O que é ser inteligente? Confira qual a raça de cachorro mais inteligente.
Em primeiro lugar, precisamos dizer que todos os cachorros são inteligentes. Afinal, eles deixaram a selva para acompanhar os humanos e hoje, depois de muitas aventuras, conquistaram o direito a descansar em sofás e comer ração de primeira qualidade. Mas qual seria a raça de cachorro mais inteligente?
É difícil conceituar “inteligência”. O termo pode se referir à capacidade adaptativa (capacidade de aprender coisas novas), à capacidade operacional (facilidade em seguir ordens) ou instintivas (as competências inatas dos seres vivos).
Isto sem falar, na inteligência espacial, cinestésica e interpessoal, fatores que compõem a chamada inteligência emocional. Por muito tempo, esta características não chamaram a atenção humana — afinal, um cachorro precisava apenas saber obedecer e ser bom nas tarefas do dia a dia. Tarefas de trabalho, é claro.
Nos últimos dois séculos, com uma proximidade maior, começamos a dar atenção maior a outras características: sensibilidade, criatividade e alteridade, por exemplo. Mas estas faculdades são de difícil mensuração.
Outros atributos da inteligência são ainda mais difíceis de serem avaliados. Sabe-se hoje, por exemplo, que os cachorros repassam as atividades do dia antes do repouso noturno. Outros estudos indicam que nossos peludos conseguem criar imagens mentais a partir de cheiros. Tudo isto, no entanto, é ainda menos mensurável em testes objetivos.
Um livro publicado em 1995, “A Inteligência dos Cães”, do psicólogo americano Stanley Coren, tornou-se referência no assunto. O autor organizou uma série de testes para avaliar os peludos.
O pesquisador restringiu a sua avaliação ao entendimento dos comandos básicos e à capacidade de obediência, as duas primeiras etapas do adestramento canino.
“A Inteligência dos Cães” foi elaborado a partir de algumas sequências de testes, chamadas pelo autor de “graduações”.
Nas dez primeiras graduações, foi analisada a inteligência para o trabalho. Em cinco comandos, avaliou-se a capacidade de resposta dos voluntários.
Nas seis graduações seguintes, verificou-se a resposta para 15 comandos, dos mais simples aos mais complexos, sem necessidade de repetição da ordem.
Ao todo, os testes de Coren apresentam 80 comandos para os cachorros, todos relacionados a atividades de trabalho e de obediência.
Para organizar o ranking de inteligência de cachorros, o autor — que faz questão de afirmar que o estudo não avalia a inteligência instintiva dos animais, mas a capacidade de interação de caninos e humanos (basicamente, obediência e habilidades para o trabalho) — empregou cães de 133 raças, de acordo com a classificação da Federação Cinológica Internacional (FCI).
Os animais foram analisados por 208 árbitros, dos quais 199 preencheram completamente o questionário proposto por Coren.
O ranking apresentado pelo livro “A Inteligência dos Cães” engloba 79 raças estudadas. A classificação das raças de cachorros mais inteligentes é a seguinte:
O campeão da lista de “A Inteligência dos Cães”, o border collie, é realmente bastante inteligente. Por outro lado, os cães da raça precisam estar sempre em atividade, cooperando e colaborando com humanos.
Muitos etólogos (zoólogos especialistas em comportamento animal) afirmam que o uso das raças para ranquear a Inteligência dos cães não é um critério definitivo. Os peludos há muito deixaram o trabalho para serem fundamentalmente animais de companhia; por isto, a interatividade com humanos e outros animais de estimação deveria ser o principal ponto a ser analisado.
Chama atenção que as raças brasileiras não estão relacionadas no ranking de inteligência canina. Apenas duas raças desenvolvidas no Brasil são reconhecidas pela FCI: o terrier brasileiro (fox paulistinha) e o fila brasileiro.
Cachorros das raças: rastreador brasileiro, dogue brasileiro, buldogue campeiro, ovelheiro gaúcho e veadeiro pampeano ainda aguardam posicionamento da FCI.
O rastreador chegou a obter registro, mas foi declarado extinto em 1973, ano que havia apenas machos distribuídos no país. Mas esses machos se cruzaram com cadelas fox found e continuam esperando a avaliação oficial.
De qualquer forma, o fila e o terrier deveriam estar na lista das raças de cachorro mais inteligentes. Os criadores do país precisam investir um pouco mais na divulgação destas raças.
O estudo serve basicamente como comparação, mas pode ser empregado por corporações policiais, hospitais, asilos e orfanatos que usam cães terapeutas e instituições de treinamento de cães-guia.
Cães são naturalmente protetores. Eles já nascem com o instinto de segurança e vigilância. Os animais de companhia, mesmo sem precisar desenvolver grandes habilidades, podem aprender apenas com a convivência com humanos, gatos, aves, outros cães, etc.
De qualquer forma, não adianta nada nascer inteligente. Se esta inteligência não for cultivada com adestramento aliado a muito carinho, um filhote inteligente é apenas uma promessa.
O estudo de Coren é efetivo e muito bem realizado, é preciso dizer. Ele pode ser ampliado para outras raças e talvez incluir estudiosos (psicólogos e psiquiatras) que acompanhem os árbitros.
Efetivamente, o título de “cachorro mais inteligente do mundo” pertence a uma border collie fêmea, o que pode indicar que Stanley Coren está correto.
Chaser (2004-2019) foi uma cadela da família Pilley, moradora de Pauline (EUA). O tutor John é um psicólogo que leciona no Wofford College, faculdade da Carolina do Sul.
Usando um método de repetição, John passou a treinar Chaser diariamente. Ele mostrava um brinquedo e dizia o nome 40 vezes. Depois, com o objeto oculto, o treinador repetia apenas o nome do objeto, para que a cadela o procurasse.
Foi desta forma que Chaser aprendeu o nome de 800 bichos de pelúcia, 116 bolas, 26 frisbees e muitos outros itens, além dos nomes de vizinhos humanos e caninos.
A cadela demonstrava sentimentos quando ouvia as palavras: rosnava ou latia sorridente. Ela não memorizou apenas uma série de sons, mas estabeleceu relacionamentos com eles: efetivamente, ela aprendeu.
O estudo foi publicado no livro “Chaser: desvendando o gênio do cão que conhece mil palavra”. Pilley morreu em abril de 2018, pouco antes de completar 90 anos. 14 meses depois, foi a vez de a border collie despedir-se do planeta.
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