Ao longo de milhares de anos de convivência, os cães se adaptaram às mais diversas condições para acompanhar os humanos. Desta forma, alguns se tornaram minúsculos – como o yorkshire terrier, desenvolvido para caçar ratos em galerias de minas de carvão –, enquanto outros impressionam pelo tamanho e pela força: são os cachorros mais musculosos do mundo.
A musculatura canina, aliás, é uma aliada não apenas da força física, mas também da agilidade nos movimentos. Alguns cães nem chegam a apresentar músculos tão proeminentes, mas são sérios candidatos a campeões de fisiculturismo.
Uma curiosidade: um sério candidato ao título de “pitbull mais musculoso do mundo” é brasileiro. Trata-se de Drax, um cachorro da variedade pit monster, raça desenvolvida no século 21 e já reconhecida por alguns clubes de cinofilia.
O pit monster foi criado no Brasil e Drax, que vive em Rondônia, foi apresentado no final de 2021. À época, ele já era maior do que Hulk, o pitbull recordista (citado no Guinness Book of Records), que atingiu 78 kg.
Mas, com um ano e seis meses, Drax já havia ultrapassado todas as medidas do recordista. De acordo com o criador Wallace Klei, os pit monsters costumam crescer até os dois anos de idade. Mesmo assim, o tutor garante que Drax é um cachorro dócil e tranquilo.
A medição comprovou que o pit monster de Porto Velho é o maior pitbull do mundo, com 81,4 kg, 65 cm de altura na cernelha e 72 cm de comprimento do crânio. O “bichinho”, quando foi apresentado oficialmente, tinha perdido 4 kg (de acordo com o tutor), porque estava se recuperando de uma cirurgia na pata.
Drax (o nome vem de um personagem na Marvel, Drax, o destruidor), vem de uma linhagem de cães musculosos. O avô do cão de Rondônia foi campeão nacional de tração 17 vezes nos EUA. As linhagens paterna e materna foram importadas de canis americanos conhecidos pela criação de cachorros musculosos.
Mas não é preciso ficar assustado com o tamanho de Drax e de outros pit monsters. Durante décadas, os pitbulls foram selecionados pela agressividade – os candidatos a dar sequência às linhagens eram sempre os filhotes mais ferozes.
Desde a década de 1960, no entanto, os criadores têm privilegiado outras características – entre elas, o porte físico avantajado. O pit monster é muito maior do que um pitbull médio (que tem em média 50 cm de altura na cernelha), mas está ficando mais dócil e amigável de geração em geração.
As equipes do Guinness continuam avaliando Drax e outros cães. Por isso, o título de cachorro mais musculoso do mundo está vago atualmente. Até 2017, no entanto, ele era ocupado por uma cadela – e da raça whippet, que é conhecida pela velocidade, mas não pela força (em geral, um adulto pesa no máximo 16 kg).
No entanto, a condição de Wendy, a cachorra mais musculosa do mundo, era determinada por uma anomalia: a síndrome de bully whippet, também conhecida como deficiência de miostatina. Trata-se de um problema genético relativamente comum entre os cães da raça.
Os genes da miostatina regulam o crescimento e a regeneração muscular. No caso de Wendy, ela herdou uma característica recessiva, que provocou o desenvolvimento anormal. A força, no caso da cachorra, era apenas aparente.
Wendy é uma cachorra inglesa, mas ficou tão famosa que chegou a ser convidada para viajar para os EUA, em 2007, para posar com o político e ator Arnold Schwarzenegger, “o exterminador do futuro”.
A whippet atingiu 30 kg, quase o dobro do esperado para a raça. Os quilos extras eram músculos puros, mas, no caso de Wendy, a aparência malhada prejudicava a locomoção e até mesmo a respiração.
• Pitbull – o american pit bull terrier merece destaque no mundo canino, quando se trata de força física. A raça foi desenvolvida através de diversos cruzamentos seletivos, que visavam à obtenção de cães de rinha (“pit”, em inglês).
Considerado um cão de porte médio, o pitbull mede de 46 cm a 56 cm de altura e pesa entre 14 kg e 36 kg. A musculatura forte é tão característica que até mesmo as bochechas se destacam: elas são sempre maciças e visíveis.
O pitbull foi desenvolvido para ser uma máquina de lutar. Por isso, foram selecionados os animais mais fortes e resistentes (e também teimosos) na criação da raça. As orelhas pequenas e a cauda fina foram consideradas por muito tempo como indesejáveis – por isso, alguns criadores praticam o corte (caudectomia e conchectomia), prática proibida no Brasil.
Atualmente, o pitbull é criado como cão de companhia – ele é indicado para pessoas que gostam de atividades físicas, por ser muito “intenso”. As características agressivas foram sendo abandonadas de geração em geração.
O pitbull nem sequer é indicado como cão de guarda, por ser muito sociável, inclusive com estranhos. Ele continua, contudo, sendo ágil, forte e musculoso, extremamente resistente e sempre pronto para superar desafios.
• Bull terrier – a raça foi desenvolvida na Inglaterra, no século 19, através de cruzamentos seletivos entre diversos cães do tipo bull (criados para a luta com animais maiores, como touros – o exemplo clássico é o buldogue inglês).
O bull terrier é considerado descendente direto do dos antigos buldogues ingleses. Com a proibição dos chamados “esportes sangrentos” (lutas entre cães e destes com outros animais, que chegaram a incluir ursos), os cães da raça passaram a ser usados para a caça.
Para torná-los mais “elegantes”, foram feitos cruzamentos provavelmente com dálmatas, whippets e pointers espanhóis.
O rough collie e o borzói também entraram na “receita”, para garantir um crânio alongado. Os bull terriers se caracterizam pela cabeça alongada, musculatura forte, olhos triangulares, orelhas longas e eretas, corpo compacto e pelagem branca.
Existem duas variedades da raça: o standard alcança 53 cm de altura na cernelha, enquanto o miniatura atinge apenas 35 cm. Os cães menores, muito populares como cães de companhia, também se destacam pela força física.
• American bully – é mais um cão de porte médio que impressiona pela força e pelo corpo musculoso. A cabeça grande (mas não desproporcional) é a principal característica da raça. Os ombros também são largos, com braços fortes (e um leve desvio para dentro). As pernas traseiras são largas e ligeiramente afastadas.
O american bully também apresenta olhos de porte médio, menores do que os do pitbull – eles conferem uma aparência mais amistosa para os cães da raça. Todas as cores são permitidas, menos o azul, que está associado a algumas anomalias físicas e comportamentais.
A raça, desenvolvida por criadores americanos a partir de pitbulls, é resultante de cruzamentos de buldogues americanos e ingleses. O american bully é compacto, rechonchudo, forte e bem constituído. Apesar dessas características, os cães da raça são ativos e muito ágeis.
O american bully também é um cão de companhia. Ele sempre demonstra confiança e vigor, sendo muito vigoroso. Apesar disso, é um cachorro gentil e amigável, excelente como cão de família (inclusive crianças).
De acordo com o padrão oficial, o comportamento agressivo com humanos (mesmo estranhos) não é característico da raça e é altamente indesejável. As rugas profundas (mas sempre limpas) no rosto são um dos principais diferenciais do american bully.
• Rottweiler – a raça foi desenvolvida na Alemanha, para trabalhar com o gado bovino. O rottweiler provavelmente descende dos molossos romanos, que acompanharam as legiões imperiais na conquista dos Alpes (e de outras regiões), a partir do século 1º AEC.
Na linhagem, entraram também os grandes boiadeiros suíços primitivos. O rottweiler foi desenvolvido como um cão de trabalho, responsável pela condução e guarda de rebanhos, manejo do gado, tração de carroças de leite e carne.
Uma das principais funções dos ancestrais da raça foi a defesa dos fazendeiros. O rottweiler é um cachorro extremamente cuidadoso, cioso do bem-estar da família humana e do cuidado com o patrimônio.
O rottweiler chegou ao Brasil apenas na década de 1970 e rapidamente ganhou boa reputação como cão de guarda. Trata-se de um cão robusto e forte, de estrutura sólida e compacta, com peito forte e pescoço largo e musculoso.
A pelagem é sempre preta, com marcações castanhas (um ponto acima de cada olho, uma faixa em cada lado do focinho que seguem pelo pescoço, marcas triangulares nas pontos do antepeito e manchas nas quatro patas.
Estes cães são muito inteligentes e requerem adestramento avançado desde filhotes. Eles precisam ser socializados com humanos e outros animais. São animais territorialistas e dominantes, muito desconfiados com estranhos, mas são considerados equilibrados e apaixonados pela família.
• Doberman – ele é um exemplo de força e elegância. O doberman é um dos cães mais musculosos entre as raças atuais. Extremamente inteligente, ele é capaz de aprender nos truques e comandos com facilidade, em qualquer etapa da vida.
Infelizmente, a raça também foi selecionada em função da agressividade e, por isso, ainda podem ser vistos muitos indivíduos com desvios comportamentais. De qualquer forma, a criação sempre se sobrepõe à herança genética.
Assim como o pitbull, o doberman sofre muito com o preconceito. “Estrela” de diversos filmes americanos, nos quais sempre aparece como vingador e assassino, ele ganhou fama de perigoso e feroz.
Mesmo assim, com o treinamento adequado e a socialização eficiente, os cães da raça são excelentes companheiros. Bons cães de guarda, eles também são ótimos amigos de crianças e outros animais de estimação (inclusive gatos).
• Boxer – é uma das raças mais populares no Brasil e também a que apresenta os cães mais musculosos. A musculatura é seca e aderente aos ossos, com pouca gordura aparente. O porte grande e a cara amassada geralmente passam a impressão de que o boxer é mal-humorado e feroz, mas nada poderia estar mais distante da realidade.
Os cães da raça são amigáveis, brincalhões e muito gentis, inclusive com crianças e pessoas estranhas que visitam a família. Aliás, a única possibilidade de um boxer atacar é quando ele entende que algum parente está em perigo.
O boxer é descendente direto do buldogue alemão e igualmente famoso pelas habilidades de caça: com o focinho e a mandíbula mais curtos, quando um destes cães abocanha uma presa, é muito difícil que ela escape.
Por outro lado, o fato de segurar a presa de maneira firme, mas delicada, contribuiu para desenvolver o temperamento atual do boxer, que é sempre gentil, paciente e gosta muito de trabalhar em equipe.
• Husky siberiano – para quem vê um destes cães brincando e divertindo-se, fica difícil imaginar que o husky siberiano foi desenvolvido como cão de trabalho e suportou condições precárias e difíceis. Trata-se de um cão de tração (especialmente de trenós), cujos ancestrais cruzaram as estepes da Sibéria durante séculos.
Com tanto exercício físico, o husky siberiano desenvolveu um corpo poderoso, forte e resistente. Como cão de trenó, ele também aprendeu a desenvolver altas velocidades. Por trabalhar em grupo, os cães da raça são sociáveis, obedientes, alegres e muito brincalhões quando não estão desenvolvendo as atividades profissionais.
Os candidatos a tutores de huskies siberianos devem ter em mente que estão adotando cães fortes, ágeis, intensos e praticamente incansáveis. Não é uma tarefa fácil acompanhar um husky siberiano em uma corrida – e ele pode decidir correr no meio da caminhada diária: é preciso muita resistência para acompanhar o pique.
O husky siberiano é um cão do tipo primitivo. Fósseis de animais muito semelhantes a ele foram encontrados a leste dos montes Urais, em acampamentos humanos datados de milhares de anos. Ainda muito semelhante a um lobo, é um cachorro cordial e muito apegado aos tutores.
• Pastor alemão
Durante décadas, os cães da raça foram conhecidos no Brasil apenas como “policiais”. Na verdade, o pastor alemão é um dos cães mais versáteis: além das atividades militares e policiais, ele também é usado em resgates, rastreio de pessoas perdidas, guarda, guia de portadores de deficiência, caça e, claro, guarda de rebanhos.
O pastor alemão tem o corpo forte e a musculatura bem desenvolvida. Mesmo que os músculos não pareçam proeminentes em uma inspeção superficial, trata-se de uma das raças caninas mais poderosas e fortes.
O principal motivo para os cães da raça terem se adaptado a atividades tão diferentes – do pastoreio à guia de deficientes visuais, passando pelo trabalho como terapeutas – é que o pastor alemão é extremamente inteligente. Por isso, ele requer adestramento e socialização desde filhote.
• Mastim napolitano – mais um descendente dos molossos romanos, a raça mastim napolitano reúne os cães mais musculosos do mundo. A origem é incerta, mas algumas ilustrações muito antigas do extinto mastim assírio parecem descrevê-lo perfeitamente.
A raça foi praticamente extinta no início do século 20. Em um concurso realizado em Milão, em 1914, os julgadores se recusaram a avaliar um mastim napolitano, alegando que ele “não pertencia a nenhuma raça canina conhecida”.
Alguns criadores conseguiram reunir exemplares da raça espalhados por zonas rurais e urbanas da Itália, especialmente da Costa Amalfitana. O primeiro padrão da raça foi descrito em 1952 e já aponta o mastim napolitano como um cão musculoso, independente e solitário.
Um macho adulto pode atingir 77 cm de altura na cernelha e ultrapassar os 70 kg. A cabeça do mastim napolitano é considerada a maior da espécie. O aspecto agressivo é reforçado pelas orelhas eretas e pelas muitas rugas no rosto.
Apesar de todas estas características, o mastim napolitano é considerado um cachorro tranquilo. Ele é descrito como leal e muito amoroso (apesar da face carrancuda), extremamente forte e atlético, mas gentil com crianças e idosos. Trata-se de um cão amigável, paciente e muito dócil.
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