Travis Patenaude é um fotógrafo especializado em imagens de cães. Ele é fundador do Love, Hope, Believe (LHB), uma ONG dedicada ao resgate, tratamento e realocação de galgos, sediada em Chicago, Illinois (região central dos EUA).
O fotógrafo foi visitar um abrigo em Sevilha, capital da Andaluzia (sudoeste da Espanha), para conhecer a Fundação Benjamin Mehnert. Ele passou dez dias na companhia de galgos, podengos e cães de outras raças – o abrigo acolhe atualmente cerca de 500 animais.
Na manhã em que Travis estava deixando a fundação, estava sendo organizado o transporte de um número considerável de cães, com destino a Alemanha, Bélgica e França. O fotógrafo quis registrar os vínculos entre os voluntários do abrigo no momento de dizer adeus.
Os animais foram acolhidos, tratados, esterilizados e adestrados, para recuperar o equilíbrio emocional. Era chegado o momento da despedida. Os cachorros estavam seguindo para novos lares definitivos, mas as emoções dos voluntários eram um misto de alegria, alívio e saudade.
A despedida foi emocionante. A equipe da fundação sabia que tinha feito o melhor possível para os cães e a adoção era a melhor solução para cada um deles. Mesmo assim, foi difícil segurar as lágrimas, como se pode ver nas imagens captadas pelo fotógrafo.
A Fundação Benjamin Mehnert foi criada em 2009, para tratar de galgos abusados e abandonados. Ela está instalada em Alcalá de Guadaíra, município de 75 mil habitantes na região metropolitana de Sevilha. É um ponto turístico e também um centro de caça muito procurado no país.
A história da fundação é bem triste: galgos e podengos são cães usados na perseguição de coelhos e lebres, função para a qual foram desenvolvidos há séculos. Mas, ao final de cada temporada de caça na Espanha, estima-se que 100 mil cães sejam “descartados”.
O objetivo da fundação é resgatar, reabilitar e realocar os animais abandonados, além de chamar a atenção para o descaso de muitos criadores em relação aos cachorros da raça. Os resgates são realizados nos campos do sul da Espanha e muitos cães são recolhidos às margens das rodovias.
Ao chegarem à fundação, os animais são alimentados, recebem atendimento médico (muitos chegam com fraturas e lesões causadas por brigas e quedas) e são ressocializados. Normalmente, a população do abrigo fica entre 400 e 700 galgos, mas, no final da temporada de caça, ocorrem picos de até mil animais.
Os animais chegam famintos, amedrontados e quase sempre infestados por piolhos e carrapatos. Como a temporada de caça coincide com a primavera, muitos cães apresentam queimaduras e desidratação, em função da exposição excessiva ao sol. As infecções de pele também são muito comuns.
Outros galgos, no entanto, chegam à fundação apresentando sinais evidentes de abuso e maus tratos. É o caso de Colossus, que Travis conheceu durante a viagem. Ele foi encontrado vagando pelas ruas, com queimaduras por abrasão química: alguém derramou ácido no cachorro, que ainda está se recuperando.
A fundação possui um hospital veterinário bem equipado, com salas de cirurgia, laboratórios de radiologia, área de isolamento e locais de recuperação. Os médicos e assistentes veterinários são todos voluntários.
Os casos de negligência e maus tratos são muitos na fundação. Os voluntários já resgataram animais presos a fios de arame farpado, doentes, debilitados. Em comum, no entanto, todos apresentam deficiências emocionais, que demandam muito tempo para serem superadas.
No dia seguinte ao embarque dos animais, Travis voltou para Madri, de onde seguiria para casa. Na bagagem, o fotógrafo estava levando quatro galgos para Chicago – ele não conseguiu resistir ao charme dos peludos, apesar de o LHB já ter muitos pets para cuidar.
Depois das providências para o embarque, Travis ainda teve tempo de fotografar os quatro cães espanhóis que seguiram para os EUA: Minon, André, Mago e Pumba. As imagens foram postadas no site da LHB.
André chegou em casa já adotado por uma família americana, que assinou os documentos na ONG e recebeu-o ainda no aeroporto. Minon e Mago foram reservados por alguns candidatos e levados para casa a tempo de passar o Dia de Ação de Graças (quarta quinta-feira de novembro) com a nova família.
Pumba foi o cachorro que levou mais tempo para ser adotado. Enquanto esperava, ele passou alguns dias vivendo no estúdio de Travis. Os adotantes foram até o local para assinar a papelada e o fotógrafo aproveitou para clicar a nova família reunida. Pumba está vivendo com outros dois galgos, Greta e Cubano.
Fotos: Instagram stinkeye_photography
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