A vida dos cachorros nem sempre é fácil. Muitas vezes, estes anjos de quatro patas são tratados como objetos que, quando se tornam inúteis, são descartados no lixo. Foi aconteceu com esta cachorrinha, mas tudo indica que ela nunca perdeu a esperança e, quando finalmente encontrou uma nova família, não se cansa de esbanjar alegria, o que é facilmente notado com o belo sorriso no rosto.
Histórias de abandono, resgate, reabilitação e adoção são sempre emocionantes. Esta cachorra mexicana viveu maus momentos: ela foi expulsa de casa e teve de enfrentar um período difícil nas ruas de Tijuana, uma cidade no extremo noroeste do país, na fronteira com os EUA (o município faz divisa com San Diego, na Califórnia).
A cachorrinha sem raça definida foi abandonada no outono do hemisfério norte, justamente o período em que os dias ficam mais curtos e cada vez mais frios. Tijuana está na rota do tráfico de drogas ilegais da América do Norte e, apesar da beleza e cultura, é uma região muito violenta.
Não se sabe quanto tempo a cachorra permaneceu sem abrigo, alimentando-se nas lixeiras e tentando sobreviver entre a ameaça de outros cães de rua e o movimento intenso da cidade. Então, surgiram os voluntários da Fundação At-Choo. Mais tarde, a peluda foi entregue aos cuidados do Dogs Left Behind (NDLB), uma organização americana sem fins lucrativos. Em tradução livre, o nome da entidade é: “Nenhum cachorro será deixado para trás”.
A Fundação At-Choo é sediada em Lago Toluca, Los Angeles, na Califórnia. A entidade promove um trabalho sério de resgate e reabilitação de cães abandonados. Atualmente, em parceria com algumas ONGs mexicanas, os voluntários estão envolvidos em uma campanha para reduzir os casos de doenças transmitidas por carrapatos, que são endêmicas na região da fronteira.
Em setembro, a At-Choo resgatou 24 cachorros das ruas de San Diego e de Tijuana. Todos exibiam sinais de infestações por carrapatos, como alergias e dermatites. Um dos animais resgatados chamou a atenção da equipe por ser muito dócil e estar sempre com um sorriso no rosto. Por isso, ela foi batizada como Smile (“sorriso”, em português).
A situação de Smile felizmente não era tão grave. Apesar de estar coberta por pulgas e carrapatos, os exames veterinários não indicaram as doenças transmitidas pelas picadas desses insetos, como babebiose, doença de Lyme e erliquiose.
A situação no oeste dos EUA é americano é considerada extremamente grave: casos de febre zyka, febre do Nilo e doença de Lyme (que têm também os mosquitos como vetores) triplicaram entre 2004 e 2020, atingindo 640 mil ocorrências nesse período.
Smile estava pronta para a reabilitação e nunca deixou de transparecer a esperança em dias melhores. Depois dos exames médicos iniciais, ela foi levada por funcionários da NDLB: a cachorrinha precisava ganhar peso, superar a desnutrição e, claro, cuidar da higiene, para ampliar as chances de ser adotada.
Para a transferência, Smile contou com o apoio da Mutt-Mutt Engine, uma entidade especializada no transporte de cães. A Mutt-Mutt acolhe cães e gatos abandonados nos EUA (de costa a costa) e os encaminha para serviços de adoção mais bem equipados.
Sediada em Brooklyn Center, uma pequena cidade de Minnesota (norte dos EUA), a NDLB atua em diversos estados americanos. Atualmente, a entidade mantém mais de cem cães disponíveis para adoção imediata, além dos “novatos” que estão sendo esterilizados e recebendo vacinas, vermífugos e reforço alimentar e nutricional.
Mesmo sem sinais de infecções, Smile foi posta em quarentena na NDLB: durante duas semanas, ela não teve autorização para interagir com os demais cães do abrigo. O isolamento, no entanto, não impediu que a cachorrinha continuasse esbanjando sorrisos: bastava que um voluntário se aproximasse para que ela mostrasse todos os dentes, em uma recepção que fez toda a equipe se apaixonar.
Quando a cachorra estava pronta para figurar entre os cães adotáveis da NDLB – a instituição possui um site em que descreve em detalhes todos os animais que já estão em condições de serem recebidos por novas famílias –, uma das coordenadoras da ONG não pôde resistir.
Stephanie Beasley, gerente de operações da NDLB percebeu que, a cada sorriso, Smile demonstrava que já estava pronta para uma nova família: não fazia sentido mantê-la no abrigo. Assim, a cachorra obteve um lar provisório: a própria casa da gerente.
Ao The Dodo, site especializado em histórias de pets, Beasley admitiu: “Fui até o canil, ela se sentou e sorriu para mim. Neste exato momento, ela conquistou o meu coração. Agora, no momento em que eu abro os olhos a cada manhã, ela já está olhando para mim e, claro, sorrindo”.
A vida de Smile teve uma guinada de 180°. Depois de um período tumultuado em Tijuana, seguido pelo resgate e traslado até Brooklyn Center, passando por uma internação em Los Angeles, a cachorrinha finalmente vive em um lar feliz, com uma tutora dedicada, amorosa e responsável.
Todos os cães merecem acolhida. Smile ainda espera um lar definitivo, mas certamente está em condições muito melhores – ela nem sequer se lembra dos apuros por que passou. Já existem vários candidatos a adotar a cachorrinha, que certamente terá um ano novo muito feliz.
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