Confira o que os tutores devem ou não fazer ao adotar filhotes de cachorros.
Adotar um cachorro pode ser uma das grandes experiências da vida. É muito gratificante receber um filhote em casa e vê-lo crescer saudável, aprendendo coisas novas dia após dia. Para uma boa parceria, no entanto, existem algumas coisas que os tutores nunca devem fazer.
Viver com um filhote é sempre muito agradável, mas é preciso lembrar que ele está em pleno desenvolvimento físico e emocional. Os hábitos estabelecidos na infância influenciam durante a vida inteira e, se forem ruins, prejudicam o cachorro e atrapalham a convivência.
Ao adotar um filhote, o tutor deve ter em mente que este é um projeto de longo prazo: durante dez, 12 ou 15 anos, o peludo ficará ao lado, para o que der e vier. Os cães são fiéis, guardiães, brincalhões e muito companheiros, mas exigem alguns cuidados.
Os tutores devem estar prontos para oferecer não apenas abrigo e alimentação, mas também brincadeiras, passeios, cuidados médicos e educação adequada. Sempre é possível adaptar um cão adulto a novas regras, mas quem recebe um filhote pode fazer tudo do jeito certo desde o início.
É por isso que os tutores nunca devem fazer algumas coisas que podem prejudicar seriamente o desenvolvimento dos cãezinhos, que podem se tornar destrutivos, agressivos, desobedientes e teimosos se não receberem educação e treinamento adequados.
Os erros mais comuns com os filhotes
Muitas vezes, os erros na educação acontecem por excessos dos tutores: afinal, é quase impossível não mimar e paparicar uma bolinha de pelos ambulante, que está sempre espalhando alegria, ternura e muito charme.
Os pecados nossos de cada dia também ocorrem por negligência: nem sempre é fácil acompanhar o pique de um filhote de cachorro, sempre disposto a brincar e explorar. Na infância canina, os erros mais comuns dos tutores estão relacionados a seguir.
01. Deixar o filhote de cachorro isolado
Os cachorros evoluíram como animais gregários – isto significa que eles sempre agem em grupo. Na natureza, os lobinhos aprendem as mais diversas tarefas – caçar, escapar de perigos, fazer a sentinela, defender o grupo, etc. – observando os adultos e sendo estimulados por eles.
Em casa, o filhote de cachorro não pode ficar isolado. Mesmo que tenha sido adotado para atuar como cão de guarda, ele precisa conhecer todas as pessoas da família, além dos vizinhos, amigos, prestadores de serviços e também os desconhecidos que circulam pelas ruas.
A socialização é fundamental para o equilíbrio dos peludos. O ideal é adotar um filhote de cachorro com sete ou oito semanas de vida, quando ele já está desmamado e recebeu as primeiras doses de vacinas e vermífugos.
Enquanto o sistema imunológico está se firmando, o filhote pode começar a aprender a usar a coleira, a observar o movimento da rua e a obedecer aos tutores. Do contrário, ele pode se tornar um adulto medroso ou excessivamente agressivo, conforme o temperamento individual.
Passeios, caminhadas e explorações são atividades que precisam ser mantidas durante a vida inteira dos cachorros. Nesses momentos, eles compreendem o mundo que os cerca e também fortalecem os vínculos com os tutores. Um cachorro equilibrado não é atrevido demais, nem exageradamente tímido.
02. Não ensinar as regras da casa
Ensinar as regras da casa dá um pouco de trabalho, mas faz parte das tarefas de todos os tutores responsáveis. Afinal, trazer um ser para casa implica uma série de obrigações, que são amplamente compensadas com a amizade incondicional e o temperamento alegre dos cachorros.
Logo ao chegar à casa nova, o filhote deve ser apresentado aos membros da família e já pode começar a aprender as normas básicas: onde dormir, os ambientes onde pode circular, os lugares onde ficam a cozinha e o banheiro.
As primeiras noites de um filhote em casa podem se tornar verdadeiros testes para a paciência dos tutores. Depois de passar a vida inteira (são apenas algumas semanas, mas, de qualquer forma, é a vida inteira do peludinho) aconchegado à mãe e aos irmãos de ninhada, ser deixado sozinho pode ser amedrontador.
Muitos tutores não gostam de dormir com os cachorros, por causa do porte do animal, porque são alérgicos ou apenas porque não querem que os peludos subam nos móveis. Nestes casos, o tutor deve providenciar uma cama tranquila.
O local de dormir deve ficar, na medida do possível, longe do movimento, ser aquecido, sem correntes de vento e, para confortar o filhote, algumas almofadas substituem a presença dos irmãos e da mãe. Algumas caminhas são equipadas com laterais mais altas, em que os cãezinhos põem se aconchegar.
Mas eles chorarão um pouco quando se virem sozinhos (alguns chorarão muito!). Não há nada errado em dormir com os tutores (esta pode inclusive ser uma das regras da casa), mas é importante planejar, para não ter de eliminar hábitos inadequados já arraigados.
Um dálmata filhote de três meses, por exemplo, pesa de 6 kg a 10 kg, mas um macho adulto atinge 32 kg e mede até 61 cm de altura: é grande demais para a cama. Se for um São Bernardo ou um dogue alemão, dormir de conchinha é uma tarefa quase impossível.
Os filhotes também devem aprender os locais da cozinha e do banheiro. Em geral, os cachorros descobrem bem cedo que precisam fazer as necessidades longe do ninho e da tigela de ração, mas pode ser difícil entender o local exato do banheiro.
Na verdade, não existe um “lugar certo” para fazer as necessidades. Esta é uma convenção humana. O local pode ser o quintal, a área de serviço, um cantinho no terraço, etc. Nos primeiros dias de convivência, pode ser necessário levar o filhote até o banheiro e esperar que ele faça xixi e cocô.
Para que a espera não seja indefinida, uma dica: os filhotes de cachorro costumam fazer as necessidades de 15 a 30 minutos depois da primeira refeição do dia. É preciso incentivá-los a usar o banheiro (que pode ser apenas uma folha de papel-jornal) e elogiá-los em todos os acertos.
03. Não estabelecer uma rotina para o filhote
Os cachorros gostam de uma rotina previsível. Eles preferem acordar sempre no mesmo horário, comer, brincar, passear, fazer as tarefas do dia, etc. As alterações súbitas confundem os peludos (especialmente os filhotes).
Os exercícios físicos são importantes em todas as fases da vida, mas são fundamentais para os filhotes. Os tutores precisam se lembrar que as atividades devem estar de acordo com o porte e as condições do animal.
Alguns cães são naturalmente preguiçosos ou independentes. Nestes casos, uma rotina contribui para que eles saibam que chegou a hora de brincar com a bolinha ou passear com os tutores. Os jogos são importantes para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Além disso, os cachorros aprendem melhor quando são envolvidos em atividades lúdicas.
Uma rotina pode parecer entediante para nós: acordar, escovar os dentes, tomar café da manhã e ir para o trabalho (ou a escola) dia após dia não é muito sedutor. Para os cães, no entanto, ocorre o contrário: um cotidiano previsível reduz a ansiedade, melhora o condicionamento e facilita o aprendizado.
Os filhotes que assimilam a rotina se tornam progressivamente mais disciplinados e seguros. Os níveis de estresse e ansiedade são reduzidos e isto contribui para uma convivência mais prazerosa com os tutores.
04. Usar métodos agressivos
Chegar em casa depois de um dia estressante e ser surpreendido por um chinelo roído, uma almofada destruída ou uma bela poça de xixi no tapete da sala não é nada agradável, mas estas situações são frequentes na vida de quem decide viver com um cachorro, principalmente nas primeiras semanas.
Os tutores já devem ser armas com boas doses de paciência e tolerância antes mesmo de tomar a decisão. Filhotes de cachorros precisam ser educados e todo aprendizado se baseia no método da tentativa e erro.
Os métodos agressivos e violentos, no entanto, devem ser evitados, mesmo porque eles não são eficientes. Um cachorro que sofre agressões verbais ou físicas não aprende, apenas se torna reprimido, inseguro e medroso – lembrando que o medo e a raiva caminham sempre juntos.
O tutor precisa assumir a posição de liderança, definir as regras da casa e apresentá-las para os filhotes. A educação começa pelo ensino dos comandos básicos: “sim”, “não”, “fica”, “vem”, etc. É preciso repeti-las algumas vezes para que os cachorros consigam aprender. Durante o aprendizado, usar recompensas é a forma mais simples e eficaz de atingir os objetivos.
Nas primeiras repetições dos comandos, os filhotes devem receber petiscos a cada acerto, acompanhados por elogios e carinhos. Passados alguns dias e assimiladas as ordens, as recompensas materiais podem ser eliminadas, mas os agrados e incentivos devem continuar.
O filhote precisa aprender a confiar nos tutores. Depois que aprender os comandos básicos, podem ser ensinados truques mais complexos, como pegar a bolinha, fingir-se de morto, andar com as pernas traseiras, etc. A capacidade de aprendizado é praticamente ilimitada.
Não se deve banalizar os comandos: por exemplo, usar o “não” indiscriminadamente, para qualquer coisa errada que o filhote faça inibe o aprendizado. O aluno precisa ter uma margem de tolerância, inclusive para incluir algumas respostas individuais ao treinamento.
Em resumo, o treinamento dos cachorros, que pode se estender por toda a vida (animais velhos também são capazes de aprender), é o seguinte:
- a voz do tutor deve ser sempre segura e firme;
- os comandos precisam ser repetidos várias vezes antes que o filhote entenda o que se espera dele;
- os prêmios devem ser entregues imediatamente depois dos acertos, sempre acompanhados por elogios;
- e uma rotina de treinamentos facilita o aprendizado de truques novos.
Bater em um filhote pode torná-lo agressivo ou medroso, assim como deixá-lo de castigo, preso ou sozinho por muito tempo. O tutor agressivo, além de não atingir o objetivo do treinamento, ainda contribui para criar outro problema. Gritar também não é uma boa estratégia, especialmente considerando que a audição canina é muito mais apurada do que a nossa.
05. Adiar o treinamento
Enquanto se espera que o sistema imunológico do filhote se desenvolva, os tutores podem aproveitar para ensiná-lo a como se comportar em ambientes abertos. É possível treinar em casa o uso da guia e coleira, os comandos “fica”, “junto” e “do lado”. Para o peludo, é apenas mais uma brincadeira, mas os ensinamentos serão muito úteis quando as caminhadas diárias tiverem início.
Deixar para ensinar tudo apenas quando o filhote já pode sair e passear nas ruas, adiando o treinamento, pode causar problemas sérios. O cãozinho, ao sair de casa pela primeira vez, está ansioso e um pouco amedrontado, condições nada propícias para o aprendizado.
Vale o mesmo para impedir os saltos desnecessários e os latidos para alertar sobre a movimentação nas casas vizinhas. Uma vez que o comportamento inadequado seja identificado, ele deve ser rapidamente reprimido – com firmeza, mas sem violência.
O treinamento pode ser iniciado assim que os filhotes de cachorros abrem os olhos, nos primeiros dias de vida. Em casa, logo depois da adoção, o aprendizado pode começar mostrando o novo ambiente para o peludinho.
Da mesma forma que proceder como um tirano, castigando o cãozinho por tudo o que ele faz, adiar o treinamento é prejudicial. Um filhote precisa socializar, aprender as normas de convivência, conhecer os membros da família e interagir.
Tudo deve ser feito como brincadeira. Mesmo os cães de trabalho aprendem a farejar drogas, armas e explosivos com técnicas lúdicas. Um cachorro bem educado é mais ajustado, equilibrado e feliz. Para viver com um filho de quatro patas, não basta ser pai (ou mãe). Como dizia um anúncio comercial antigo, “é preciso participar”.