Um motoboy e um vira-lata estão fazendo sucesso nas redes sociais: o cachorro pediu carinho.
Negão é um cachorro que vive nas ruas de São Paulo. O vira-lata circula tranquilamente, sempre em busca de comida e um pouco de atenção. Muito manso, ele já é conhecido na região, mas ficou famoso ao pedir carinho para um motoboy, aproveitando que o semáforo estava fechado.
As imagens da interação entre o humano e o peludo foram gravadas por um comerciante local, Danilo Ricci, e postadas na internet. No Instagram, o vídeo já foi acessado por milhares de internautas, que se deliciaram com o gesto de amizade e afeto.
Cães são conhecidos por não gostarem de motos: elas são barulhentas, rápidas demais e muito ágeis para animais que passam a vida observando e vigiando. Mas Negão não viu nada demais em se aproximar da moto e pedir um pouco de carinho – um gesto que merece ser imitado por todos.
As imagens
Danilo conta que estava passando de carro pelo local, quando precisou parar no semáforo, atrás da motocicleta que atraiu a curiosidade de Negão. Foi então que ele viu o motoboy se inclinar para fazer carinho no cachorro vira-lata:
“Eu estava observando o trânsito quando vi a cena do motoboy fazendo carinho no cachorro de rua. Foi muito rápido: quando o sinal finalmente abriu, o vira-lata voltou para a calçada e todos seguiram seus caminhos; eu dei tchau para ele e também fui embora”.
Danilo também afirmou nas redes sociais que ficou agradavelmente surpreso ao constatar que o amor e a atenção podem ser partilhados em qualquer lugar. “É só querer espalhar gentileza”. Muita gente concordou com a opinião do comerciante, que colecionou mais de um milhão de curtidas com o vídeo de poucos segundos.
O comerciante voltou a passar pela Av. Dr. Gastão Vidigal, onde as cenas do motoboy e do cachorro foram flagradas, e acabou encontrando a tutora do Negão. Através das redes sociais, Danilo conseguiu fazer conexões reais.
Negão e o motoboy
Danilo Ricci conseguiu localizar a tutora de Negão através das redes sociais: diversas pessoas que transitam na zona oeste de São Paulo assistiram ao vídeo e compartilharam informações sobre a mulher e o cachorro – os cachorros, aliás.
Identificada apenas como Andressa, ela é uma moradora em situação de rua que vive nas imediações da Praça Apecatu, bem perto do Parque Villa-Lobos, um local nobre da capital paulista.
O comerciante foi visitar o local em que Andressa está vivendo provisoriamente. Também no Instagram, Danilo revelou que o grupo tem cerca de cinco cachorros, todos dóceis como Negão, que pede carinho para todos os que passam pela praça. Além do vira-lata preto, o grupo é formado por Beethoven, Nega, Pandora e Pingo.
Danilo pôde confirmar “in loco” que Negão é um cachorro dócil e manso. Quando localizou o grupo de sem-teto, o vira-lata rapidamente se aproximou para descobrir quem era o recém-chegado e aceitou carinho e cafuné rapidamente.
O internauta fez um apelo para que as pessoas que moram ou trabalham na região ajudem o grupo. A mulher pede donativos na esquina em que o motoboy foi encontrado fazendo carinho em Negão. Os moradores de rua precisam de comida e agasalhos – para humanos e caninos. O comerciante também se disponibilizou para recolher doações para este grupo específico, encontrado em um momento de afeto e carinho..
Danilo também conseguiu identificar o motoboy que se dispôs a fazer um pouco de carinho no cachorro vira-lata, através de contatos do próprio Instagram. Ele também foi indicado apenas pelo primeiro nome: Gregory.
Chamado de “moto-mito” pelo autor das postagens, Gregory é um ex-manobrista morador da zona sul da cidade, que perdeu o emprego durante a pandemia de covid-19 e atualmente ganha a vida fazendo entregas. A mulher também está desempregada e o casal tem uma filhinha, atualmente com pouco mais de um ano.
Danilo publicou vídeos outros vídeos depois de registrar o encontro de Negão com o motoboy. Ele também filmou Andressa, a tutora dos cachorros e posteriormente mostrou a “descoberta” de Gregory e sua motocicleta de entregas.
Os vídeos de Danilo contam uma história comum nas grandes cidades: pessoas e animais morando nas ruas, precisando de tudo – inclusive de gestos de afeição e carinho. Eles precisam de nós, mas nós também precisamos deles. Somos todos índios da mesma tribo.