Os cachorros descendem dos lobos. Por isso, nada mais natural que sejam animais grandes – todas as espécies de lobo apresentam 65 cm de altura na cernelha, em média. As raças caninas foram desenvolvidas pelos humanos, ao longo dos últimos 15 anos, e alguns indivíduos conquistaram o título de maiores cães da Terra.
Mas, por que tanta diferença? O motivo é simples: os cães foram desenvolvidos para exercer atividades diversas: caçar, guerrear, montar guarda, recuperar caça, proteger pessoas e propriedades, etc.
Na caça, por um lado, havia a necessidade de combater roedores que prejudicavam hortas e jardins; por outro, era preciso defender-se do ataque de animais imensos, como ursos e lobos. Desta forma, surgiu o yorkshire terrier, especialista na caça a ratos em galerias das minas inglesas de carvão.
Também surgiram animais de porte e médio, como cocker americano, poodle e spitz alemão. Além de menores, eles também são delicados o suficiente para não estragar a pele ou as plumas de uma presa.
Algumas raças caninas mantiveram o tamanho, a força e a robustez dos ancestrais e, apesar de muito poucos indivíduos continuarem se dedicando à caça em tempo integral, os grandes preservaram o tamanho.
Relacionamos a seguir as raças dos maiores cães da Terra. O critério adotado é que todos os animais destas raças atingem 60 cm (ou mais) de altura na cernelha. As raças apresentadas são oficialmente registradas na FCI (Federação Cinológica Internacional) e na CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia).
Oficialmente, o maior cão da Terra é um dogue alemão. Ele se chamava Zeus e vivia Em Michigan, EUA. O cachorro atingiu 1,11 metro de altura e tornou-se destaque no “Guinness Book of Records”.
Dogues alemães normais são menores. Eles atingem 72 cm (fêmeas) a 80 cm (machos) e não devem ultrapassar 90 cm, de acordo com o padrão oficial. Além de grandes, são bastante ágeis, característica herdada dos caçadores de javalis alemães.
É uma raça bastante antiga: há desenhos de cães semelhantes ao mastim inglês nos documentos deixados pelos antigos egípcios. A raça descende de mastins europeus do século 16 e ajudou a gerar os atuais buldogues, pitbulls e staffordshire terriers, todos bem menores que o avô.
Um mastim inglês atinge 91 cm de altura (machos) e chega a pesar 100 kg. Criado para a briga, ele se tornou violento e assustador. No início do século 20, criadores da Grã-Bretanha tiveram de importar alguns cães para retomar a raça, atualmente bem mais dócil.
Alguns dos traços característicos da raça são preservados desde a época do cane pugnax (um dos molossos ancestrais) dos antigos romanos. A raça começou a ser recuperada no início do século 20, na Itália.
Um mastim napolitano pesa 70 kg e mede 77 cm de altura. Apesar da cara de mau, os cães da raça são descritos como leais, pacientes e dóceis. A pele enrugada (principalmente no rosto), aliás, tinha uma vantagem nas lutas: era difícil neutralizar um cão desses, por causa da dificuldade em atingir os órgãos internos e causar danos letais.
Depois do desmatamento das florestas europeias, que se intensificou a partir do final do século 16, a função dos cães desta raça era combater os lobos que, expulsos do hábitat natural pela ação humana, frequentemente invadiam cidades e aldeias.
Cem anos antes, decretos reais determinavam o número mínimo de wolfhounds por condado irlandês – era uma estratégia para defender os rebanhos. O wolfhound descende de galgos criados pelos celtas na França e na Irlanda, local em que os cães atingiram o maior porte: atualmente, a altura desejada para os machos é de até 86 cm. Elegantes, os maiores indivíduos pesam apenas 60 kg.
No século 11, no alto da passagem de São Bernardo (há 2.500 metros do nível do mar), entre a Suíça e a Itália, foi criado, por monges, um refúgio para viajantes e peregrinos. Nesse hospício, viviam grandes cães, que acompanhavam os visitantes em seus deslocamentos – e os socorriam quando se perdiam ou ficavam presos em uma nevasca.
Assim nasceu o São Bernardo, uma raça de gigantes dóceis e pacientes que impressionam pela imensa cabeça e pela delicadeza com que cuidam dos necessitados. Um macho atinge 90 cm de altura e uma fêmea, 80 cm. Cães maiores não são penalizados em competições, desde que o conjunto seja equilibrado e harmonioso.
É um parente próximo do mastim napolitano e descende igualmente do cane pugnax dos romanos. O nome da raça deriva do latim “cohors”, que significa “protetor, guardião”. O cane corso é robusto e poderoso, mas apresenta músculos esguios e movimentos suaves ágeis.
Estes cães são caçadores, guardiães da propriedade e da família. Eles não gostam de estranhos e são extremamente atentos aos movimentos e odores ao redor. Os machos medem de 64 cm a 68 cm e as fêmeas, de 60 cm a 64 cm.
Quando se fala de populações ancestrais americanas, não se pode esquecer do terra nova: ele nasceu do cruzamento entre cães nativos e o grande cão urso preto, introduzido no continente pelos vikings, ainda no século 12.
O trabalho moldou a raça: eles já puxaram cargas pesadas, serviram como cães d’água e até como salva-vidas. Por isso, são animais fortes e maciços. Os machos atingem 71 cm de altura e pesam até 58 kg. As fêmeas são ligeiramente menores.
Na década de 1830, um conselheiro da cidade de Leonberg (próximo a Stuttgart, na atual Alemanha) acasalou uma fêmea terra nova e um macho do Convento de Grande São Bernardo. Anos mais tarde, cães de montanha dos Pireneus também participaram dos cruzamentos seletivos.
O objetivo do conselheiro era obter um cachorro semelhante a um leão, o símbolo da cidade. Assim nasceram estes cães predominantemente brancos de pelagem longa, fortes e corajosos, mas gentis e dóceis – eles podem ser levados a qualquer lugar sem sustos. A altura do leonberger fica entre 70 cm e 80 cm.
Em um cão para trabalhos pesados: pastoreio, manejo de gado, tração de cargas. Em turco, ele é chamado “coban köpegi”, ou simplesmente “cão pastor”. O pastor da Anatólia – península que ocupa a maior parte do território da Turquia – provavelmente descende dos grandes cães da Mesopotâmia, criados por sumérios, caldeus e assírios.
Os cães da raça são altos, bem constituídos, fortes, velozes, dotados de cabeça ampla e dupla pelagem densa. São andarilhos por natureza. Machos e fêmeas atingem 80 cm de altura e são extremamente resistentes às mudanças climáticas.
A raça surgiu na Província de Córdoba, na primeira metade do século 20, descendente do “velho cão de briga” da região, cruzado com buldogues, dogues alemães e wolfhounds irlandeses.
É um animal potente, que atinge facilmente os 68 cm, com 45 kg bem distribuídos (as fêmeas são um pouco menores). O dogo argentino destacou-se principalmente na habilidade para a caça: ele é capaz de atacar suçuaranas, mas a presa de eleição é o javali, introduzido pelos europeus como animal de abate, mas que se adaptou com facilidade em diversas regiões da América do Sul.
Foi o primeiro cão brasileiro a ser reconhecido internacionalmente. A origem da raça é imprecisa, mas acredita-se, pela avaliação da aparência, que o fila herdou as orelhas caídas e a pele solta do bloodhound, a estrutura óssea do mastim inglês e a resistência dos antigos buldogues.
O fila brasileiro é um cão independente, dominante, dotado de temperamento forte, que requer tutores experientes para que seja bem educado e mantenha-se ajustado. Em contrapartida, é comportado, seguro e se dá bem com crianças. Um cão da raça atinge 75 cm de altura e pesa por volta de 50 kg.
A raça resultou de cruzamentos entre cães-lobos japoneses e algumas raças ocidentais, como buldogues antigos, dogues alemães, mastiffs e pointers. O tosa inu impressiona pela constituição imponente e a robustez. A cabeça grande e as orelhas pendentes reforçam a impressão de nobreza.
Também conhecido como mastiff japonês, o tosa alcança pelos menos 60 cm de altura e pesa até 90 kg. O temperamento é caracterizado pela paciência, mas também pela coragem e audácia, já que a raça foi desenvolvida para as rinhas de cães.
É uma raça originária da Hungria, que provavelmente resultou do cruzamento de cães nativos da Ásia central. O komondor já estava presente quando os magiares, vindos dos montes Urais, estabeleceram-se na bacia dos Cárpatos, no século 9º. Os cães da raça apresentam coragem inabalável na guarda de pessoas e de patrimônio.
A aparência do komondor gera surpresa, muita admiração e um pouco de medo. Ele e o puli, outra raça húngara, são os únicos cães do mundo a ostentarem dreadlocks na pelagem. O komondor é dominante, territorialista e desconfiado. Costuma ficar deitado durante o dia, mas passa as noites em movimento constante. A altura mínima dos machos é de 70 cm e das fêmeas, 65 cm.
É um dos mais antigos cães franceses, descendente dos alanos, molossos que habitaram a Eurásia até o século 16, época em que surgiram os primeiros “dogues”, termo que deu origem ao inglês “dog”. Até o século 18, havia vários dogues na França, todos nomeados de acordo com a cidade de origem: de Paris, de Toulouse, etc. O de Bordeaux (Bordéus) é o único sobrevivente.
O dogue de Bordeaux é um cão molossoide braquicefálico concavilíneo. Isto quer dizer que ele é grande, tem o focinho achatado e a linha entre a cabeça, pescoço e dorso é levemente côncava. Machos e fêmeas alcançam mais de 65 cm de altura.
O nome da raça, “observador da terra”, foi dado em homenagem ao pintor inglês Edwin Landseer, que retratou estes cães em diversas obras, na primeira metade do século 19. O landseer se desenvolveu na Europa central, entre a Alemanha e a Suíça.
Os cães da raça se especializaram em operações de salvamento. O pintor inglês teria observado o resgate de uma pessoa afogada e se apaixonado imediatamente. Além de heroico, o landseer é doce, amável, obediente, protetor gentil e muito grande: os machos chegam facilmente aos 80 cm de altura.
É provavelmente a raça japonesa mais popular no Brasil. No Oriente, o akita, então chamado matagi, frequentou rinhas de cães pelo menos a partir do início do século 17. O cruzamento com tosas e mastiffs ingleses tornou a raça ainda maior.
O akita, um sobrevivente de guerra (alguns cães foram usados para fornecimento de couro e carne), é um cão calmo, fiel, receptivo e dócil, apesar de independente. É um animal robusto, digno, bem balanceado e com muita substância. Os machos atingem 67 cm de altura e as fêmeas, mais delicadas, 61 cm.
O boiadeiro de Berna é um antigo cão de fazenda, utilizado para guarda, tração e manejo de rebanhos. No século 19, os produtores de leite suíços usavam cães da raça para entregar carne e leite para os moradores das cidades próximas. O nome oficial da raça foi adotado em 1910. No Brasil, a raça foi apelidada como “bernese”.
É um cão forte e sólido, de pelagem tricolor, com uma cabeça que lembra o rottweiler e o São Bernardo. Machos e fêmeas atingem 70 cm de altura, mas os criadores dão preferência a animais um pouco menores, entre 60 e 66 cm.
Os ancestrais da raça eram especialistas na caça de aves, especialmente na época da falcoaria. Os pointers se espalharam rapidamente, no século 15, pela Espanha, França e Flandres, chegando por fim à Alemanha. Com a aposentadoria dos falcões, o braco alemão continuou caçando e participou ativamente em campeonatos de tiro ao pombo (hoje proibidos em quase todo o mundo).
São duas raças diferentes, reconhecidas pela FCI e pela CBKC: o braco alemão de pelo curto atinge 66 cm; os cães de pelo duro são ligeiramente maiores. Os cães das duas raças são aristocráticos e demonstram resistência, força e velocidade. São animais equilibrados, confiáveis e controlados, devotados à família humana.
Apesar de ter sido usado e abusado em esportes violentos e ter a imagem explorada em filmes cinematográficos cujos diretores não sabiam nada sobre cachorros, o doberman continua sendo um cão amigável, calmo e dedicado. O padrão oficial afirma que é desejado um grau leve de agressividade e excitação, necessário para as funções policiais e de guarda.
Extremamente adaptável a qualquer ambiente social, o doberman é um cão sóbrio, autoconfiante e corajoso. São animais imensos, mas esguios e elegantes: atingem 72 cm de altura (as fêmeas, 68 cm), mas o peso não ultrapassa os 40 kg.
Beauce é uma região do norte francês, entre os rios Sena e Loire. No fim do século 19, os termos “cão de Beauce”, “beauceron” e “bas-rouge” foram escolhidos para designar estes pastores das planícies, de pelo liso na cabeça e duro no restante do corpo; estes cães têm pelagem preto e fogo, com manchas castanhas avermelhadas nas pernas, daí o nome “bas-rouge” (meias vermelhas).
O pastor de Beauce é um cão rústico, sólido, forte, bem constituído e musculoso, sem ser pesado. Aproxima-se com facilidade das pessoas, sem demonstrar agressividade nem medo. É um cão gentil e dócil, que atinge 70 cm de altura.
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