O rabo do cachorro é formado por ossos, nervos, músculos, articulações, pele e pelos. Ele é um apêndice fundamental para o equilíbrio dos peludos e desempenha igualmente funções importantes para a linguagem corporal. Além disso, peludo ou pelado, curto ou longo, o rabo faz parte da identidade e da beleza dos nossos melhores amigos.
A anatomia canina se divide em cinco grandes áreas: cabeça, pescoço, tronco, membros e cauda. Todas elas são interdependentes e garantem a funcionalidade dos peludos. Os cachorros são animais carnívoros adaptados a diversos ambientes e o rabo funciona como leme, remo e navegador.
Os cachorros ainda não desenvolveram uma linguagem articulada. Apesar de também se comunicarem oralmente, com latidos, rosnados, uivos e ganidos, eles usam basicamente o corpo para expressar sensações e emoções. a linguagem corporal pode ser observada não apenas em casa: ela é fundamental para a organização dos animais na natureza.
Com relação ao rabo, ele é capaz de transmitir uma série de informações para os membros do grupo:
Ele é o apêndice posterior da coluna vertebral dos mamíferos. Os primatas superiores perderam o rabo quando passaram a caminhar eretos, com o tronco suportado pelos membros inferiores. Todos os demais usam o rabo basicamente para equilibrar o corpo e os movimentos.
Mas nem todos os cães possuem rabo. Alguns nascem com caudas naturalmente curtas e rudimentares, de acordo com a anatomia de cada raça. Além disso, muitos peludos, especialmente de raças de trabalho, têm o rabo amputado pouco depois do nascimento, mas a caudectomia para fins apenas estéticos é proibida no Brasil.
O rabo dos cachorros é constituído por seis a 23 vértebras – ossos arredondados e empilhados, que constituem a coluna vertebral. As vértebras garantem o equilíbrio do tórax e do abdômen (e, portanto, de todas as funções dos órgãos aí contidos).
Elas também protegem a medula espinhal, um feixe de nervos que se conecta ao encéfalo (cérebro e o encéfalo, que, juntos com a medula, formam o Sistema Nervoso Central) e se subdivide formando o Sistema Nervoso Periférico, responsável por captar e transmitir de todo o organismo para o SNC e vice-versa.
Estas vértebras são revestidas por uma musculatura flexível e versátil, capaz de movimentos em todos os segmentos do rabo, especialmente a extremidade.
Os músculos caudais são ligados aos ossos por tendões em toda a extensão da cauda (da raiz à extremidade) e se distribuem em torno das vértebras lombares, no sacro e nas vértebras caudais. Eles são responsáveis pela proteção dos nervos da região e de diversas outras áreas, como o ânus.
Parte dessa musculatura está associada ao diafragma pélvico, ao reto (porção final do intestino) e ao ânus. De quatro a sete nervos emparelhados atendem aos músculos do rabo.
É possível compreender muita coisa sobre o comportamento dos cães apenas observando o rabo. Diversos animais usam o apêndice na comunicação e, na interação com humanos, os peludos tornaram as funções da cauda ainda mais sofisticadas. Ela expressa alegria, agressividade, estresse e muitas outras sensações e emoções.
Quando um cachorro balança o rabo para trás e para frente, geralmente ele está satisfeito, sentindo-se muito bem. Quando está curioso, o rabo fica paralelo ao chão. Um rabo dobrado indica submissão ou medo e, quando ele passa da horizontal para a vertical e fica rígida, o pet está se sentindo ameaçado ou desafiado.
O rabo tem ainda outra função na comunicação. Todas as vezes em que o cachorro move o apêndice, este ajuda a espalhar os aromas naturais do animal – e outros cães conseguem captar informações preciosas, como amizade, dominância, medo, irritação e até algumas condições de saúde.
Um dos odores mais importantes é exalado das glândulas anais, dois sacos embaixo do rabo que secretam um líquido fedorento: ele é tão específico para os cães quanto as nossas impressões digitais – ou o padrão desenhado pelas listras de uma zebra.
Ao abanar o rabo, os cachorros pressionam os músculos da região anal e, consequentemente, as glândulas anais. Um cachorro dominante e territorialista caminha com o rabo alto ou, pelo menos, alinhado com a linha superior do dorso, comunicando a todos que está ali “o dono do pedaço”. Já um indivíduo submisso e medroso caminha com o rabo entre as pernas, justamente para disfarçar o cheiro e não chamar atenção.
Este é o motivo por que os cachorros tendem a cheirar traseiros. Geralmente, eles fazem isso quando são apresentados a pessoas estranhas, mas também podem decidir conferir se está tudo certo quando os membros da família voltam para casa. Eles coletam informações preciosas com o gesto.
O rabo também funciona como um contrapeso para os movimentos mais bruscos e violentos, como saltar, escalar ou caminhar em estruturas estreitas. Os cachorros especializados em corridas tendem a apresentar caudas longas e finas em relação ao tronco, característica que facilita o galope e permite curvas muito fechadas. Isto é útil não apenas nos treinamentos de corrida e agility: é fundamental para a caça.
Os cães de outras raças, especialistas em natação, usam o rabo como leme, para garantir a precisão nos mergulhos e travessias. É por isso que golden retrievers, terras novas e retrievers do Labrador apresentam caudas largas e achatadas, fortes e muito flexíveis, para facilitar os movimentos aquáticos.
Ainda há outra função extremamente importante. Os cães surgiram nas estepes frias da Eurásia e o aquecimento sempre foi fundamental para garantir a saúde. As raças nórdicas apresentam caudas grossas e bem recobertas. É o caso do samoieda, do husky siberiano e do malamute do Alasca.
O apêndice ajuda a aquecer o corpo e, por isso, eles continuam dormindo “enrodilhados”, com o rabo protegendo o focinho. Isto ajuda a aquecer o ar inalado, que chega aos pulmões em temperaturas mais adequadas, prevenindo o desenvolvimento de infecções e inflamações respiratórias.
Como se pode verificar, o rabo atende a uma série de necessidades dos cachorros, determinadas não apenas pela evolução da espécie, mas também pela seleção artificial, responsável pelo desenvolvimento de diversas raças caninas.
Os cinófilos utilizam diversos critérios para classificar os rabos caninos. Eles são assim diferenciados:
Alguns exemplos ajudam a entender melhor os diferentes formatos dos rabos caninos:
Os formatos também recebem outros nomes, derivados dos termos empregados pelas associações cinológicas. Desta forma, um rabo de porte alto e ereto é chamado de “alegre”. Outras expressões são usadas para indicar faltas: uma “cauda morta” é um rabo sem força erétil, denotando enfraquecimento muscular e dos ligamentos intervertebrais. Uma “cauda quebrada” é a que sofre dobras durante a movimentação. A condição indica má-formação genética ou recuperação inadequada de traumas.
Já uma “cauda desviada” é aquela que, com o cachorro em movimento, desvia-se para as laterais, não acompanhando a marcha. Esta condição pode indicar desequilíbrio dinâmico ou fraqueza muscular, mas quase sempre é penalizada apenas por motivos estéticos.
Algumas condições prejudicam a saúde dos cães e estão relacionadas diretamente ao rabo. A maioria das doenças está associada a más-formações congênitas. Também não é incomum que as cadelas (especialmente as mães de primeira viagem) amputem algumas vértebras, prejudicando as funções anatômicas.
A ausência total ou parcial da cauda é tão grave em alguns casos que chega a ser considerada falta grave ou desqualificante em exposições e competições oficiais. O padrão oficial de diversas raças é categórico em relação a esses defeitos. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina Veterinária proíbe formalmente a amputação estética do apêndice.
Os cachorros também podem ter outros problemas, especialmente os causados por traumas decorrentes de brigas e acidentes. As luxações, fraturas e feridas nos tecidos moles do rabo provocam disfuncionalidades, além de muita dor e desconforto para os peludos.
A síndrome da cauda equina é um processo degenerativo decorrente da compressão dos nervos no rabo (a condição também ocorre entre humanos). Ela pode ser causada por anomalias congênitas, traumas ou até mesmo tumores e infecções na região.
Os cães de grande porte apresentam maior predisposição para a síndrome, mas ela é relativamente frequente também em dachshunds e buldogues. Os sintomas iniciais são difusos: o cachorro começa a mancar, por exemplo, ou passa a recusar atividades físicas mais intensas ou prolongadas.
A doença tende a se tornar crônica. Os cães afetados exibem dificuldade de locomoção, dor lombar, redução da movimentação da cauda, dificuldade para deixar a posição de descanso, incontinência urinária e fecal e atrofia muscular. O diagnóstico quase sempre é obtido através de exames de imagens.
O tratamento consiste em medicamentos para aliviar a osteoartrite, as dores e outras inflamações e infecções. Em muitos casos, a síndrome é determinada pelo desenvolvimento de tumores cancerígenos. O veterinário também pode indicar um procedimento cirúrgico, mas tudo depende das condições gerais do cachorro.
Quando um cachorro apresenta anéis muito fechados no rabo, isto pode significar a presença de transtornos ortopédicos graves. As caudas de saca-rolhas dos pugs, por exemplo, têm este formato quase sempre determinado por irregularidades severas nas vértebras, e isto quase sempre atinge a coluna lombar.
Uma doença curiosa é a dermatite ao redor da raiz da cauda. Ela é relativamente frequente nos cães com rabo do tipo parafuso ou saca-rolha, como o boston terrier e os buldogues. É uma das principais causas da alopecia na cauda, que também pode ser provocada por outras alergias, infestações por pulgas e carrapatos e até mesmo por alguns maus hábitos adquiridos (como perseguir o rabo até causar ferimentos).
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