Conheça os cachorros com olhos azuis. Os olhos azuis são exceções, tanto em cachorros quanto em humanos. Entre nós, eles são determinados por uma alteração no gene OCA2, que literalmente reduz a produção de melanina e clareia a pele, os olhos e os cabelos. Até pouco mais de dez mil anos, até surgir a mutação, todos os nossos ancestrais tinham pele escura e olhos castanhos.
Os olhos azuis, nos cães, são determinados pela “ausência de cor”. O azul dos olhos de um husky siberiano, por exemplo, é apenas o reflexo da luz no próprio globo ocular, que não é absorvida pelos cones: células fotorreceptoras presentes na retina.
Existem vários fatores genéticos que determinam a pigmentação dos olhos dos cachorros. Em algumas raças caninas, os olhos surgem por causa da produção reduzida da melanina. Na maioria dos peludos, os olhos são castanhos ou pretos (a cor verde é apenas uma variedade do marrom).
O fenômenos é raro e quase sempre identificado em cães adaptados a regiões frias, nas quais os olhos refletem a maior parte da luz solar e permitem melhor uso da visão. Não por acaso, a maioria dos cães de olhos azuis se desenvolveu nas regiões temperadas e glaciais do hemisfério norte.
Estes cães foram empregados como pastores de renas, para a caça e principalmente para tração. Conduzidos por pastores e coletores nômades, animais como o husky siberiano enfrentavam longas viagens sobre terrenos nevados.
Mas os olhos azuis nos cachorros, que encantam a maioria dos cinófilos, podem ter origem em condições anômalas. É o caso dos portadores do gene merle, que modifica ou suprime outro gene responsável pelas cores.
A maior parte dos cães de olhos azuis faz parte de raças do tipo primitivo, ou de padrões desenvolvidos mais recentemente, mas com cruzamentos seletivos entre cachorros spitz ou nórdicos. A condição é recente e não surgiu entre nenhuma raça desenvolvida em regiões tropicais.
É possível encontrar linhagens de beagles, pastores alemães, dobermans, poodles, golden retrievers e retrievers do Labrador com olhos azuis, mas eles são exceções à regra. O padrão de algumas raças caninas considera que esta cor é uma falta mais ou menos grave, especialmente quando os olhos são porcelanizados.
As seguintes raças caninas, no entanto, desenvolveram olhos azuis aliados à boa saúde e à perfeita visão. Para algumas delas, a característica é inclusive desejada e procurada em cruzamentos seletivos.
Para muitos amantes de cães, é a primeira raça que vem à mente quando se fala em olhos azuis. Parte do mistério do husky siberiano reside nos belos olhos profundos, mas que também revelam curiosidade, disposição e amizade.
Os olhos azuis dos cães da raça são quase totalmente desprovidos de pigmentos. O resultado é um visual elegante e charmoso. Mas nem todos os huskies siberianos têm olhos claros. Eles também podem ser castanhos (claros ou escuros) e a heterocromia é relativamente frequente (está presente em cerca de 20% dos indivíduos). A cor azul não está associada a deficiências e transtornos orgânicos.
A raça surgiu nos anos 1970. A ideia era obter cães parecidos com o husky siberianos, mas de porte menor (o klee kai alcança de 30 cm a 43 cm de altura na cernelha). Para eliminar traços de nanismo, também foram utilizadas as raças esquimó americano e schipperke (um cão belga de constituição lupina).
Da mesma forma que ocorre com husky, alguns klee kais apresentam olhos castanhos e a heterocromia é frequente. A raça ainda não obteve reconhecimento internacional, mas tem um padrão publicado pelo American Kennel Club (AKC).
Os olhos azuis são permitidos pelo padrão do AKC, mas são considerados falta desqualificante pela Federação Cinológica Internacional (FCI). O motivo é que, para a entidade, entre os malamutes do Alasca, os olhos claros estão relacionados a transtornos oculares e auditivos.
De qualquer maneira, os malamutes de olhos azuis são relativamente comuns, mesmo que a maioria tenha olhos castanhos ou pretos. Atualmente, estão sendo realizados estudos para identificar até que ponto a condição interfere na saúde e na qualidade de vida dos cães da raça.
Apesar do nome, a raça foi desenvolvida exclusivamente nos EUA. Os cães atuais descendem de pastores bascos, levados da Austrália para a América do Norte no início do século 19. Eles se tornaram populares como “cães de rodeio” em exposições agropecuárias (e, mais tarde, em programas de TV criados para este público).
Os olhos azuis do pastor australiano são determinados pelo merle, que é considerado uma anomalia genética. Os criadores da raça, no entanto, argumentam que as deficiências identificadas entre os cães da raça são menos graves (e também em menor número) do que na população canina global. O padrão da FCI permite que os cães tenham olhos azuis, castanhos e cor de âmbar; o porcelanizado nos olhos e o marmorizado na pelagem não são considerados faltas para os pastores australianos.
É mais uma raça canina em que o gene merle parece não afetar a saúde e a qualidade de vida. A maioria dos border collies apresenta olhos castanhos, mas o padrão permite olhos azuis (inclusive porcelanizados)., assim como a pelagem “sal e pimenta”.
Os cães da raça são conhecidos pela resistência e rusticidade. O padrão da FCI considera falta, para o border collie, apenas a timidez ou agressividade excessiva, além de anomalias que prejudiquem a movimentação livre destes cachorros.
Mais uma vez, o padrão da raça desqualifica os cães de olhos azuis, sejam sólidos, sejam porcelanizados. Os olhos do dálmata devem seguir a cor das manchas na pelagem (preto ou fígado). Mesmo assim, um grande número de cães da raça exibe belos olhos azuis.
No Brasil, a condição é considerada falta grave. Dálmatas de olhos azuis não recebem pedigree, nem podem participar de competições oficiais. Não há dúvida, no entanto, de que são animais muito bonitos. Estudos continuam sendo feitos para conhecer a extensão real dos danos desta anomalia genética na raça.
O padrão prevê apenas olhos escuros para este cachorro simpático e bonachão. De acordo com as regras oficiais, o buldogue inglês não pode nem ao menos revelar o branco dos olhos quando observado de frente.
Os motivos são simples: os cães da raça têm olhos muito expostos, em função da estrutura craniana. Por isso, os criadores tentam obter animais sem olhos esbugalhados, sem entrópio nem ectrópio. A despigmentação pode afetar ainda mais a saúde do buldogue inglês. Mesmo assim, os olhos azuis tornam os cães da raça especialmente bonitos, quebrando a aparência dominante e agressiva.
Este pequeno cão pastor tem olhos de tamanho médio, que oficialmente podem ser azuis, porcelanizados ou sólidos. O padrão merle é permitido para a raça. Além dos olhos claros, o pastor de Shetland azul merle exibe pelagem azul-claro prateada, manchada e marmorizada com preto.
O pastor de Shetland também pode ter a pelagem sable (do dourado pálido ao vermelho escuro), tricolor (branco, preto e castanho) ou bicolor (preto e branco e preto e castanho), mas os criadores não devem cruzar cães de cores diferentes.
Este caçador natural da Alemanha exibe pelagem cinza e olhos cor de âmbar, mas a exposição ao sol causa alterações profundas. Os animais que vivem em regiões mais quentes podem ter a pelagem derivando para o sable e os olhos mantêm o tom dos recém-nascidos: azul-claro.
Nos EUA, o AKC e o UKC (United Kennel Club) permitem o registro oficial de cães com olhos azuis, mas a FCI ainda restringe o pedigree para os cães cinza de olhos cor de mel. De qualquer maneira, a cor dos olhos do weimaraner não interfere na saúde, não está associada ao merle e parece ser apenas uma adaptação a regiões mais ensolaradas.
Os olhos azuis aparecem apenas na variedade arlequim do dachshund: os cães tigrados, bicolores e sólidos não apresentam esta característica, que está associada ao gene merle, que, neste caso, não indica anomalias nem deficiências.
Além dos olhos azuis, o dachshund arlequim deve ter como base uma cor escura (marrom, vermelho ou preto), com manchas irregulares de cinza e bege formando o padrão marmorizado. Mas, se o merle é permitido, a pigmentação fraca, que se manifesta em cores esmaecidas, é severamente desqualificada.
Este cãozinho pequeno não apresenta apenas as pernas curtas, corpo alongado e orelhas grandes e eretas. Ele também pode revelar o merle na pelagem irregular e nos olhos azuis, além de ter a heterocromia como característica frequente (inclusive com o azul e o castanho presentes nos dois olhos).
A densa pelagem do corgi galês cardigan é dupla e pode ser preta, branca, vermelha, sable e tigrada. Quando o gene merle se manifesta, grandes áreas do corpo se recobrem de cores irregulares, no melhor estilo sal e pimenta.
Os olhos azuis são permitidos apenas nos dogues alemães arlequins e azuis (nos primeiros, a heterocromia é comum). Cães com outras pelagens (dourado, tigrado ou sólido, independente da cor) devem apresentar olhos escuros. Nem mesmo o âmbar é permitido.
A condição está associada à presença do gene merle, que aparentemente não compromete a saúde dos dogues alemães. Contudo, existem cães arlequins de olhos escuros: apenas os azuis sempre “combinam” a cor dos olhos.
O padrão oficial da raça permite todas as cores para os olhos do pitbull, menos o azul, que é considerado uma falta grave (animais de olhos esbugalhados ou de cores diferentes também são penalizados). Mesmo assim, a cor é comum entre os cães de pelagem clara.
Muitas pessoas, no entanto, não consideram o merle uma anomalia genética para a raça – existem inclusive criadores especializados em cães salpicados de olhos azuis. Ao que tudo indica, pitbulls de olhos azuis não sofrem com problemas específicos de saúde.
Os olhos azuis são permitidos para o old english sheepdog, mas eles precisam ser profundos – olhos claros são considerados falta grave. Explica-se: os cães da raça apresentam despigmentação com frequência, inclusive nas pálpebras. Quando ela atinge também os globos oculares, podem ocorrer várias deficiências físicas.
A natureza dotou inclusive os cães da raça com belas franjas, que contribuem para proteger a região dos olhos. Atualmente, os criadores procuram fixar pálpebras, trufa e lábios bem pigmentados, já que o old english sheepdog passa boa parte do tempo ao ar livre, apesar de ter se aposentado do pastoreio há muito tempo.
O cão leopardo de Catahoula foi desenvolvido na região de Catahoula Parish (Louisiana, EUA). O nome foi dado pela facilidade destes cães em escalar árvores. É mais conhecido como “cur”, designação genérica para cachorros mestiços, especialmente os ferozes e agressivos.
A raça ainda não está totalmente desenvolvida e nem mesmo o AKC mantém um padrão oficial em seu site. Muitos exemplares de catahoula cur são azuis merle, com pelagem tigrada ou manchada (como a de um leopardo), olhos azuis porcelanizados e pelos marmorizados.
Ainda não há estudos suficientes para definir se o merle causa prejuízos à saúde destes cães. Eles estão se tornando cada vez mais populares – foram inclusive eleitos como símbolo da Louisiana – e um padrão oficial deve surgir em poucos anos, quando as características da raça estiverem suficientemente fixadas.
Belos olhos azuis podem significar problemas de saúde, que afetam especialmente a visão e a audição. Na maioria dos casos, trata-se de uma condição hereditária, mas eles também podem surgir em decorrência de acidentes domésticos.
Relacionamos a seguir os motivos patológicos mais frequentes para os olhos claros nos cachorros.
• O azul merle - o resultado são cães de pelagem salpicada e olhos azuis muito claros. Os cães merle são muito bonitos, mas a condição genética está associada a algumas deficiências, como diversas desordens auditivas e oftálmicas, que podem chegar à surdez e à cegueira.
As raças mais predispostas à manifestação do gene merle são: border collie, rough collie, dachshund, pastor de Shetland, corgi galês (notadamente a variedade cardigan), chihuahua e cocker spaniel.
Em geral, quando o gene merle se manifesta, os cães portadores não são aproveitados para reprodução. Atualmente, existem exames laboratoriais que identificam sete tipos de genes responsáveis pelos olhos porcelanizados e pela pelagem marmorizada. Quem pensa em adotar um cão de raça deve estar atento a estas condições genéticas.
• O albinismo: trata-se de um transtorno genético, no qual a produção da melanina é ausente ou deficitária. A pigmentação deixa de se manifestar não apenas nos olhos, que refletem a luz solar sem nenhuma absorção, mas também na pele, unhas, mucosas e pelagem.
O albinismo pode ser notado quando os cães ainda são recém-nascidos. Os filhotes passam alguns dias com os olhos fechados. Ao abrirem, as íris são azuis ou acinzentadas. Quando se mostram vermelhas ou esbranquiçadas, elas indicam problemas mais ou menos graves de pigmentação. Estes cachorros precisam ser acompanhados por veterinários e receber cuidados extras, para não se expor demasiadamente ao Sol, mas podem levar uma vida relativamente normal. O único cuidado é evitar as queimaduras de pele.
• A heterocromia: a palavra vem do grego antigo e significa “cores diversas, diferentes”. A condição é determinada por causa de um excedente de melanina no organismo e, em alguns casos, da carência ou deficiência na produção desta proteína.
A heterocromia pode provocar visuais exóticos e elegantes nos cães. Ela é relativamente frequente no husky siberiano, mas também pode ser observada em dálmatas, chihuahuas, cocker spaniels, beagles, corgis galeses e border collies.
O motivo mais comum é genético e, nesses casos, os olhos de cores diferentes podem ser notados poucos dias depois que os filhotes abrem os olhos. A heterocromia genética não afeta a visão dos cachorros.
Em casos mais raros, a heterocromia pode ocorrer em função de traumas (quedas, pancadas, etc.), quase sempre nos primeiros dias de vida. Em geral, a manifestação não está associada a outros sinais clínicos, mas alguns cães que desenvolvem a condição podem ter deficiências oculares e auditivas.
• A esclerose do cristalino: esta condição provoca a chamada heterocromia difusa: gradualmente, surgem bordas azuladas em torno da íris de cor escura. A condição está associada ao envelhecimento e é mais frequente nos animais com mais de seis anos.
Nestes casos, ocorre a compressão do cristalino, fazendo com que a estrutura perca a flexibilidade. O azul tende a ocupar áreas cada vez mais extensas. A rigidez não está diretamente relacionada a problemas de visão, mas recomenda-se levar o cachorro ao veterinário.
Aproveite para compartilhar clicando no botão acima!
Visite nosso site e veja todos os outros artigos disponíveis!