Ranger, um pastor alemão anão de três anos, sempre terá aparência de filhote.
Este cãozinho sofre de uma condição conhecida como nanismo hipofisário – em termos leigos, ele é anão. Isto não o impede, no entanto, de brincar, cuidar da casa, fazer algumas artes, nem de ser famoso nas redes sociais.
Ele brinca como um filhote, late como um filhote e tem porte de filhote, mas já é um animal adulto. O nome deste cachorro é Ranger (guarda, em inglês) e ele faz muito sucesso com caninos e humanos. Na sua página no Instagram, ele é seguido por mais de 90 mil internautas.

O começo da história
Quando Shelby Mayo, que vive em Phoenix (Arizona, EUA), adquiriu Ranger, ela acreditava que ele fosse um pouco menor do que os seus irmãos de ninhada em função de uma infecção contraída no canil, mas, com o tratamento adequado, ele desenvolveria como outro cachorro qualquer.
Algumas semanas depois de chegar à casa nova, porém, apesar do tratamento e do acompanhamento veterinário, o filhote continuava pequeno demais para um pastor alemão. Ranger foi diagnosticado com giárdia, um parasita que pode comprometer a nutrição e o desenvolvimento. Pouco depois, surgiu uma infecção externa na região do pescoço.

Nada disso, no entanto, poderia explicar o tamanho reduzido de Ranger. Depois de muitos exames e testes, os veterinários descobriram a origem real do problema: o cachorrinho é anão. O diagnóstico estabelecido foi nanismo hipofisário.
O nanismo
Nanismo hipofisário é decorrente da deficiência na produção dos hormônios do crescimento secretados pela glândula hipófise. Em decorrência, surge uma falha no potencial de crescimento normal dos cachorros.

A doença, que também atinge os humanos, pode ser provocada por traumatismos intracranianos nos fetos, que impeçam o desenvolvimento adequado da hipófise, que pode até mesmo produzir o hormônio do crescimento (GH), mas não ter condições de distribuí-lo.
A hipofunção da hipófise é uma condição rara, quase sempre hereditária, manifestando-se principalmente nos pastores alemães machos e fêmeas. Os animais afetados não apresentam disfunções até por volta dos dois meses de vida – portanto, eles não se diferenciam dos irmãos de ninhada.
A partir do terceiro mês, vai se tornando mais e mais evidente que os animais apresentam desenvolvimento físico lento. Outra característica do nanismo hipofisário é a permanência dos pelos secundários – a lanugem que protege os filhotes – e as falhas no desenvolvimento da pelagem definitiva.

O diagnóstico é obtido depois de eliminadas possíveis outras causas que estejam prejudicando o desenvolvimento físico dos filhotes. Os veterinários precisam investigar, entre outras possibilidades, o hipotireoidismo congênito (outro fator importante que compromete o crescimento), além de diabetes mellitus, disfunções hepáticas e renais.
A vida de Ranger
Alguns meses depois da obtenção do diagnóstico, quando ficou confirmado que o cachorro efetivamente sofre de nanismo, Ranger foi castrado. Então, de acordo com depoimento da tutora à agência noticiosa britânica South West News Service (que também opera nos EUA), o quadro clínico se complicou:
“Depois da esterilização, começamos a perceber grandes mudanças. Ranger perdeu o apetite, emagreceu, perdeu todo o pelo e ficou com a pele extremamente seca e escamosa.”
A família não tinha condições financeiras para arcar com os custos do tratamento. Felizmente, Ranger já contava, na época, com mais de 60 mil seguidores no Instagram – e os internautas decidiram ajudar o cachorrinho.

Graças a este auxílio, Ranger pôde fazer o tratamento necessário. Ele chegou a receber sabonetes e loções artesanais, feitos à base de leite de cabra, da Guardians Farm, uma empresa americana que estava entre os seguidores.
Ainda assim, todo o cuidado é pouco. O tratamento de Ranger é contínuo: ele precisará receber hormônios sintéticos durante a vida inteira e dependerá de cuidados intensivos com a pele e os pelos. Estudos da Universidade de Utrecht (Holanda) indicam que cães portadores do nanismo hipofisário não ultrapassam os cinco anos – e Ranger já está chegando aos quatro.
A tutora, no entanto, pretende focar em proporcionar uma vida saudável e diz que Ranger é feliz como pode. “Ele está saudável e feliz, adora pular e brincar com bichinhos barulhentos, junto com as irmãs Hazel e Jessie – da mesma ninhada, mas sem os genes do nanismo.