Esta história tem dois personagens principais: de um lado, uma jovem realizada profissionalmente, mas com um vazio existencial que tinha de ser preenchido. De outro, uma cachorra que foi usada em acasalamentos em série e precisava de uma nova chance.
Alguns canis inescrupulosos realizam acasalamentos forçados, para obter o maior número possível se filhotes, sem se importar com a saúde e o bem-estar das mães cachorras, que mal têm tempo de se recuperar do parto e amamentação e já são estimuladas a uma nova gravidez.
Sarah e a nova mascote
Sarah (o sobrenome não será informado a pedido da jovem) tem a vida organizada. Ela conquistou estabilidade e sucesso, mas sentia necessidade de companhia – um amigo com quem dividir as alegrias e tristezas.
A jovem resolveu adotar uma mascote e visitou um abrigo local para conhecer alguns cachorros disponíveis. No canil, ela deparou-se com uma cachorra muito bonita, com sinais evidentes de parto recente. A mãe cachorra permanecia isolada, sem interagir com os outros animais do local.
Enquanto todos faziam uma bagunça interminável a cada visitante que chegava ao pátio – eles parecem saber, de alguma forma, que as visitas são tutores em potencial e querem mostrar as qualidades – a mãe cachorra manteve-se em um canto, alheia ao movimento dos colegas.
Sarah circulou entre cachorros de diversos portes, raças e cores. Alguma coisa inexplicável, no entanto, a fazia voltar para a cachorra tímida de olhos tristes. Certamente, não era a candidata ideal: ela parecia exausta e deprimida.
Os voluntários do abrigo contaram que ela foi encontrada abandonada. Provavelmente, depois de muitas gestações em série, a cachorra teve problemas de fertilidade e simplesmente foi descartada, como um traste inútil.
A adoção
Sarah não sabia dizer se estava impressionada com a história da mãe cachorra, abusada em acasalamentos sucessivos e com a saúde comprometida, ou se algum vínculo especial estava se formando entre as duas.
A cachorra não se mostrava especialmente amiga e simpática. Ela parecia não querer muitos agrados e brincadeiras, mas não deixava de observar a jovem que circulava no pátio do abrigo. As duas pareciam se atrair mutuamente.
A candidata à adoção resolveu dar uma chance à cachorra. O projeto inicial era o de adotar um cão de pequeno porte, que Sarah entendia ser mais fácil e prático, mas a mãe cachorra, triste e esquiva, acabou conquistando o coração.
Os papéis de adoção não foram preenchidos imediatamente. Sarah fez um acordo com o abrigo: ela receberia a cachorra abusada, usando sua casa como lar provisório. Se o relacionamento desse certo, ela faria a adoção definitiva.
A cachorra pareceu bastante aliviada quando finalmente chegou à casa nova. Mesmo assim, ela manteve a independência, mas, pouco a pouco, Sarah percebeu que era a parceira ideal. A peluda sabia quando a nova mãe precisava de apoio emocional e estava sempre à disposição para um abraço ou um carinho.
O relacionamento foi se tornando mais e mais estreito. Sarah passou a dizer que ela e a cachorra são “duas ervilhas da mesma vagem”. Mesmo quando a peluda está distante, talvez ocupada com algumas recordações não muito felizes, ela demonstra estar pronta para atender a qualquer chamado da mãe adotiva.
Naturalmente, não levou muito tempo para Sarah compreender que a mãe cachorra abusada era a parceira ideal para a sua vida. Ela não é o cachorrinho fofo que pode ser pego no colo a qualquer momento, mas mostra uma personalidade exuberante que combina perfeitamente com o estilo de vida da jovem.
Desta maneira, a cachorra foi oficialmente adotada e ocupou um espaço de destaque na vida de Sarah. A peluda foi esterilizada e está em tratamento para recuperar a saúde, mas mostra ser um animal resistente, tranquilo, dócil e sempre pronto para o que der e vier.
A história de Sarah e sua nova “melhor amiga” foi postada nas redes sociais, em uma edição com vídeos desde a primeira visita ao abrigo até as brincadeiras e aventuras da dupla na nova chance de vida. Apenas no Youtube, as imagens já foram acessadas por mais de 150 mil internautas.