Cachorra desfigurada é salva de ser sacrificada

Depois de um acidente, a cachorra ficou desfigurada e quase foi sacrificada, até ser finalmente salva.

Mugsy é uma cachorra mestiça de spitz japonês e maltês: branca, peluda e muito fofa. Ela nasceu e passou os primeiros meses de vida no Irã, até que um terrível acidente desfigurou-a e mudou a sua trajetória para sempre.

O acidente aconteceu quando Mugsy tinha apenas 40 dias. Era um filhote esperto e curioso, como todos, mas alguém ficou incomodado com a agitação da cachorra e decidiu interromper a brincadeira de um modo cruel: ele jogou ácido na cabeça da pet – apenas uma substância de limpeza, mas suficientemente prejudicial para quase matar a filhote.

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Uma cachorra desfigurada

O ataque com ácido destruiu tecidos e ossos de Mugsy. Ela perdeu pele e músculos, além de ter um olho e uma orelha totalmente dilacerados e a mandíbula seriamente afetada pela substância corrosiva. Felizmente, ela recebeu os primeiros socorros a tempo – do contrário, a morte seria certa.

Mugsy – então chamada de Hapoochi – foi socorrida imediatamente por voluntários da Persian Paws Rescue, uma entidade sem fins lucrativos que resgata, acolhe e encaminha animais abandonados ou que sofreram maus tratos.

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A Persian Paws tem o centro de operações baseado em Teerã, a capital do Irã, onde Hapoochi vivia com a família. Os tutores, no entanto, não tinham condições financeiras para arcar com o tratamento médico da cachorra, que inclusive não podia oferecer garantias de sucesso pleno.

A eutanásia surgiu como opção, para minorar o sofrimento da cachorra e também porque as probabilidades de encontrar um novo lar para Hapoochi eram mínimas. Cães idosos, doentes e deficientes ocupam os últimos lugares na fila da adoção.

O sacrifício da cachorra foi finalmente acertado, mas os voluntários da Persian Paws não concordaram com a decisão. A entidade contou com o apoio da Loved At Last Dog Rescue, uma organização com base no Canadá que atua em diversos países.

Viajando para longe

Um dos voluntários se ofereceu para custear a cirurgia para retirar o olho direito da cachorra, que parecia ser o principal foco de dor naquele momento. Havia também sérias preocupações sobre as condições das vias aéreas da mestiça e, por isso, ficou combinado que a pet seria transferida para o Canadá.

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Havia um problema: a cachorra só poderia entrar no país da América do Norte se fosse adotada por um cidadão canadense. Entrou em cena, então, Samantha Taylor, assistente de laboratório de um centro veterinário canadense, que já conhecia o trabalho da Loved at Last Dog e concordou em receber a mestiça em adoção.

Samantha estava navegando pelo site da entidade, com a qual já colaborava financeiramente. Ela viu a descrição de um caso, mas as imagens estavam ocultas, apenas com a legenda: “cenas potencialmente chocantes”.

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“Não pode ser tão ruim assim”, pensou a jovem canadense. Quando ela clicou, percebeu que o caso era muito grave. Sam leu a história em detalhes, emocionou-se com a trajetória da mestiça e resolveu que poderia contribuir ativamente; apenas uma contribuição financeira não resolveria a situação.

Antes de decidir, Sam ainda pediu a permissão de sua colega de quarto, com quem divide a casa. A colega também ficou impressionada com a história da cachorra e simplesmente admitiu que era preciso fazer alguma coisa. Então, Samantha Taylor assumiu oficialmente a tutela da cachorrinha iraniana.

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Desta forma, a cachorra foi transferida e passou a residir em Burnaby, cidade na região metropolitana de Vancouver, na Colúmbia Britânica (costa oeste do Canadá). A Persian Paws transfere diversos animais do Irã para a América do Norte com ajuda de voluntários que visitam o país e concordam em voltar com um peludo na bagagem.

De acordo com Sam Taylor, “a cachorrinha mestiça tem a aparência de Voldemort, mas tem o coração de Harry Potter”, uma referência aos personagens da saga da escritora britânica J. K. Rowling.

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A cachorra, rebatizada finalmente como Mugsy, foi diretamente do aeroporto ao hospital veterinário, tão logo foi desembaraçada na alfândega pela nova tutora. O tratamento cirúrgico foi particularmente delicado.

Nas duas primeiras intervenções, os médicos retiraram os tecidos necrosados do rosto de Mugsy. Em seguida, a cachorra permaneceu recebendo antibióticos, para superar as infecções bacterianas que havia contraído com as estruturas expostas em função das queimaduras causadas pelo ácido.

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A terceira cirurgia foi a mais delicada. A orelha restante de Mugsy foi dobrada sobre o rosto e ligada a área das narinas. O pavilhão auditivo funcionou como um enxerto, contribuindo para irrigar a parte superior do nariz.

Mugsy ficou alguns dias sem enxergar, porque a orelha cobriu o olho não afetado pelo ácido. Em seguida, os cirurgiões implantaram stents (pequenas molas flexíveis) entre o focinho e a laringe, para fazer as vezes das narinas, destruídas no ataque.

Com isso, Mugsy passou a respirar livre e amplamente, sem auxílio de equipamentos. A orelha foi desligada do rosto e suturada, permitindo a revascularização da face. A cachorrinha voltou a enxergar.

No total, Sam Taylor e a Loved at Last Dog empregaram US$ 7.000 nas três cirurgias, além dos custos de enfermagem e hospitalização. Com a recuperação do terceiro procedimento cirúrgico, Mugsy pôde finalmente voltar a brincar como um filhote normal.

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