No inverno, com as temperaturas mais baixas e com a queda da umidade relativa do ar na maior parte do território brasileiro, os cães necessitam de alguns cuidados. Os riscos de contrair gripes e resfriados aumentam e, apesar de serem infecções corriqueiras, podem evoluir para quadros mais graves, como bronquiolite ou pneumonia.
Com os filhotes, os cuidados no inverno precisam ser redobrados. Os cãezinhos possuem pouca reserva de gordura e ainda não desenvolveram completamente o sistema imunológico. Desta forma, eles ficam mais expostos a infecções. Os pets que ainda estão em fase de amamentação podem sofrer hipotermia se estiverem desagasalhados. Filhotes recém-chegados a casa podem ser aquecidos com almofadas ou bichinhos de pelúcia quando estiverem no berço.
Os cuidados principais são:
• não expor os cães ao frio nem às correntes de vento;
• passear nas horas mais quentes do dia, evitando, no entanto, o intervalo entre 10h e 16h;
• providenciar agasalhos para os pets.
Cães que dormem em quintais precisam ter as suas casinhas com a entrada voltada contra as correntes de vento. Uma boa dica é colocá-las de frente para uma parede ou muro, tomando cuidado para não limitar a circulação dos pets. Esqueça as casas sem piso: elas são desconfortáveis e facilitam as infecções.
As caminhas de quintal devem ser instaladas sobre tablados, para que o frio do solo não prejudique a saúde e o bem-estar dos pets. Colchonetes e almofadas podem ser instalados para aumentar o conforto. Lembre-se apenas de que a higienização precisa ser mais frequente, porque, no inverno, os cães permanecem mais tempo “entocados”.
Os passeios diários não devem ser cancelados: os cães precisam se exercitar e socializar com outros humanos e pets. O horário indicado acima garante que os animais não fiquem excessivamente expostos aos raios ultravioleta, atenção que deve ser observada especialmente com os cães de pelo curto ou claro.
Nos dias muito frios, evite o início da manhã e qualquer horário depois que o sol se põe. Nos dias chuvosos (são raros no inverno da região Sudeste, mas podem ocorrer), não se esqueça de enxugar os cães depois do passeio. Nunca permita que eles fiquem molhados.
Caso seja absolutamente impossível sair com o cão para o passeio diário, prepare-se para exercitá-lo em casa mesmo. Quem mora em casa térrea pode aproveitar os recursos do quintal, mas quem vive em apartamento precisa improvisar uma “pista de obstáculos”. Só não é possível deixar de exercitá-los, atividade fundamental para a saúde dos pets.
Nos dias frios, a nossa tendência é ficarmos quietos, dentro de casa, com uma manta sobre as pernas, para garantir o conforto térmico. A maioria dos cães não reage assim: eles ficam afoitos, ansiosos e, sempre que for possível, tentarão cavar a terra, para obter um refúgio mais confortável.
Por outro lado, o frio intenso pode levar alguns pets a reduzir os movimentos, mesmo que estejam saudáveis. É uma forma que alguns organismos encontram para preservar as reservas energéticas. Fique atento a estes sinais e proteja o seu cachorro (se ele for de pequeno porte, leve-o para dentro de casa, mesmo que ele esteja acostumado a ficar no quintal).
Doenças oculares e osteoarticulares também são mais comuns no inverno. Bactérias, fungos e vírus podem gerar problemas respiratórios, com sintomas evidentes: tosse, espirros, secreção nasal, febre, falta de apetite, etc. Entre as doenças oftalmológicas, a conjuntivite é a afecção mais frequente no inverno. As irritações dermatológicas também são mais frequentes no inverno.
A traqueobronquite, mais conhecida como tosse dos canis, é uma doença muito comum, especialmente entre cães que convivem com outros. Trata-se de uma doença séria, que pode trazer complicações mais ou menos graves. Felizmente, a tosse dos canis pode ser evitada com a vacina específica.
A conjuntivite afeta muitos cães no inverno. Ela é caracterizada pela secreção abundante e pelo excesso de remelas esbranquiçadas, brancas ou amareladas. Os cães podem apresentar fotofobia (hipersensibilidade à luz, seja natural, seja artificial).
Uma vez que a conjuntivite pode ser provocada por vírus ou bactérias e apenas com exames laboratoriais é possível detectar a origem. Felizmente, o tratamento mais indicado são as compressas com água boricada ou soro fisiológico (três vezes ao dia).
É importante evitar o contato com outros pets, uma vez que a conjuntivite é contagiosa, e, em casos graves, usar um colar elisabetano, para impedir que os pets cocem os olhos e, desta forma, prejudiquem o tratamento. Caso a enfermidade se torne frequente (mais de duas vezes na estação), é necessário submeter o pet à avaliação do veterinário, para que o mal não se torne crônico.
As doenças ósseas e articulares podem ser identificadas quando o cachorro manca, apresenta dificuldades para andar ou demora em se levantar da cama. Nas casas em que isto é permitido, o ato de subir e descer de sofás também fica prejudicado.
Estes males são mais comumente identificados em cães idosos (a partir dos oito anos de idade), mas pets mais jovens também podem sofrer, por exemplo, com a osteoartrite ou a doença articular degenerativa (DAD). Nestes casos, as dores são muito mais severas e requerem atenção médica.
A osteoartrite primária se manifesta frequentemente e parece afetar especialmente as seguintes raças: teckel (dachshund), basset hound, chow-chow, dálmata e retriever do labrador. Na maioria dos casos, a ocorrência é bilateral, principalmente nas pernas traseiras.
A doença secundária geralmente é derivada de fraturas ou luxações, displasia coxofemoral, necrose da cabeça do fêmur e rompimento do ligamento cruzado. Seja como for, as afecções nos ossos e articulações é sempre mais dolorosa. O veterinário precisa acompanhar todos estes casos.
Evite os banhos nos dias muito frios e aumente os intervalos entre os banhos (se o cão toma banho a cada duas semanas, você pode passar a lavá-lo a cada 20 ou 30 dias). Esta providência impede que seja retirada a oleosidade da pele, uma proteção natural dos pets.
Caso o pet tenha se sujado demais (o que não é difícil, pensando nas artes dos nossos companheiros), dê um banho morno rápido e seque-o com toalhas felpudas ou secador de cabelos em temperatura baixa (apenas se ele estiver acostumado). Orelhas e patas merecem atenção especial na hora da secagem.
Evite banhos quentes e qualquer outra fonte de calor, especialmente para os cachorros acostumados a se secarem ao relento. As oscilações e os choques térmicos podem ser mais prejudiciais do que a própria exposição constante ao frio intenso.
A tosa deve se restringir ao mínimo necessário para evitar formações de nós e, nos meses frios, esqueça o look “carequinha”: deixe os pelos mais compridos, para melhorar o conforto térmico. Se for possível, deixe para tosar os cães quando chegar a primavera. Lembre-se: a pelagem é a proteção natural dos pets.
Da mesma forma que os humanos, os cães precisam de mais alimento durante o inverno. A regra geral é fornecer 20% a mais de ração (um quinto da quantidade servida). Os filhotes podem precisar de 30% a mais do que eles exigiriam no verão.
Seja como for, você conhece os hábitos do seu pet e sabe quanto eles precisam de alimento a cada refeição. Fique atento aos sinais e será fácil encontrar a porção ideal diária. A exceção fica por conta dos cães obesos e com sobrepeso. Nestes casos, a alimentação não deve ser reforçada, a menos que o veterinário indique esta necessidade.
Alguns cães naturalmente reduzirão o volume de água ingerido, mas isto não faz bem para a saúde. Os dias secos do inverno requerem hidratação adequada. Mantenha a oferta de água e troque-a regularmente, como você já faz todos os dias. Associe a ingestão de água com alguma coisa prazerosa (uma brincadeira ou um petisco), para estimular o pet a beber.
Na maioria dos casos, as roupinhas não são necessárias. Vale o mesmo para cobertores e edredons nas caminhas. Os cães possuem defesas naturais contra o frio: a camada adiposa e, claro, a pelagem. Muitos tutores, no entanto, ficam encantados com os looks para cães apresentados nas pet shops.
Não é necessário renunciar a este pequeno prazer. Cães e cadelas podem ser enfeitados à vontade. O único cuidado é garantir que as peças de vestuário não inibam os movimentos dos pets. Desta forma, tutores e cães ficam felizes. Muitos cães, contudo, sentem-se muito pouco à vontade com roupas e adereços e, assim, é necessário respeitar o temperamento de cada um.
Se o cão estiver acostumado, use botinhas nas patas, especialmente fora de casa, para evitar o contato com o chão gelado. Um cuidado importante é checar diariamente as almofadas das patas, que não podem apresentar rachaduras nem sangramentos (sinais de que a pele está muito ressecada).
Uma atenção especial deve ser dada à higienização de roupinhas e dos edredons, cobertores e almofadas. No inverno, a proliferação de fungos costuma ser maior, aumentando a chance de infecções. Marcas de bolor ou mofo devem ser evitadas a todo custo.
Uma exceção: da mesma maneira que os humanos, alguns cães são naturalmente friorentos desde filhotes. Na maioria dos casos, isto não significa nenhum problema. Quase sempre, estes cães que adoram cobertas apenas apresentam metabolismo mais lento, o que não requer nenhum cuidado especial, além de mantê-los sempre aquecidos.
Tome bastante cuidado ao vestir os cães mais peludos, seja qual for o porte deles. A permanência por mais tempo com as roupas contribui para a formação de nós na pelagem. Por isto, antes de vesti-los, é necessário escovar a pelagem, um cuidado a mais com estes pets.
Outra precaução: alguns cães são alérgicos à lã ou aos tecidos sintéticos (algodão e soft costumam causar menos irritações). Provavelmente, você já conhece os seus pets e sabe da existência (ou não) de alergias. Mesmo assim, fique atento ao surgimento de manchas avermelhadas ou coceiras muito frequentes.
Algumas raças estão especialmente adaptadas ao frio. É o caso dos huskies siberianos, samoiedas, malamutes do Alasca (que se desenvolveram sob as gélidas temperaturas do Círculo Polar Ártico) e os são-bernardos, pastores australianos, berneses (boiadeiros de Berna) e cães dos Pireneus, que originalmente eram montanheses.
Poodles, terras novas, retrievers do labrador e golden retrievers, por suas atividades aquáticas, também sofrem menos com os rigores do inverno. Imagine o que seja mergulhar nas águas da península do Labrador, no Canadá, 53 graus ao norte da linha do Equador.
Estas raças tiram de letra o inverno brasileiro. Por outro lado, é difícil que uma residência, mesmo nas serras gaúcha e catarinense, ofereça as condições encontradas na Sibéria, no Alasca ou nos Alpes. O inverno no Brasil é ameno e curto, por isto, não temos instalações de aquecimento.
Por isto, tome cuidado também com estes cães, que também merecem atenção especial nos dias mais frios. Providencie para que eles se sintam agasalhados e confortáveis. Com exceção do são-bernardo, todas as raças citadas são muito ativas e precisam continuar se exercitando, mesmo nos dias em que nós sentimos muito, muito frio.
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