Nossos pets podem desenvolver diversas doenças metabólicas. Conheça as mais comuns entre os cães.
O metabolismo é o conjunto de transformações observadas em todos os seres vivos. São reações de síntese e de desassimilação cujo resultado final é a geração de energia. Eventualmente, surgem alterações no metabolismo, inclusive dos cães, que determinam disfunções, transtornos e doenças.
A chamada síndrome metabólica é um conceito relativamente novo na medicina veterinária. Ela é determinada por hábitos inadequados e está associada à ocorrência simultânea de diversos transtornos orgânicos:
O excesso de gordura pode ser examinado em exames laboratoriais de sangue, que constatam o aumento do HDL (o colesterol ruim) e dos triglicérides (gorduras armazenadas pelo organismo que funcionam como um estoque estratégico de energia).
O pâncreas é o órgão responsável pela produção da insulina, hormônio responsável por promover a entrada da glicose nas células (consequentemente, da redução da glicemia, ou taxa de açúcar no sangue), e pelo glucagon, hormônio que age no fígado, estimulando este órgão a "quebrar" o glicogênio e fornecer energia para o organismo.
Nos pets, a síndrome metabólica aumenta significativamente o risco de surgimento de algumas doenças (não existem estatísticas sobre os cachorros, mas, nos seres humanos, o risco de morte em decorrência de infarto do miocárdio é sextuplicado).
Nos cães (e também nos gatos), a síndrome aumenta o risco de desenvolvimento de diabetes, pancreatite, embolia (obstrução de um vaso sanguíneo, quase sempre uma artéria), isquemia (redução ou cessação do suprimento de sangue em uma parte do corpo), acidente vascular cerebral (AVC) e esteatose hepática.
Não existem sinais específicos da síndrome metabólica em cães. Trata-se de uma doença silenciosa, que avança lenta e gradualmente, até comprometer órgãos e sistemas fundamentais. Por isso, é importante levar os cães ao veterinário para realizar exames anuais (os filhotes e os idosos podem precisar ir mais vezes ao consultório).
As cadelas são mais suscetíveis à síndrome metabólica, provavelmente em função das alterações hormonais determinadas pelo ciclo menstrual. Nos animais castrados (machos e fêmeas), a incidência é significativamente menor, especialmente quando a esterilização é realizada antes de completado o primeiro ano de vida.
Os cães sem raça definida (SRD) são os que menor risco apresentam, porque a maioria deles não possui propensão genética para doenças cardíacas, vasculares e neurológicas.
O risco aumenta um pouco para os terriers brasileiros(fox paulistinha), lhasa apsos, shih tzus e malteses. São especialmente suscetíveis os cães das raças: beagle, cocker spaniel, dachshund (teckel), golden retriever, poodle, retriever do Labrador, schnauzer e yorkshire terrier.
Alguns sinais, apesar de inespecíficos, servem de alerta para a síndrome metabólica:
É importante lembrar que os cachorros também ficam barrigudinhos – e o motivo não é a famosa (e mentirosa) barriga de chope. O aumento do volume abdominal é característico da esteatose hepática (gordura em excesso no fígado), doença potencialmente fatal.
A alimentação e a atividade física estão diretamente relacionadas à síndrome metabólica em cães. O oferecimento de petiscos nas horas erradas, de alimentação humana (gordurosa e condimentada) é totalmente contraindicado.
Além disso, os cães precisam de exercícios físicos diariamente. Eles devem brincar (pular, correr, buscar objetos, etc.), caminhar pelo menos 20 minutos, para fortalecer os ossos, articulações e músculos, regularizar a frequência cardiorrespiratória e estimular o funcionamento do aparelho digestório, além de garantir o equilíbrio emocional.
Alguns cães desenvolvem, ainda filhotes, algumas doenças congênitas, que potencializam os riscos da síndrome metabólica. É o caso, por exemplo, de distúrbios da tireoide, diabetes tipo 1 (a forma mais comum da doença nos pets), epilepsia e insuficiência cardíaca e/ou respiratória.
Os medicamentos de uso contínuo também predispõem para a síndrome metabólica, uma vez que alteram funções vitais. Anticonvulsivantes, controladores de pressão e corticoides são as drogas que mais afetam o metabolismo, apesar de serem necessárias em muitos tratamentos.
A dificuldade de respirar, especialmente quando o cão está excitado, é comum entre os animais braquicefálicos (de cara amassada). Os indicadores de problemas são a língua azulada, tosse e engasgos constantes durante as atividades físicas.
A síndrome metabólica é um conjunto de distúrbios que prejudica a qualidade de vida dos cães, mas eles também sofrem com algumas enfermidades específicas, que podem não ser relacionadas aos hábitos cotidianos.
A seguir, relacionamos as doenças metabólicas mais comuns em cães. É importante salientar que nenhuma destas doenças é contagiosa, não representando riscos para humanos e outros animais de estimação. São basicamente falhas do organismo.
Outros medicamentos podem ser necessários para tratar os sintomas secundários. O acompanhamento veterinário é necessário a cada três meses depois do diagnóstico. Seguindo o tratamento à risca, o pet com diabetes pode viver por muitos anos, com qualidade de vida.
A tireoide é responsável pela manutenção da temperatura corporal e também interfere no humor, na memória e em outras funções cognitivas. Entre os cães, o principal distúrbio é o hipotireoidismo – a diminuição da produção dos hormônios T3 e T4.
O distúrbio causa queda de pelos, aumento do peso corporal, cansaço, intolerância ao frio, aumento dos índices de HDL (o colesterol ruim) na corrente sanguínea. Também é responsável por casos de depressão e ansiedade. O hipotireoidismo agrava problemas cardíacos e vasculares.
O tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição dos hormônios que o organismo deixou de produzir. São necessários medicamentos orais (especialmente a levotiroxina) em intervalos de três a sete dias.
O prognóstico é positivo e os resultados do tratamento começam a surgir em duas semanas. A partir daí, é necessário combater os sinais secundários da doença, com produtos dermatológicos específicos e avaliação constante do desempenho do coração. Não existe nenhuma forma de prevenção do hipotireoidismo.
Na síndrome de Cushing, que pode ser causada por um tumor na hipófise, por uso prolongado de medicamentos corticoides ou por predisposição genética, a produção dos glicocorticoides, como o cortisol, é excessiva. Isto provoca um aumento do consumo energético e a consequente sobrecarga de todos os sistemas orgânicos.
Os pets se mostram mais irritados e agitados, mas também se cansam com mais facilidade. Nos animais em desenvolvimento, pode ocorrer atrofia das patas e nos idosos, atrofia muscular. As fêmeas apresentam alterações no ciclo menstrual.
O tratamento é simples. Identificada a deficiência hormonal, o cachorro terá de tomar comprimidos de reposição diariamente pelo resto da vida. Inicialmente, pode ser necessária a aplicação de corticoides, para estimular a absorção do ACTH sintético. Este medicamento é eliminado em poucas semanas.
A obesidade está associada ao excesso de oferta de alimentos, à oferta frequente de petiscos gordurosos e ao sedentarismo, que reduz o consumo energético. A castração favorece o transtorno, uma vez que também reduz as necessidades de energia.
O problema está associado inicialmente a transtornos osteomusculares. Gradualmente, surgem disfunções hepáticas, renais, respiratórias, cardíacas, vasculares. Todo o sistema digestório é prejudicado.
Depois de eliminadas disfunções orgânicas, como o hipertireoidismo (condição rara nos pets), o tratamento consiste em reduzir a oferta de alimentos e iniciar um programa de exercícios físicos, com aumento gradual da carga de atividades. Um aumento das proteínas e fibras nas refeições também poe ser considerado.
A obesidade compromete diversos órgãos e sistemas. O veterinário precisará fazer um exame completo, subsidiado por exames de laboratório, para verificar o prejuízo. O tratamento poderá incluir medicações para fortalecer os pulmões, coração, rins, fígado, etc.
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