Os cachorros têm pesadelos?

A resposta é positiva. Os cachorros têm a capacidade de sonhar e, por isso, podem ter pesadelos.

Os pesadelos são sonhos ruins e inquietantes. Tudo leva a crer que as motivações sejam as mesmas, tanto para os cachorros, quanto para os humanos. Em geral, pode-se dizer que os pesadelos são recapitulações de dificuldades e desafios do dia a dia: fora do estado de vigília, a mente tenta equacioná-los, para encontrar soluções.

Entre nós, os pesadelos são vivenciados principalmente na infância e nos primeiros anos da adolescência, mas podem ocorrer em todas as etapas da vida. A observação em cachorros também permite supor que eles sejam mais frequentes entre os filhotes.

Os cachorros têm pesadelos?

Os sonhos são uma característica do sono de todos os mamíferos e parecem estar presentes também em algumas aves e répteis. Eles são uma forma de revisitar as experiências do dia a dia – e, quando estas são ruins, os sonhos se transformam em pesadelos.

O sono contínuo, de algumas horas seguidas a cada dia, parece ter ampliado a frequência, duração e intensidade dos sonhos. Entre os humanos, por exemplo, eles ocorrem duas ou três vezes a cada noite, mesmo que muita gente não se lembre do que sonhou.

Os animais domésticos acabaram se beneficiando do sono prolongado. Ao dormir durante várias horas, a mente aproveita para assimilar as novas vivências. Isto só foi possível quando passamos a dormir durante a noite inteira – os cães e gatos, especialmente, também passaram a ficar inativos por períodos mais longos.

Características dos pesadelos

Os pesadelos podem ser acompanhados por manifestações físicas. Ao vigiar o sono de bebês e crianças pequenas, é comum vê-los agitando o corpo, dobrando e esticando braços e pernas – esta é outra semelhança com os sonhos ruins dos cachorros, que se debatem, agitam pernas e patas, tentando escapar das situações aflitivas.

Outra semelhança é que os pesadelos – que ocorrem durante a fase REM (sigla para rapid eyes movement, ou movimento rápido dos olhos, que caracteriza as experiências oníricas) – costumam ser curtos e, apesar de chegarem a provocar alterações na frequência cardiorrespiratória, não representam nenhum tipo de risco à saúde.

Os cachorros têm pesadelos?

Uma frequência excessiva de pesadelos entre os humanos pode indicar a possibilidade de algum tipo de transtorno mental, principalmente quando os temas dos sonhos se repetem. Os cachorros parecem não sofrer nenhum malefício com as experiências, que, ao que tudo indica, são desagradáveis, mas raramente se prolongam por mais de alguns segundos.

Ainda não são conhecidas integralmente as motivações para os pesadelos, mas eles parecem estar associados a quadros de estresse, ansiedade, histórico de negligência e abusos, além de traumatismos cranianos.

Complicações

Os cachorros recentemente abrigados por ONGs e canis oficiais aparentemente são mais predispostos aos pesadelos, em relação aos pets com vida familiar estruturada. Na maioria dos casos, no entanto, não é possível ter acesso ao passado dos animais abandonados e, por isso, não se pode afirmar que a violência, agressões e abusos provoquem ou intensifiquem os sonhos ruins.

Por outro lado, é possível afirmar que a companhia de tutores muito exigentes aumenta a frequência e a intensidade dos pesadelos. Animais muito exigidos em treinamentos, bem como os submetidos a disciplinas muito rígidas, são mais suscetíveis aos sonhos ruins.

Como agir?

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que nem toda agitação durante o sono significa que o cachorro esteja tendo um pesadelo. Os filhotes e os adultos que se exercitam de forma vigorosa podem apenas estar recapitulando os movimentos que executaram durante o dia.

Esta é uma maneira clássica de fixar o aprendizado, também muito comum entre as nossas crianças. Com maior domínio sobre o corpo físico, os movimentos inconscientes se tornam mais raros e espaçados, mesmo durante sonhos agitados – não necessariamente ruins.

Os pesadelos dos cachorros duram apenas poucos segundos. Eles podem ocorrer tanto durante períodos mais longos de repouso, quanto durante as sonecas curtas do dia. Mesmo aqueles que atraem a atenção dos tutores não permitem que se tome uma providência, já que eles desaparecem rapidamente.

Os cachorros têm pesadelos?

Neurologistas e psicoterapeutas veterinários sugerem apenas que os tutores vigiem o sono dos cachorros, quando perceberem que eles estão envolvidos em pesadelos. O sonho em si apenas muito raramente tem consequências e desdobramentos.

Mas os cachorros podem ser observados rolando e contraindo o corpo, esticando as patas, contorcendo-se, ao mesmo tempo em que rosnam, soltam gemidos e ganidos e podem acabar se machucando. Alguns parecem estar tendo convulsões, mas, não havendo doenças associadas (que merecem a atenção de um médico), trata-se apenas de uma confusão de sintomas.

Na verdade, eles pensam estar correndo (para atacar ou para fugir), quando estão deitados em segurança na cama, abrigados de qualquer ameaça. Os movimentos intensos e agitados podem passar a impressão de problemas mentais, desorientação, etc.

Não é preciso acordar os cachorros que estão tendo pesadelos, apesar de não haver nenhum tipo de prejuízo quando eles acordam, mesmo que seja de forma abrupta. Os tutores precisam apenas garantir que eles não sofram acidentes.

Acariciar e aconchegar os cães com pesadelos são atitudes que parecem atenuar a situação. O cérebro provavelmente registra a intervenção e, como ela é continente, protetora e agradável, o afago ajuda a mente a desviar a atenção – de um problema para uma situação prazerosa. Com isso, os desafios e dificuldades que centralizavam as operações nervosas passam para segundo plano e deixam de incomodar.

É muito importante, caso os pesadelos se repitam com frequência, que os tutores observem o comportamento dos cachorros no estado de vigília. Se eles reagem normalmente, sem exibir problemas de coordenação motora, ansiedade, arritmias e alterações na respiração, não há motivo para maiores preocupações.

Os cachorros também podem despertar subitamente, no meio do pesadelo. Nestes casos, eles podem parecer um pouco confusos, mas rapidamente reconhecem o ambiente e voltam a dormir como se nada diferente tivesse acontecido.

Em alguns casos, no entanto (felizmente raros), eles podem até mesmo se mostrar agressivos e violentos ao acordarem, como se estivessem dando sequência às experiências vivenciadas durante o pesadelo.

O sono, em todas as suas etapas (inclusive a dos sonhos, bons ou maus), é fundamental para a conservação da boa saúde dos cães. Os filhotes chegam a dormir 18 horas por dia, total que cai para 12 entre os adultos saudáveis e volta a aumentar quando eles atingem a terceira idade.

O descanso mais reconfortante, que ocorre principalmente nas fases REM (dos sonhos) e de sono profundo, facilita a produção e secreção de diversos hormônios fundamentais para o bom funcionamento do organismo.

Boas noites de sono e sonhos garante qualidade de vida, reduz a ansiedade e a hiperexcitação. A privação de sono, por outro lado, prejudica a saúde, agrava eventuais enfermidades e aumenta a ocorrência de pesadelos entre os cachorros adultos.

Outra maneira eficaz de reduzir os pesadelos é proporcionar uma rotina saudável para os cachorros – eles gostam de uma vida previsível. Horas certas para comer, brincar, passear e dormir ajudam inclusive a eliminar comportamentos indesejáveis.

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