Pode parecer espantoso para a maioria de nós, mas a coprofagia – o hábito de comer cocô – é bastante comum entre os cães. É nojento, mas é importante lembrar que as fezes são ricas em nutrientes rejeitados pelo organismo que as produziu. Para os cães e outros pets, comer cocô pode ser apenas mais uma forma de se alimentar.
Comer cocô, no entanto, não é observado entre lobos, coiotes, raposas e cachorros-do-mato. A coprofagia pode estar relacionada a alguns problemas comportamentais ou de saúde e é preciso identificá-los e corrigi-los.
A American Veterinary Society of Animal Behavior, entidade americana fundada em 1976 para estudar o comportamento de animais domésticos e selvagens, publicou um estudo, em 2020, sobre a coprofagia canina. A pesquisa concluiu que:
A pesquisa chegou a uma conclusão interessante: de acordo com Benjamin Hart, o coordenador, os cães comem cocô porque são animais gregários, isto é, eles se organizam em grupos complexos e sofisticados.
Para impedir que outros membros da matilha adoeçam ao entrar em contato com eventuais vermes e/ou micro-organismos nocivos, eles encontraram um jeito de recolher os dejetos: engolindo-os.
O hábito de comer cocô pode ser nojento para a maioria dos tutores, mas é muito estimulante para os pesquisadores. Os estudiosos em comportamento animal já descobriram algumas curiosidades sobre os cães que comem cocô:
Na vida dos cães, o hábito de comer o próprio cocô pode ser causado por uma série de motivos, como tédio (falta do que fazer), estresse, alguns problemas nutricionais e infestação por parasitas intestinais.
Alguns cães comem o cocô por puro medo. Depois de levarem muitas broncas dos tutores, por fazer as necessidades no lugar errado, eles passam a associar as reprimendas à própria evacuação, e não ao local em que as fezes foram depositadas.
Para impedir o flagrante, eles passam a ingerir as fezes. É uma tentativa de eliminar as “provas do crime”, já que os cachorros estão entendendo que o erro está em fazer cocô, e não em depositá-lo no meio da sala de estar, por exemplo.
Entre os problemas emocionais, a solidão parece ser o principal motivo para o hábito. Os cães que passam muito tempo isolados e os que vivem confinados quase sempre desenvolvem o hábito. A ansiedade e o adestramento inadequado também respondem por muitos casos.
Com exceção dos transtornos emocionais, comer cocô é um hábito mais frequente entre os filhotes. Em muitos casos, ele é motivado apenas pela curiosidade, mas os cãezinhos podem estar instintivamente tentando repor alguns nutrientes essenciais.
Os filhotes precisam de uma dieta rica em cálcio, fósforo e potássio, minerais fundamentais para o desenvolvimento físico. No caso de carências, eles podem tentar supri-las com as fezes, já que a capacidade de absorção dos micronutrientes pelo organismo é limitada.
Para cada etapa da vida, os tutores precisam providenciar alimentação balanceada para os cachorros – o fósforo, por exemplo, que é essencial para os filhotes, pode ser prejudicial para os idosos e também para os pouco ativos.
A melhor maneira de garantir uma nutrição eficiente é oferecer rações de acordo com a raça, idade, sexo, estado geral de saúde e algumas condições específicas, como gestação, lactação, convalescença de doenças e traumas, etc.
Além de escolher produtos de qualidade, os tutores também devem estar atentos ao armazenamento da ração, que deve ficar em ambiente sem umidade nem exposição direta à luz solar.
Os nutrientes da ração (especialmente a seca, a mais adotada pelos tutores brasileiros) se degradam com muita facilidade. Este é um dos motivos também para evitar produtos reembalados em pet shops (pacotes grandes de ração são particionados em embalagens menores).
As rações vendidas a granel são bem mais baratas, mas, a menos que se tenha total confiança no comerciante, o ideal é adquirir produtos embalados pelo fabricante. Caso a formulação nutricional seja (ou esteja) deficiente, comer cocô pode ser o menor dos problemas, já que os cães subnutridos podem desenvolver anemias, más-formações ósseas, etc.
O intestino dos cachorros é colonizado por milhões de bactérias, que ajudam a desdobrar os alimentos digeridos, para que vitaminas, minerais e macronutrientes possam ser absorvidos. A ração canina deve ser rica em:
Comer cocô pode indicar que o cachorro não está recebendo prebióticos e probióticos em quantidade suficiente, além das carências nutricionais propriamente ditas. O problema pode estar no alimento oferecido (neste caso, basta trocar a ração), mas também pode ser sintoma de disfunções gastrointestinais, que só podem ser diagnosticadas pelo veterinário.
Os cachorros precisam receber vermífugos bem cedo. A primeira dose deve ser ministrada entre 15 e 30 dias de vida, reforçada por três ou quatro outras doses, de acordo com o porte do filhote.
Depois destas primeiras doses, a vermifugação precisa continuar sendo feita em intervalos de três a seis meses, de acordo com o estilo de vida do cão: quanto mais tempo ele passar em ambientes externos e em contato com outros animais, menor é o intervalo.
Os sintomas das infestações variam de acordo com o tipo de verme. Alguns se alojam nos pulmões, causando transtornos respiratórios. A maioria, no entanto, permanece no intestino, absorvendo a maior parte dos nutrientes. Nestes casos, surgem diarreias, enjoos, flatulência e até mesmo a presença de vermes nas fezes e na região anal dos peludos.
As infestações também mostram outros sintomas. Os mais frequentes são os seguintes:
Nas casas em que vivem dois ou mais cachorros, sempre ocorrem disputas. Em geral, um dos peludos assume a posição de líder da matilha: ele se alimenta antes ou é o primeiro a atender o chamado dos tutores, por exemplo.
A harmonia doméstica se restabelece em poucas semanas depois da chegada do novato. Quase nunca os tutores precisam intervir: os cachorros são capazes de se organizar e estabelecer as formas de relacionamento. Mas, podem acontecer alguns problemas:
Alguns transtornos de saúde podem levar o cachorro a comer cocô. As doenças metabólicas alteram as funções orgânicas e o peludo pode passar a ter maior necessidade de determinados nutrientes. Se a porção diária não for suficiente, as fezes podem funcionar como o “plano B” da alimentação.
É o caso do diabetes e de algumas doenças da tireoide. Elas aumentam o apetite dos cachorros e quase sempre são assintomáticas nas etapas iniciais. Por isso, sempre que o cachorro demonstrar alterações súbitas na voracidade, é preciso consultar o médico.
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