Filhotes de cachorros mastigam tudo que veem pela frente. Saiba como fazê-los pararem.
Os filhotes de cachorros mastigam e mordem tudo o que encontram. Qualquer filhote é curioso e, como os cachorros não têm mãos, levar à boca é uma das formas para investigar o mundo que os rodeia. O hábito, no entanto, deve ser controlado e, felizmente, é possível – e fácil fazer os filhotes pararem de mastigar tudo.
Os filhotes levam tudo à boca: brinquedos, roupas de cama, dedos, mãos e até os cabelos dos tutores. As mordidas quase nunca representam um perigo real, mas eles também podem resolver mastigar plantas e embalagens – e algumas delas são tóxicas.
Para nossa sorte, os cachorros são inteligentes e aprendem com rapidez – este é o principal motivo de a parceria entre humanos e caninos estar dando certo há tanto tempo. Com algumas dicas de adestramento, é possível fazer os filhotes pararem de mastigar tudo que aparece.
Os motivos que os cães mastigam tudo
Naturalmente, brincar com os filhotes é uma das atividades prediletas, especialmente entre os tutores de primeira viagem. Aliás, esta é uma atividade prazerosa que permanece quando eles se tornam adultos e até quando estão com os movimentos limitados pela idade avançada. Conviver com cachorros é uma excelente terapia para os humanos.
Filhotes mastigam objetos porque estão tentando entender o que eles são, para que servem e como funcionam. Morder e mastigar são atividades que facilitam a troca da dentição e ajudam a manter os dentes e a boca limpos e livres de agentes infecciosos.
O excesso, no entanto, é prejudicial. Além de estragar brinquedos e roupas, as mordidas constantes podem machucar e, de qualquer forma, são desagradáveis. Mas, se o filhote (ou adulto) está mordendo demais, é importante avaliar a situação.
É possível que o cachorro esteja passando tempo demais sozinho, isolado ou sem nada para fazer. Quando um cão morde um objeto até destruí-lo, ele está dando sinais de que está entediado. É preciso enriquecer o cotidiano, tornando o dia a dia mais interessante, educativo e lúdico.
As mordidas exageradas podem surgir também depois de uma situação de estresse. Assim como nós, os cachorros enfrentam situações estressantes no dia a dia, como investigar cheiros e ruídos estranhos. É comum que eles se tornem um pouco mais destrutivos depois de uma mudança ou de uma reforma em casa.
Outro fator que pode estimular as mordidas são os jogos de olfato. Os cachorros investigam o mundo que os rodeia principalmente através do faro, sentido mais aguçado da espécie. Estes jogos são bem-vindos, mas podem levar os cães à exaustão; portanto, é preciso saber qual a dose certa para cada pet.
Por fim, alguns tutores estimulam as mordidas. Muitas pessoas acham divertido ver o cachorro investindo contra inimigos imaginários. Certamente, um cão de guarda precisa ser adestrado para evitar aproximação de estranhos, mas incentivar agressividade gratuita nunca gera bons resultados.
As dicas para que os filhotes parem de mastigar tudo
No início do adestramento, o comando mais fácil e rápido de ser ensinado é o “não”. Qualquer comando deve ser feito com palavras simples e em tom firme. Basicamente, cachorros aprendem a decifrar o tom de voz dos tutores, e não necessariamente as palavras.
O “não”, contudo, é uma das palavras mais facilmente assimiladas e incorporadas ao repertório dos filhotes. É com este comando que eles aprendem por onde podem transitar, quais objetos são feitos para brincar e, claro, o que deve ser levado à boca, mastigado e engolido.
Na aprendizagem dos comandos básicos, é importante que os filhotes sejam recompensados quando fazem “a coisa certa”. Ao observar o hábito inadequado (ou simplesmente a atitude que os tutores não querem incentivar, como entrar na sala ou subir no sofá), é importante que, ao lado do “não”, haja também um prêmio.
Nos primeiros meses de vida, especialmente nas primeiras semanas de convivência com os filhotes, os tutores devem ter sempre uma recompensa ao alcance. O prêmio pode ser um biscoito, um bifinho e até pedaços de frutas e legumes.
Um brinquedo também pode servir como recompensa, mas os filhotes quase sempre enjoam rapidamente dos objetos oferecidos. Não é preciso comprar novas distrações toda semana: basta fazer um revezamento entre os objetos: o brinquedo escondido por três ou quatro semanas transforma-se em novidade quando é finalmente apresentado.
Mais dicas
• Ao perceber os filhotes mastigando os seus dedos, evite retirar a mão imediatamente. Dedos são ligeiros e hábeis, atraindo inclusive a curiosidade de bebês humanos, que se deliciam com a descoberta das próprias mãos e de mãos alheias que se aproximam para fazer cócegas na barriga ou na planta dos pés.
Os filhotes podem entender que a retirada súbita das mãos é uma mera brincadeira de esconde-esconde. Em um ato contínuo, eles investirão contra os dedos ocultados de forma imediata, procurando encontrá-los.
Portanto, diga simplesmente “não” e deixe a mão no mesmo lugar. Os filhotes entenderão que a atitude não agrada, que morder os dedos não é uma brincadeira legal. Use sempre um tom firme, sem necessidade de elevar a voz.
Do contrário, os filhotes assimilarão todos os gritos como atos de censura, como resposta a alguma coisa que está errada, mesmo que os gritos sejam usados para chamar alguém distante ou mesmo para alertar de um perigo.
Deixe a mão no lugar, diga “não” e, se necessário, afaste os filhotes. Com algumas repetições, eles aprenderão que o gesto não é bem-vindo, lembrando sempre que cada cachorro tem um ritmo próprio – e alguns podem se mostrar bastante persistentes quando entendem que uma atitude é divertida e prazerosa.
Se o filhote estiver mordendo um brinquedo, repita o comando e retire o objeto, mas deixe-o à vista do cachorro, para ele estabelecer uma relação de causa e efeito entre a mordida e a falta de acesso ao brinquedo.
Lembre-se de que cachorros trocam os dentes entre o quarto e o sexto meses de vida (os de pequeno porte demoram mais para perder os dentes de leite). Nesta fase do desenvolvimento, as gengivas coçam bastante e, em alguns casos, é importante haver alguns objetos para aliviar o incômodo.
• Pare de brincar. Quando o filhote decide morder tudo que encontra pela frente, o melhor “castigo” é a interrupção da interação. Os cachorros gostam de agradar os tutores e entenderão rapidamente que a atitude não está sendo bem aceita.
Com algumas repetições, os filhotes irão concluir que as mordidas atrapalham a brincadeira: o ato de morder estará associado ao “fim da farra”.
Provavelmente, eles tentarão continuar a atividade, atraindo a atenção dos tutores. Ignore-os durante alguns minutos e, em seguida, envolva-os em outra brincadeira. A falta momentânea de interação evita inclusive o desenvolvimento da ansiedade.
• Mostre a dor. Mordidas podem causar dor e incômodo, por menor que seja a força das mandíbulas do cão. Mas, mesmo que não haja nenhum dano físico, demonstre que o hábito de morder as mãos e os dedos provoca algum sofrimento.
Todos os cachorros, mesmo na infância, apresentam alto senso de preservação e cuidado. Ao perceberem que o tutor está “ferido”, eles associarão as mordidas ao desconforto e abandonarão o hábito.
• Dê opções. Os filhotes podem começar a morder as próprias patas e o rabo. Isto é comum e faz parte da descoberta do mundo: afinal, eles estão conhecendo o próprio corpo.
As mordidas e lambidas excessivas, no entanto, indicam que o cachorro está entediado. Se não houver atividades divertidas, ele poderá desenvolver transtornos emocionais, como depressão e ansiedade, além de, é claro, machucar-se.
Tenha sempre objetos novos, petiscos e lanchinhos para ocupar o tempo dos cachorros. Cachorros oneram o orçamento doméstico, mas não é preciso gastar muito. É possível usar embalagens vazias, usar cordões para um cabo-de-guerra e até um spray para borrifar água. O importante é que sempre haja novidades.
Apenas tenha o cuidado de não oferecer objetos como sandálias, chinelos e roupas que estejam velhas e sem uso. Nós sabemos quando um calçado se torna imprestável, mas, para um cachorro, não há diferença entre um chinelo com as tiras arrebentadas e outro que acaba de chegar da loja.
• Assuma responsabilidades. Adotar um cão exige tempo, disposição e paciência. Trata-se de uma vida que, em grande parte, será dependente dos tutores para quase tudo: alimentação, agasalho, cuidados médicos, passeios, diversão e lazer.
Uma tarefa importante dos tutores é ensinar os filhotes a diferenciar o certo do errado. Eles precisam conhecer as regras da casa, mas não se deve esquecer que, durante o aprendizado, existe sempre a possibilidade de erros e acertos.
Cães ajustados e equilibrados aprendem rapidamente. É importante que todos os membros da família falem “a mesma língua” e que os comandos sejam permanentes, sem variações de acordo com o humor dos humanos.
Os filhotes têm muita energia para gastar e, se ficarem à toa, crescerão desajustados, inclusive com doenças físicas e emocionais. Alguns cachorros mordem tudo que veem pela frente apenas para chamar atenção.
É importante dedicar alguns momentos para atirar a bolinha, passear, descobrir coisas novas, suprir as necessidades básicas, carinhos, afagos e cafunés. Em troca, os tutores terão parceiros saudáveis e ajustados, proporcionando uma série de alegrias no dia a dia.