Os cachorros são divertidos, brincalhões e muito curiosos. Eles estão sempre investigando as novidades, “metendo o nariz onde não devem” e muitas vezes acabam entrando em confusões. Eles podem ficar engasgados engolindo pedaços de brinquedos ou até mesmo petiscos grandes demais.
Em se tratando dos nossos melhores amigos, o olho quase sempre é maior do que a boca. Os tutores precisam ficar atentos com brinquedos que podem ser facilmente desmontados, liberando peças pequenas, e também com petiscos e ossos.
Os cachorros mastigam pouco os alimentos. Os dentes molares (que, nos humanos contemporâneos, servem exatamente para “moer” a comida) são usados no ataque e defesa. Na maioria dos cães, o focinho é comprido e proeminente: todos os dentes se projetam para a mordida.
Na hora de comer, no entanto, os peludos continuam sendo muito vorazes. Afinal, na mente canina, é preciso devorar tudo com rapidez, “antes que um aventureiro lance mão”. Nessas condições, eles podem ficar engasgados. É preciso saber o que fazer e agir rapidamente.
Em geral, depois que se tornam adultos, os engasgos não são frequentes nos cachorros. Os filhotes tendem a experimentar tudo à sua volta com a boca e podem acabar engolindo alguma coisa difícil de passar pela faringe.
Os adultos e idosos são mais previdentes, mas mesmo eles podem se ver em apuros. O primeiro cuidado dos tutores é não oferecer objetos que possam ser desmontados com facilidade – na pressa em destruir os “inimigos”, os cachorros podem acabar engolindo alguma coisa que fique entalada na garganta.
Os ossos também são contraindicados. O esqueleto das aves é leve e quase todos os ossos são ocos, justamente para permitir os voos (mesmo que seja um “voo de galinha”. Por isso, eles se quebram com facilidade, muitas vezes formando pontas vivas e agudas que podem machucar a faringe e o esôfago.
Ossos de boi ou porco não devem ser oferecidos por outras razões: eles podem estar infectados com micro-organismos nocivos. Mesmo assim, alguns são pontiagudos e podem causar riscos desnecessários. A fervura elimina a maior parte dos germes, mas, por outro lado, torna os ossos frágeis e quebradiços.
É uma característica relativamente comum, mas não deve ser estimulada, porque é um dos motivos mais frequentes dos engasgos. Quase sempre, a voracidade é causada por longos períodos de jejum e, neste caso, ela pode ser evitada com a oferta de porções menores de alimento, servidas mais vezes durante o dia.
Comer muito rápido e em grandes quantidades facilita a ocorrência de engasgos. Com o hábito, os cachorros também ingerem quantidades grandes de ar, que causam desconforto gástrico e, na melhor das hipóteses, ao serem eliminadas (na forma de arrotos e flatos), podem impregnar o ambiente com mau cheiro.
O desconforto pode ser tão intenso que o cachorro passa a evitar a comida, tornando-se apático, desinteressado e perdendo peso. Os cães também podem aspirar parte do alimento pelas vias aéreas (laringe e traqueia). Isto dificulta a respiração (até o limite de uma obstrução total, principalmente nos pequenos) e facilita a ocorrência de infecções, como gripes, resfriados e pneumonias.
Em outros casos, especialmente entre os animais de grande porte e gigante, é possível inclusive a ocorrência de uma torção gástrica – outra emergência veterinária. Também chamada de obstrução do vólvulo gástrico, a torção é uma dilatação excessiva do estômago provocada pela presença de gases e alimentos em excesso.
A avidez durante as refeições é amenizada com o adestramento. O tutor não deve oferecer o alimento enquanto o cachorro se mostrar excitado e ansioso. Basta ignorá-lo nesses momentos mais febris e, em poucos dias, eles entenderão que “não devem ir com muita sede ao pote”.
O fracionamento das porções diárias de ração também reduz a voracidade. Se o cachorro come duas vezes por dia, os tutores podem oferecer a mesma quantia, mas em três ou quatro refeições ao longo do dia.
A ração não deve ser oferecida imediatamente depois de um grande esforço físico, como uma brincadeira ou uma corrida mais intensa. Nessas condições, os cães precisam receber água, hidratar-se, descansar e só depois ganhar o alimento. Depois das refeições, é preciso respeitar um intervalo para o início adequado da digestão.
O engasgo acontece geralmente quando o alimento vai parar no lugar errado, mas também pode ocorrer quando um volume grande demais fica entalado na faringe: o canal que liga a boca ao esôfago.
Ele é resultante da voracidade, que também é comum entre animais que se alimentam apenas uma vez por dia e entre os famintos, que literalmente se atiram à tigela de ração, a primeira que veem em dias.
A condição também tem outras causas. Ela pode ser provocada por estenoses (estreitamentos) nos órgãos digestórios superiores, às vezes relacionados a tumores benignos ou malignos no esôfago ou na faringe.
Outro problema que precisa ser diagnosticado e tratado com rapidez é o chamado colapso de traqueia. O órgão, entre a laringe e os brônquios, pode sofrer um estreitamento gradual, tendo o seu calibre reduzido.
A doença é causada pela degeneração das cartilagens que sustentam a traqueia. Isto provoca fraqueza estrutural e perda da eficiência respiratória. Os cães afetados apresentam a tosse persistente como sintoma principal, o que faz muitos tutores confundirem com gripes ou mesmo um engasgo comum.
No colapso de traqueia, a tosse curta, seca e alta, que lembra um grasnar de ganso, é muito frequente. Os cães afetados também podem apresentar dificuldade para respirar, cianose e “chiados no peito”.
O problema é mais comum entre os cães pequenos, especialmente os braquicefálicos (de focinho achatado, como o pug e o shih tzu). Ao notar a tosse seca, o tutor precisa levar o animal ao médico. O tratamento depende da gravidade: alguns casos são resolvidos com xaropes e broncodilatadores, enquanto os mais graves demandam uma cirurgia.
A pressão da coleira também pode causar engasgos. Os tutores devem escolher modelos sem folgas e adequados para o porte e o temperamento dos cachorros e lembrar-se de substituí-las à medida que os peludos crescem.
Quando os engasgos se tornam frequentes, é necessário investigar as causas. Diversas doenças são capazes de provocar a dificuldade de ingestão, deglutição e até mesmo de respiração. É importante consultar um veterinário com rapidez.
O cachorro engasgado, em algumas ocasiões, apresenta sinais muito sutis. Ele pode balançar a cabeça repetidamente, bater as patas na boca, choramingar e tentar vomitar. Quando o objeto responsável pelo engasgo é muito pequeno, o peludo leva algum tempo para manifestar os sintomas.
Em geral, os cachorros engasgados ou com algum incômodo leve se mostram apáticos, sem disposição para brincadeiras e explorações. Eles podem recusar o alimento e apresentar tosse discreta. Alguns não conseguem fazer as necessidades fisiológicas normalmente.
Assim como acontece com os humanos, os engasgos normalmente são resolvidos sozinhos. Depois de alguns segundos de desconforto, os cães conseguem finalmente empurrar o objeto que estava causando o problema.
O maior perigo está nas obstruções mais graves, que requerem atendimento médico de emergência. Se a dificuldade para respirar se mostrar muito grave, é preciso correr com o peludo para o consultório. Alguns animais podem apresentar desmaios e palpitações.
Além da obstrução, alguns brinquedos e ossos podem perfurar órgãos internos, causando lesões mais ou menos graves. A pneumonia aspirativa é outra anomalia igualmente possível.
Lembre-se: os sinais de que o cachorro está engasgado revelam a gravidade da situação. Eles ajudam a decidir se é possível corrigir o problema em casa ou se é necessária uma intervenção médica. São eles:
Ao observar um cachorro engasgado, o tutor pode tentar retirar manualmente o objeto que está provocando a obstrução. É preciso inspecionar a cavidade oral, para localizar o motivo do engasgo, que pode estar entalado na laringe ou na faringe.
Uma vez identificado, enquanto alguém da família segura o cachorro (ou pelo menos a cabeça), outra pessoa ilumina a área e pode tentar retirar o objeto. Em alguns casos, é preciso usar uma pinça, o que demanda algum tipo de treino.
Os riscos são evidentes, caso o motivo do engasgo seja um objeto muito grande. Na tentativa de removê-lo, o tutor pode empurrá-lo ainda mais para dentro. Há também o perigo de lesionar a mucosa bucal, os dentes, etc.
Um movimento mais simples pode ser tentado em casos leves. Ele consiste em levantar os membros traseiros do cachorro. Na posição ideal, o cachorro deve apoiar o tronco nos membros dianteiros. A própria força da gravidade auxiliará a deslocar o objeto que está causando o engasgo.
A manobra de Heimlich é outro procedimento que requer alguma prática. O tutor deve pegar o cachorro por trás, encostando o dorso do animal no próprio peito. Com o animal abraçado (e, na medida do possível, imobilizado), deve-se manter as mãos logo abaixo das costelas, fazendo força para cima; alternadamente, deve-se pressionar o abdômen.
A intensidade das manobras varia de acordo com o porte do cachorro. As duas técnicas, que são ensinadas em treinamentos de primeiros-socorros para cães, podem ser bem-sucedidas. Mesmo assim, é importante levar o cachorro ao veterinário, para que seja avaliada a condição geral do pet.
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