Escolher um cão de guarda não é uma tarefa fácil, porque, além de ser necessário selecionar um animal que saiba manter os invasores afastados, é preciso não esquecer que o animal também irá interagir com os membros da família. Duas raças caninas de origem alemã se destacam na guarda e defesa: o rottweiler e o doberman. Qual é a melhor opção como cão de guarda?
Apesar de todos os cachorros serem guardiães naturais – todos eles sabem que proteger a matilha é a melhor maneira de autodefesa – a escolha por um cão de guarda sempre recai sobre os animais de porte médio ou grande.
Devem ser igualmente consideradas características como territorialidade, agressividade e reserva em relação a pessoas estranhas, ao lado do equilíbrio emocional, obediência e cordialidade não apenas com a família, mas também com visitas e prestadores de serviços - afinal, ninguém quer conviver com um animal violento dentro da própria casa.
A história do doberman é bem recente. Na segunda metade do século 19, um cobrador de impostos da Turíngia, na região central da Alemanha, desenvolveu a raça com um objetivo específico: precaver-se dos assaltos nas muitas viagens que fazia para a coleta, por estradas quase sempre desertas.
Karl Dobermann, o coletor de impostos, cruzou a sua cadela, uma pastora da Turíngia (ancestral do pastor alemão contemporâneo) com alguns animais mais ferozes – entre eles, o rottweiler, o pinscher alemão e o weimaraner.
De acordo com os registros, o criador conseguiu finalmente desenvolver uma raça equilibrada, incansável, extremamente resistente e muito desconfiada em relação a pessoas estranhas. o coletor morreu em 1894, quatro anos antes do reconhecimento do dobermann pinscher.
O doberman, desde o surgimento da raça, tem sido empregado basicamente como cão de guarda, atuando também em tarefas policiais e militares, de busca e resgate e, mais recentemente, como cão terapeuta (no suporte emocional a diversos tratamentos, tanto em hospitais quanto em ambulatórios).
Por outro lado, nem o doberman nem o rottweiler são indicados para tutores inexperientes. O treinamento para a guarda exige pulso firme e autoridade, e naturalmente não deve envolver castigos físicos ou verbais – nem mesmo gritos devem ser empregados no adestramento.
Deixados por conta própria, os cães das duas raças podem se tornar teimosos, desobedientes e agressivos inclusive com membros da própria família. sem receber a educação adequada, o doberman e o rottweiler podem ser um perigo para os tutores, outros pets da casa, vizinhos e visitantes.
O doberman faz parte do grupo dos pinschers, cães conhecidos pela lealdade, tenacidade e excelente capacidade física. Independentemente do porte, os pinschers são cães de trabalho (mesmo miniatura): são guardiães e extremamente atentos a tudo que ocorre ao seu redor.
Os cães da raça são excelentes candidatos ao adestramento. Inteligentes, conseguem aprender rapidamente, desde que tenham um relacionamento adequado com o treinador. O doberman é um aluno excelente em treinos de corrida e agility.
Em função do temperamento aliado às características físicas, o doberman é largamente empregado em atividades policiais, de resgate, localização de drogas, armas, contrabando, etc. Mais recentemente, ele tem sido empregado também como cão-guia e de suporte emocional, revelando traços inéditos da personalidade, tida anteriormente como agressiva e reservada.
Os pontos contrários do doberman são semelhantes aos favoráveis. Por ser um cachorro muito atlético e cheio de energia, ele é talhado para viver com pessoas que apreciam as atividades físicas e ao ar livre. E, como os cães da raça são totalmente fiéis aos tutores, eles podem causar danos a pessoas estranhas, se não receberem a socialização necessária desde filhotes.
O tutor precisa ser enérgico, porque a tenacidade do doberman facilmente se torna em teimosia: sem pulso firme, ele pode decidir fazer o que bem quiser – e isto pode causar problemas, inclusive causando acidentes domésticos.
Mantido isolado, o doberman se torna um animal independente e desconfiado de tudo e de todos. Se ele não é ensinado a confiar em algumas pessoas, facilmente passará a encarar a todos como adversários a serem batidos.
Os dobermans devem ser mantidos em ambientes reservados, com acesso apenas da família e de pessoas conhecidas. Em algumas cidades brasileiras, é preciso conduzi-los, nas vias públicas, com guia curta e focinheira. A interação com estranhos deve ocorrer sempre com a supervisão do tutor.
Os ancestrais do rottweiler foram introduzidos no sul da Alemanha (na região de Rottweil) no século 4º, por soldados do Império Romano do ocidente. Inicialmente, estes cães eram usados na guerra, mas, na floresta Negra, eles gradualmente se adaptaram ao manejo de gado bovino. Séculos depois, eles passaram a ser usados como animais de tração, entregando leite e carne – no século 18, eles eram chamados de "cães de açougueiros".
Por transitar pelas estradas e ruas de fazendas, aldeias e cidades, o rottweiler gradativamente se tornou mais sociável e equilibrado no meio de multidões. Esta é uma diferença importante na escolha, em relação ao doberman.
O rottweiler foi desenvolvido para atuar em todas as tarefas de fazenda: manejo do gado, tração de carroças, pastoreio e guarda de patrimônio.
Apesar da fama, o rottweiler não é um cachorro bravo – com raras e honrosas exceções que servem apenas para confirmar esta regra. Ele é leal, tenaz, talhado para o trabalho e pode ser muito afetuoso com os humanos da família, e mesmo com outros pets, desde que tenha sido acostumado à convivência desde filhote.
O rottweiler é um cão ágil, rústico, forte e fiel. Isto o torna um excelente cão de guarda, para proteger bens e pessoas, mas também o transforma em um excelente candidato a "guardião" das crianças da família. Bem educados, os cães da raça também podem ser excelentes babás.
O rottweiler é capaz de tudo para proteger a família: é preciso não esquecer que os ancestrais da raça já trabalharam defendendo gado bovino de grandes perigos. Este peludo é muito inteligente, o que facilita bastante o aprendizado das regras de convivência.
Os mesmos "defeitos" do doberman podem ser aplicados ao rottweiler. Os cães mantidos isolados, sem interação com a família e sem passeios diários para aprender a conviver com pessoas e pets estranhos, eles podem se tornar beligerantes e perigosos.
Mesmo na relação com os membros da família, é preciso impor limites ao rottweiler desde o momento da adoção. Os cães da raça são dominantes e territorialistas e estas características, caso não sejam bem trabalhadas, podem se transformar facilmente em ameaças e tentativas de controlar todo o espaço.
Estes cães podem causar grandes estragos, caso ataquem outros animais. Sofrer uma agressão de um rottweiler não é a mesma coisa que levar uma mordida de um chihuahua, ou mesmo de um beagle ou basset hound.
O rottweiler é um cão de agarre ou de fila – ele "agarra e não larga mais". Ele foi desenvolvido também para caçar sozinho (sem os tutores) e, portanto, precisava neutralizar as presas. Caso um destes cães ataque alguém, ele certamente provocará danos severos.
O rottweiler também pode crescer como um animal independente e desobediente, o que o torna um risco inclusive no ambiente familiar. A socialização e o adestramento são fundamentais para garantir que ele mantenha o equilíbrio emocional e reconheça a hierarquia doméstica. Os tutores precisam se esforçar para que o cachorro não se torne obstinado, desobediente e agressivo.
Considerando apenas a vocação para guarda e defesa, rottweilers e dobermans apresentam qualidades similares e animais das duas raças podem se tornar excelentes cães de estimação. Seja como for, eles apresentam diferenças físicas e comportamentais.
O doberman é mais reservado e desconfiado, enquanto o rottweiler pode ser um excelente parceiro para as brincadeiras – inclusive envolvendo crianças. Esta característica foi determinada pelas atividades para que as raças foram desenvolvidas. Escolher o melhor cão de guarda depende de algumas peculiaridades específicas e também de preferências pessoais. É possível afirmar que tanto o doberman quanto o rottweiler são excelentes opções, mas os tutores podem comparar as diferenças entre os indivíduos.
De acordo com os padrões oficiais publicados pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), o rottweiler é um cão robusto, sem ser grosseiro, leve, pernalta ou esguio. A estrutura forma uma figura compacta, forte e bem proporcionada.
Com relação ao temperamento, o rottweiler é amigável e pacífico, muito apegado à família e um excelente guardião para as crianças. É um cão de trabalho, primitivo e confiante, corajoso e equilibrado. Está sempre atento e reage com rapidez aos estímulos do ambiente.
O doberman é um cão de porte médio, musculoso e de construção forte. É um animal elegante, de porte nobre, com movimentação ágil. É mais alto do que comprido.
Muito inteligente, o doberman é equilibrado, dedicado à família, com nível médio de agressividade: ele deve estar sempre alerta, mas não pode atacar estranhos sem que haja um comando específico. O adestramento é sensivelmente mais fácil para os cães da raça.
As duas raças estão incluídas no Grupo 2 (pinscher e schnauzer: raças molossoides, cães montanheses suíços e boiadeiros. O doberman está classificado na seção 1 (pinscher e schnauzer) e o rottweiler, na seção 2.1 (molossoides – raças do tipo mastiff).
Uma característica importante no momento da escolha é o tamanho e peso dos animais. Em média, enquanto os rottweilers são mais pesados, os dobermans são mais altos. As duas raças precisam de espaço (como um quintal amplo) e também demandam exercícios físicos e longas caminhadas diárias, mas o rottweiler é mais tranquilo, ao passo que o doberman é mais intenso.
Nenhum destes cães pode ficar ocioso por muito tempo, tanto para garantir o equilíbrio orgânico, quanto para evitar o desenvolvimento de distúrbios emocionais como ansiedade e estresse, que se manifestam na forma de agressividade, indolência, destruição de objetos, etc.
Um rottweiler precisa ter garantida uma rotina diária de exercícios que pode superar as duas horas. Os tutores podem matriculá-lo em cursos de agility, corrida e tração, por exemplo, além das muitas brincadeiras em casa: um rottie bem adaptado é um excelente companheiro inclusive para crianças e adolescentes.
O doberman exige de uma a duas horas de exercícios físicos, sempre com alguns desafios, como vencer aclives, correr em disparada, etc. É importante considerar que os cães da raça devem ser conduzidos com guia curta, para evitar acidentes.
As muitas atividades em que se envolveram provavelmente contribuíram positivamente para o desenvolvimento da inteligência. No ranking da "Inteligência dos Animais" (livro do psicólogo americano Stanley Coren que serve como referência para aferir a capacidade de adestramento dos cachorros), o doberman ocupa a quinta posição e o rottweiler, a nona.
O tamanho e peso são os seguintes:
• doberman – 40 kg a 45 kg e 68 cm a 72 cm de altura na cernelha (machos) e 32 kg a 35 kg e 63 cm a 68 cm (fêmeas);
• rottweiler – 50 kg e 61 cm a 68 cm (machos) e 42 kg e 56 cm a 63 cm (fêmeas). Os cães da raça são classificados como pequenos, médios, grandes (a altura considerada ideal) e muito grandes. A "estatura correta" é de 65 cm a 66 cm para os machos e de 60 cm a 61 cm para as fêmeas.
A expectativa de vida do doberman é de dez a 12 anos, enquanto o rottweiler vive um pouco menos: nove a dez anos. Vale lembrar que a longevidade dos cães de porte médio e grande é menor do que a apresentada pelos pequenos, uma vez que eles se desenvolvem fisicamente mais rápido e tendem a acumular mais radicais livres no organismo, que favorecem o surgimento dos sinais de velhice.
Tanto o doberman quanto o rottweiler são cães notáveis pelas habilidades de guarda e defesa. É importante considerar, já no momento da adoção, que, independentemente da raça escolhida, os animais precisam receber adestramento adequado e treinamento de obediência desde o momento em que chegam à casa nova.
Por outro lado, nem o doberman nem o rottweiler são indicados para tutores inexperientes. O treinamento para a guarda exige pulso firme e autoridade, e naturalmente não deve envolver castigos físicos ou verbais – nem mesmo gritos devem ser empregados no adestramento.
Deixados por conta própria, os cães das duas raças podem se tornar teimosos, desobedientes e agressivos inclusive com membros da própria família. sem receber a educação adequada, o doberman e o rottweiler podem ser um perigo para os tutores, outros pets da casa, vizinhos e visitantes.
As duas raças são rústicas e resistentes, mas exigem alguns cuidados. Uma tarefa comum para os tutores de rottweilers e dobermans é a escovação da pelagem, que, apesar de ser curta, cai muito. É preciso retirar os fios mortos e também garantir que os cães não espalhem pelos por onde passem.
Rottweiler é uma raça canina com forte tendência a desenvolver displasias, tanto de quadril, quanto de cotovelo. Em parte, esta condição que afeta as articulações é genética, mas ela também pode ocorrer em função da sobrecarga de trabalho.
Outro ponto importante está relacionado à alimentação. Os rotties são sensíveis a problemas gastrointestinais – inclusive, a raça é uma das mais predisposta a infecções virais. No dia a dia, é importante manter uma dieta balanceada, sem grandes alterações.
O doberman, por outro lado, não é especialmente suscetível a doenças genéticas. A raça é muito resistente e a maioria destes cães goza de boa saúde durante a vida inteira. O doberman também tem o costume de se lamber (como os gatos), facilitando as tarefas de higiene. A preocupação maior fica com as unhas, que crescem muito rapidamente e precisam ser aparadas uma vez por mês.
Nenhum destes cães necessita de tosa e os banhos, que podem ser dados a cada dois meses, são fáceis (desde que os animais sejam dóceis). Em uma brincadeira com mangueira e um pouco de xampu, é possível mantê-los asseados e bonitos.
Uma curiosidade: apesar de, nas últimas décadas, terem surgido variedades do doberman com pelagem branca, azul (acinzentada) e fulva (bege, do pálido ao dourado), o padrão oficial permite apenas duas cores: preta ou castanho, com marcações vermelhas (ferrugem) sobre o focinho, nas bochechas, acima dos olhos, na garganta, no antepeito, metacarpos, metatarsos e patas, nas faces internas das coxas, nos braços e sob a raiz da cauda (região anal).
Já o rottweiler exibe sempre a pelagem preta, mas com marcações castanhas (tan) bem delimitadas nas bochechas, focinho, garganta, peito e pernas, além das marcas características acima dos olhos e sob a raiz da cauda.
Provavelmente, o troféu da luta seria entregue ao rottweiler. O doberman é um cachorro mais ágil e rápido, mas a força do rottie é impressionante. Ele é mais robusto que o "adversário" e isto faria toda a diferença em um confronto.
Os cães das duas raças apresentam alturas semelhantes na cernelha, mas o rottweiler é muito mais pesado: a diferença pode ultrapassar os 10 kg. No Top Ten das mordidas caninas mais forte, o rottie surge em 10º lugar (o doberman não figura no ranking).
o fato tem uma explicação: o rottweiler aplica mais força e pressão com os dentes molares, situados no fundo da boca. Isto acaba tornando a mordida um pouco menos letal. De qualquer maneira, juntamente com o pitbull e o pastor alemão, a raça rottweiler figura na maioria das agressões contra humanos no Brasil.
O doberman é o candidato ideal, caso o trabalho seja feito em equipe (com vigilantes e outros cães, por exemplo). O rottweiler é menos sociável e prefere desenvolver sozinho as tarefas de defesa.
Em residências, onde é menos comum delegar as atividades de guarda para uma matilha, o rottweiler pode ser a melhor opção, inclusive porque ele estabelece relações mais amistosas com os membros da família.
O doberman quase sempre escolhe um "líder", provavelmente por identificá-lo como o chefe do grupo. O rottweiler também tende a acatar as ordens de apenas um dos tutores, mas estabelece relações diferenciadas com todos. Ele pode ser até mesmo um pouco palhaço e canastrão nas brincadeiras e interações.
Mas, mesmo com uma pequena vantagem para o rottweiler, esta comparação quase resulta em um empate técnico. As duas raças sempre são citadas entre os melhores cães de guarda, porque eles são naturalmente protetores e defensores.
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