Não existe uma única forma de explicar porque os cachorros correm atrás do próprio rabo. O motivo mais comum é que os pets entendem que, adotando esta conduta, conseguem chamar a atenção dos donos com mais facilidade.

Quando isto ocorre apenas eventualmente, não há necessidade de tomar nenhuma medida para conter ou substituir o mau hábito, principalmente quando os cães atingem apenas os pelos da extremidade do rabo, em situações esporádicas.

Por que os cachorros correm atrás do próprio rabo?

Em caso de ferimentos, mesmo leves, porém, é necessário procurar ajuda médica. Alguns animais chegam a precisar amputar a cauda. Alguns cães desenvolvem quadros intensos de estresse, que podem determinar a instalação de outras doenças. Vale lembrar que, atualmente, já existem terapeutas caninos e veterinários especializados em neuropsiquiatria.

Isto pode ser um sinal de carência, situação que pode levar a problemas mais graves, como depressão, autoagressão e comportamentos destrutivos. É possível que o animal esteja se sentindo isolado – mesmo que não fique sozinho por longos períodos – e, por isto, desenvolve esta corrida sem fim como estratégia para ser notado.

Os filhotes, no entanto, podem estar apenas explorando o ambiente. Eles não entendem o rabo como parte do próprio corpo e “atacam” o apêndice, quase sempre sem sucesso, da mesma maneira que tentam morder os dedos dos tratadores – criadores ou novos donos. A conduta tende a desaparecer com o avanço da idade.

Falta de contato

Os cachorros, mesmo vivendo em locais muito movimentados, podem ficar entediados se não tiverem estímulos da família e do ambiente. Muitos animais são submetidos a determinada conduta, em lugar de aprenderem o que podem e o que não podem fazer.

Ter um cão significa onerar o orçamento doméstico (com rações, consultas veterinárias, medicações, brinquedos, agasalhos, etc.), mas o principal comprometimento é com o estabelecimento de uma relação saudável. Os pets precisam de passeios, brincadeiras, até mesmo de dormir ao pé do dono (ou no colo dele).

Quando não encontram parceiros para brincar ou pedir carinho, os cachorros podem começar a correr atrás do rabo apenas como uma forma de compensação. Os pets canalizam as suas necessidades para uma brincadeira solitária.

Mas, de acordo com a sabedoria popular, “correr atrás do rabo” significa cansar-se até a exaustão sem atingir nenhum objetivo útil. Com o tempo, este cachorro pretensamente autossuficiente pode se tornar agressivo, inclusive atacando membros da família, ou desenvolver doenças graves, quase sempre de diagnóstico difícil.

Doenças e infestações

Muitas vezes, os cachorros correm atrás do rabo em uma tentativa, quase sempre fracassada, de se livrar de parasitas, como pulgas e carrapatos (em alguns casos, a estratégia visa apenas aliviar o prurido nas extremidades traseiras).

Uma situação comum que determina a corrida atrás do rabo é a amputação da cauda, prática proibida no Brasil desde 2008, quando o objetivo é apenas estético. A amputação pode causar neuromas (lesões neurais não apenas na cauda, mas também nas pernas e patas). Para aliviar o incômodo, os cães tentam morder (a defesa mais comum da espécie) a região.

Devem ser investigados igualmente os desconfortos na região do ânus, a expulsão de vermes (geralmente em pequenas porções), dermatites e inflamações nas glândulas para-anais, mais comuns entre as raças de pequeno porte.

Estas glândulas têm como função armazenar um líquido oleoso e fétido (ao menos para os humanos). É uma “arma” para delimitar o território, mantendo outros cães afastados (ou prontos para a briga). As inflamações na região, porém, provocam o esvaziamento muito rápido.

Os cães podem correr atrás do próprio rabo exatamente por não sentirem o seu cheiro característico (que funciona como as digitais entre os humanos). Estas inflamações também podem estar em fase aguda quando os cachorros andam “sentados”, como se quisessem esfregar o ânus no solo (eles estão instintivamente tentando estimular as glândulas).

O ideal é que os cachorros passeiem diariamente, mesmo com chuva ou frio, não apenas para fazerem as suas necessidades, mas também para aprenderem a conviver com estranhos – humanos e outros cachorros. Desta forma, mesmo protegidos, não é incomum que uma pulga pegue carona na pelagem dos animais.

Isto pode ser corrigido com facilidade. Existem diversos medicamentos tópicos para expulsar os intrusos. Mesmo assim, os donos responsáveis precisam ficar atentos. Pulgas podem ser vetores de uma solitária chamada Dipylidium caninum, que consegue se movimentar com alguma facilidade no intestino e pode sair através do ânus e contaminar o ambiente, prejudicando outros animais de estimação.

A negligência, no entanto, além do sofrimento determinado pela coceira e possíveis contágios, pode ser responsável pela instalação de comportamentos compulsivos. Além de correr atrás do rabo, alguns cachorros permanecem longos momento coçando as orelhas, mordendo as patas, etc.

Recomendações

Nunca bata em um cão porque ele está correndo atrás do rabo. Como já foi visto, existem muitos motivos para o comportamento e, se a causa primária for o estresse, o castigo físico só servirá para potencializar a ansiedade e o medo.

Quando o animal exibir este comportamento, ele deve ser advertido, sem elevar a voz, mas de maneira firme e decidida. Em seguida, com o cessar da corrida, o cão deve ser agradado e recompensado com um petisco. Tudo isto, no entanto, não tem qualquer valia, se houver causas orgânicas determinantes da “caça ao rabo”.

Os cães ansiosos e medrosos podem se sentir mais confortáveis com um brinquedo que os distraia. Esta providência é acessória e não substitui os passeios, brincadeiras e até mesmo os banhos e escovações da pelagem.

Um cachorro precisa ser mantido ocupado. Estes animais desenvolvem muitas atividades em seu convívio com os humanos: guarda da casa, acompanhamento de idosos, parceria nas brincadeiras e até baby sitting. Quanto mais ativos eles se mantiverem, menos energia acumulada restará.

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