Todos os cachorros passam anos dando mostras indiscutíveis de lealdade, amizade e devoção aos tutores. Mesmo assim, muitos deles, quando envelhecem, são descartados como trastes inúteis. Foi o que aconteceu com esta peluda russa, que quase atropelou uma antiga vizinha quando a reconheceu.
Lunya – a palavra significa “irmã” em diversas línguas eslavas – passou maus bocados quando se tornou uma cachorra sênior. Ela é da raça alabai (pastor da Ásia Central), uma das maiores raças caninas. As fêmeas atingem 65 cm de altura na cernelha.
Não se sabe quase nada sobre os primeiros anos de vida de Lunya, exceto que ela viveu nos arredores de Moscou (capital da Rússia). A cachorra foi abandonada quando envelheceu e ficou perambulando pelas ruas, sem conseguir aconteceu a guinada de 180 graus em sua vida.
Certo dia, uma antiga vizinha pareceu ter reconhecido a cachorra. Foi difícil, porque o animal estava coberto de sujeira, infestado por pulgas e carrapatos. Lunya estava muito magra, com fome e fria.
A cachorra estava quase sem pelos, mas a vizinha conseguiu identificá-la por causa da cabeça preta contrastando com o tronco branco e malhado. Os alabais apresentam pelagem longa e podem ter diferentes cores, do branco ao preto, passando pelo creme, fulvo, marrom e cinza.
Mas a cabeça toda preta convenceu a mulher de que ela estava frente a frente com um animal conhecido, que viveu na mesma quadra, sempre atento e vigilante. Era difícil imaginar o que poderia ter acontecido.
Lunya também reconheceu a vizinha e parece ter ficado aliviada ao encontrar uma fisionomia que a fazia lembrar dos bons tempos, em que tinha uma casa e uma família. Mesmo enfraquecida, a cachorra correu na direção da mulher e quase a atropelou: um alabai, mesmo esquálido, é um cão bastante pesado.
A mulher não sabia o que fazer: ela já tinha dois cachorros em casa – e não é qualquer lugar que serve de moradia para um pastor da Ásia Central. Além do porte, estes cães são territorialistas e dominantes, já que foram desenvolvidos para proteger os rebanhos de ataques de feras, como ursos e lobos.
A vizinha resolveu entrar em contato com um serviço de resgate, o Alabai Help. Uma equipe prontamente atendeu ao chamado, enquanto a mulher tentava controlar Lunya, que já estava muito feliz da vida por ter encontrado um rosto amigo.
O Alabai Help não conta com abrigo para acolher os animais resgatados: a entidade depende de voluntários que se disponham a receber os cães e gatos em casa, enquanto é providenciado o tratamento e eventual adoção posterior.
Lunya teve sorte: um dos resgatadores se prontificou a levar Lunya para casa. A cachorra primeiramente foi levada a um consultório veterinário, que também presta serviços gratuitos aos animais abandonados nas ruas.
A pastora estava com sérios problemas. Ela tinha sarna demodécica, um tipo de infecção na pele não contagiosa – ela é transmitida no parto e na amamentação, mas só se manifesta quando o cachorro tem o sistema imunológico comprometido, seja por maus tratos, seja por outras doenças.
A pela de Lunya estava cheia de feridas, também decorrentes das infestações de pulgas e carrapatos. A sarna tinha atingido o tronco e as patas – a pelagem se resumia aos pelos pretos da cabeça e a algumas manchas nas laterais.
Lunya estava pesando apenas 38 kg – considerando o porte, os veterinários definiram que o peso ideal deveria ficar acima de 50 kg. Havia muito trabalho a ser feito para recuperar a cachorra, mas a equipe do Alabai Help garantiu todo o tratamento e a atenção que a cachorra idosa merecia.
Em alguns meses, Lunya recuperou a beleza e a saúde. A equipe do Alabai Help encontrou uma nova família para a cachorra, que continuou recebendo visitas da antiga vizinha, até que os encaminhamentos para a adoção foram concretizados.
Abandonar cães e gatos, além de ser uma crueldade imensa, é também um crime no Brasil. Tutores irresponsáveis alegam uma série de motivos para descartar os animais, mas nenhum deles é justificável.
A maior parte dos cachorros (quase metade) é abandonada em função de problemas comportamentais. Depois de um período de convivência, os tutores se cansam da agressividade, da dificuldade em aprender comandos simples e do comportamento destrutivo.
Outras justificativas são apresentadas: falta de espaço para manter o cachorro, mudanças na rotina familiar (novo emprego, chegada de bebês, morte do tutor) e, por fim, divergências entre as expectativas no momento da adoção e a realidade da convivência diária com um peludo (despesas inesperadas, barulho, bagunça, etc.).
A legislação brasileira considera os maus tratos contra animais (inclusive o abandono como crime). A lei nº 14.064/20 estabelece penas de reclusão entre dois e cinco anos para os praticantes, além de multas.
Ao encontrar um cachorro abandonado, o ideal é acionar um serviço de resgate. Alguns municípios brasileiros dispõem de canis e abrigos, além de equipes para recolher cães e gatos que vivem nas ruas. Diversas ONGs também fazem este serviço.
Qualquer pessoa pode também fotografar os animais e postar a situação nas redes sociais, com uma descrição dos cães e gatos e do local em que foram identificados. É igualmente possível oferecer água e alimento para os pets sem teto.
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