A história de superação da cadelinha Luna emociona e inspira. Após enfrentar dias de medo e abandono nos telhados alagados de Porto Alegre (RS), ela finalmente encontrou paz e carinho nos braços de uma nova família em São Carlos (SP). Luna passou dez dias sobre um telhado, fugindo da histórica enchente que assolou o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Sozinha, enfrentou frio, fome e o trauma da tragédia, até ser resgatada por voluntários dedicados à causa animal.
Hoje, um ano após o desastre, Luna vive cercada de amor. Sua tutora, Paola Goulart Rosa, de 53 anos, adotou a cadelinha sem raça definida (SRD) em uma feira promovida pelo Instituto Luisa Mell, na capital paulista. A transformação da cachorrinha é visível: de assustada e desconfiada, tornou-se uma companheira alegre e cheia de vida.
Durante a enchente, milhares de animais ficaram desabrigados. De acordo com o governo gaúcho, cerca de 20 mil foram acolhidos em abrigos temporários. Em agosto de 2024, uma plataforma foi lançada para incentivar a adoção desses sobreviventes.
Luna foi uma das resgatadas no início de maio, quando as águas começaram a baixar. Protetores de estados como São Paulo e Rio de Janeiro se mobilizaram para buscar animais perdidos ou abandonados. Ela chegou extremamente debilitada, com sinais claros de desnutrição e desidratação. Por quase dois meses, recebeu cuidados veterinários intensivos antes de estar apta para adoção.
No começo, Luna se mostrava assustada com tudo: chão, barulhos, água, até mesmo a chuva. Vivia no colo da nova tutora e andava com as orelhas para trás, expressando medo constante. Mas o convívio com outras duas cadelas da casa fez toda a diferença. Aos poucos, começou a imitar o comportamento das “irmãs” e ganhou mais confiança.
“Hoje ela corre, brinca, abana o rabinho e mostra a barriguinha o tempo todo. Quando chegamos em casa, ela pega um brinquedo ou até uma meia para demonstrar alegria. É uma cachorrinha encantadora”, contou Paola, emocionada.
Luna ainda apresenta certo receio com água e chuva, mas a convivência e a rotina ajudaram bastante. Agora, ela dorme de barriga para cima, sinal claro de confiança e segurança.
A veterinária Giovana Bermudez Basaglia, de 27 anos, explica que lidar com animais traumatizados exige muita paciência e afeto. “Se já é difícil lidar com humanos que sofreram traumas, imagine para um animal que não entende o que aconteceu. A confiança vem com o tempo, e o carinho faz toda a diferença.”
Para casos como o de Luna, a veterinária recomenda o uso de terapias naturais e técnicas de adaptação gradual. Banhos, por exemplo, ainda são um desafio. O primeiro banho da cadelinha foi tenso — ela ficou encolhida e assustada. Hoje, embora ainda desconfortável, ela tolera melhor a experiência, especialmente em dias quentes e com água morna. O secador, no entanto, ainda é um inimigo.
A veterinária orienta que, para cães medrosos, o ideal é começar com banho usando toalha úmida, sempre associando a momentos positivos — como brinquedos e petiscos. A experiência do próprio cãozinho de Giovana, Cauê, que foi adotado aos oito anos com medo de chuva, mostra que a adaptação é possível, mesmo que gradual.
Informações baseadas no conteúdo publicado pelo G1 em 8 de maio de 2025: Cachorra que ficou 10 dias em telhado após enchente no RS se adapta em novo lar em São Carlos.
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