Leishmaniose canina: causas, sintomas e tratamento

É uma doença grave, que também afeta os humanos. Saiba tudo sobre a leishmaniose canina.

Também conhecida como calazar, a leishmaniose é uma infecção, causada por protozoários do gênero Leishmania, que acomete cães, roedores e gatos (mais raramente). Em meios urbanos, os cães são considerados os principais reservatórios da doença, que também pode ser transmitida para os humanos.

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Três espécies do gênero já foram catalogadas no Brasil: o L. braziliensis, com distribuição em todo o país, o L. amazonensis e o L. guyanensis, encontrados na Amazônia. A região Sul do país é a menos afetada pela doença.

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A forma mais frequente de transmissão da leishmaniose é através de mosquitos flebotomíneos – no Brasil, o vetor mais comum é o mosquito-palha, nome popular do Lutzomyia longipalpis, um inseto hematófago que se distribui do sul dos EUA ao norte da Argentina.

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A leishmaniose canina é uma doença infecciosa parasitária que afeta tanto cães quanto humanos, afetando e comprometendo o sistema imunológico. Ela não é contagiosa por contato social, mas é bastante grave: no país e no mundo, está classificada entre as seis doenças parasitárias mais letais.

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Entre humanos

Não existem estatísticas sobre casos de leishmaniose canina, mas a Organização Mundial da Saúde trata a doença como uma endemia, relativamente comum em regiões tropicais e temperadas. Estima-se que haja 500 mil humanos infectados com o protozoário.

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Diversos estudos apontam que a incidência de leishmaniose vem aumentando. A doença tem ampla distribuição na Europa, Ásia, norte da África e América. Na América Latina, o chamado “calazar neotropical” já foi identificado em 12 países. O Brasil concentra 90% desses casos, em maioria na região Nordeste, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

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Até a década de 1990, 90% dos casos registrados no país estavam restritos à região Nordeste. Desde então, a leishmaniose tem se tornado mais frequente nas regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste. Já foram registrados surtos no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Araçatuba (SP), Santarém (PA) e Corumbá (MS), além de casos mais ou menos isolados em diversas localidades.

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A leishmaniose era conhecida como uma doença de relevo acidentado e clima seco, mais frequente em regiões elevadas e com médias baixas de precipitação pluviométrica (inferiores a 800 mm anuais).

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Ao que tudo indica, no entanto, o protozoário está adaptando-se a outras condições climáticas. A leishmaniose vem sendo registrada em regiões litorâneas e em grandes centros urbanos (quase sempre em áreas periféricas). É muito provável que o aquecimento global esteja contribuindo para a adaptação dos mosquitos.

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No Brasil, mais da metade dos diagnósticos (51,4%) é feita em crianças, o que parece indicar que o protozoário da leishmaniose tem maior dificuldade em infectar e manifestar-se em pessoas com o sistema imunológico desenvolvido.

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O ciclo do mosquito

O mosquito-palha é um inseto díptero que vive em matas fechadas, como é o caso da floresta Amazônica e da mata Atlântica, além de campos e cerrados densos. Ele pode ser reconhecido pela cor amarelada, pernas e asas muito longas.

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As larvas do mosquito-palha permanecem no solo (onde os ovos são depositados), sempre em substratos úmidos e com alto teor de matéria orgânica. Muito vorazes, as larvas se desenvolvem em 20 a 30 dias, transformando-se em pupas.

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Em um meio favorável, o período pupal tem em média duas semanas – o desenvolvimento do ovo ao adulto ocorre em até 50 dias, de acordo com as condições de temperatura e umidade. Os adultos são fitófagos (alimentam-se de vegetais), mas, antes da postura dos ovos, as fêmeas precisam de sangue (de mamíferos e aves).

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É na época da postura dos ovos que pode ocorrer a transmissão da leishmaniose. As fêmeas do mosquito-palha, ao picarem os animais, inoculam os protozoários causadores da doença. Um inseto adulto vive até 20 dias.

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Causas e sintomas da leishmaniose canina

A leishmaniose é uma zoonose, isto é, uma doença que pode afetar diversas espécies animais – entre elas, humanos, cães e até mesmo gatos. Mais raramente, a doença pode ser transmitida em transfusões de sangue e em relações sexuais.

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A doença apresenta um curso lento, fato que dificulta o diagnóstico. Muitos cães podem estar infectados e não apresentarem nenhum sinal externo da leishmaniose. Mesmo nos casos assintomáticos, no entanto, a leishmaniose pode ser fatal.

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Levantamentos feitos na Europa indicam que entre 40% e 60% dos casos de leishmaniose canina são assintomáticos. Quando surgem, os sinais são bastante variáveis de caso a caso. Nos cachorros, a leishmaniose pode se manifestar de duas formas:

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  • cutânea – surgem descamações na pele, seguidas de lesões e úlceras. Os animais apresentam falta de apetite e a consequente perda de peso, lesões oculares, atrofia muscular e crescimento exagerado das garras;
  • visceral – em estágios avançados, a leishmaniose se manifesta principalmente através de disfunções nos rins, fígado e baço. A partir dos primeiros problemas nos órgãos abdominais, a doença avança rapidamente e leva o animal afetado à morte.
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O crescimento excessivo das unhas é um dos sinais mais comuns. O aumento do tamanho é flagrante e as garras se encurvam, podendo inclusive ferir os dedos. Os coxins plantares também ficam mais rugosos e grossos, podendo apresentar rachaduras.

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As lesões na pele costumam aparecer na cabeça, principalmente nas orelhas. Nos casos mais avançados, as úlceras, que parecem nunca cicatrizar, também são responsáveis pela queda localizada de pelos.

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A forma cutânea é mais frequentemente identificada em humanos, enquanto a visceral é comum principalmente entre os cães. As pesquisas, no entanto, são ainda incipientes e, por isso, os especialistas entendem que a leishmaniose cutânea canina é negligenciada e subnotificada.

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O diagnóstico só pode ser obtido através de exames clínicos e laboratoriais. Em função da variedade dos sintomas, é importante levar os cachorros para consultas regulares com o veterinário. Em animais de médio e grande porte, os primeiros sinais podem levar até sete anos para se manifestar.

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Casos muito graves de leishmaniose canina visceral apresentam sinais mais sensíveis. Os gânglios linfáticos ficam inflamados, formando nódulos e caroços pelos corpo, especialmente na virilha – são as chamadas ínguas.

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Os cachorros também podem apresentar febre, vômitos e diarreias, sangue nas fezes, hemorragias nasais e anemia, especialmente nos casos em que a medula óssea é afetada e há redução na produção de glóbulos vermelhos.

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Na fase assintomática, os cachorros tendem a ser mais suscetíveis a inflamações e infecções. À medida que o sistema imunológico é comprometido pelos protozoários, as doenças oportunistas passam a ser cada vez mais frequentes.

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A prevenção da leishmaniose canina

A maior incidência da leishmaniose canina é registrada entre cães abandonados (animais de rua), semidomiciliados (que vivem com uma família, mas podem circular livremente nas ruas sem supervisão humana) e também entre os que vivem permanentemente em ambientes externos.

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O mosquito-palha, vetor da doença, deixa os abrigos e apresenta maior atividade nos períodos mais frescos do dia, a partir do anoitecer. Em áreas endêmicas, os passeios diários no final da tarde e à noite devem ser evitados.

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As larvas do mosquito-palha se alimentam de matéria orgânica: folhas e frutos de árvores, vegetais em decomposição, fezes e lixo doméstico (especialmente restos de comida). É necessário que o lixo seja bem acondicionado antes do descarte e que as autoridades ampliem o alcance da coleta nos núcleos urbanos.

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Vale lembrar que o cachorro, assim como os humanos, não é o vetor da doença, tarefa que cabe ao inseto, que distribui ovos com as suas picadas. A leishmaniose não tem cura: uma vez infectado, o paciente fica submetido a tratamento médico pelo restante da vida.

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Os cachorros podem tomar uma vacina específica contra a doença, que pode ser aplicada tanto em filhotes quanto em adultos. Ela é ministrada em três doses, com intervalos de 21 dias entre elas, e renovada anualmente.

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Antes de receber a vacinação, no entanto, é preciso que um profissional realize exames sorológicos. A imunização só é possível para os cães soronegativos. A eficiência atinge 90% e pode ser ampliada com o uso de repelentes (pipetas ou coleiras).

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A vacinação é recomendada em regiões endêmicas, tanto para cães moradores, quanto visitantes. A imunização surge duas semanas depois da primeira dose, mas só é completa nos cães que receberam o ciclo vacinal completo.

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No Brasil, não existem campanhas públicas para a vacinação contra a leishmaniose canina: cabe aos tutores arcar com o custo da prevenção. Entre os pets vacinados, podem ocorrer efeitos colaterais leves, como inchaço no local da aplicação.

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Em alguns casos bastante raros, já foram identificados alguns efeitos mais notáveis, como perda de pelos, alteração na cor da pelagem, dor local, febre, prostração, vômitos e diarreias. Os tutores precisam ficam atentos e contar com a orientação médica.

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Diagnóstico e tratamento da leishmaniose canina

Apenas um veterinário é capaz de diagnosticar a leishmaniose canina. A identificação da doença é feita com o suporte de exames de sangue, tais como reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e análise da proteína C reativa (PCR), cujos níveis indicam infecções e respostas inflamatórias.

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Uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento deve ser feito por toda a vida. Ainda não há cura para a leishmaniose canina, mas ela pode ser estabilizada com medicamentos específicos. Além do acompanhamento veterinário, os tutores também precisam ficar atentos, porque podem ocorrer recaídas.

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A eutanásia dos cães infectados já foi considerada eficaz para o controle da zoonose. Atualmente, no entanto, o abate é considerado eficaz em casos de surtos localizados, mas não surte efeitos em regiões onde a leishmaniose é endêmica. Além disso, há muita resistência ao sacrifício dos animais.

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No Brasil, nunca foi estabelecida uma legislação específica para o controle da leishmaniose canina, mas, no período Pós-Guerra (segunda metade da década de 1940), os EUA a maioria dos países da Europa e do Oriente Médio impuseram a eutanásia como medida profilática oficial.

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Nos anos seguintes, surgiram as primeiras drogas capazes de combater os protozoários do gênero Leishmania, mas eram contraindicados para uso em cachorros (nos EUA, um decreto de 1953 chegou a proibir o tratamento).

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A justificativa era que os fármacos usados para controlar a leishmaniose poderiam tornar os protozoários mais resistentes, o que dificultaria o tratamento em seres humanos afetados. A situação durou até poucos anos atrás.

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Em 2018, surgiu o primeiro medicamento para combater a leishmaniose canina: a miltefosina. A droga tinha sido desenvolvida nos EUA, nos anos 1980, em investigações para tratamentos de alguns tipos de câncer.

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A miltefosina, no entanto, não revelou respostas promissoras na redução de neoplasias. Em 2002, ela começou a ser usada experimentalmente, na Índia, no tratamento da leishmaniose e de algumas amebas de vida livre, como a Naegleria fowleri, responsável por alguns tipos de meningoencefalite em cachorros e humanos.

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Em 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o uso da miltefosina exclusivamente no tratamento da leishmaniose canina, em suas formas cutânea e visceral. A droga é administrada com antifúngicos e antibióticos, de acordo com as condições de cada paciente.

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O custo do tratamento pode chegar a R$ 1.000 na fase aguda, de acordo com a dosagem necessária para estabilizar a leishmaniose canina. A miltefosina foi incluída na relação de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde, uma vez que o combate da doença nos cães reduz os casos também em humanos.

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