Estes dois cachorrinhos estão muito felizes com a vida nova e não param de se abraçar.
As imagens foram gravadas do outro lado do mundo, no Vietnã. As postagens nas redes sociais receberam milhares de interações. São dois pequenos cachorrinhos de rua que foram adotados e, mesmo em segurança, não conseguem parar de se abraçar.
Os dois peludinhos parecem saber que a união faz a força, mesmo sendo a união de dois seres tão pequenos. Eles foram encontrados perambulando pelas ruas de Ho Chi Minh, a capital do país. Resgatados, foram levados a um templo budista e estão sendo cuidados pelas monjas do local.
Desde que foram adotados, estes cãezinhos não sabem o que é parar de se abraçar. Quando eles se separam por qualquer motivo, ficam aflitos e ansiosos procurando o companheiro. Eles transmitem continuamente a seguinte mensagem: abandono, nunca mais.
A repercussão
O abraço cativou milhares de internautas, que não se cansam de comentar a amizade sincera e desinteressada dos dois cachorrinhos. Nas redes sociais, no entanto, também estão surgindo muitos comentários acerca da vida anterior dos peludos.
As imagens são fofas, mas revelam que os cachorros passaram por maus bocados antes de encontrarem “um lugar para chamar de seu”. O Vietnã é um país tropical – quase metade do território é coberto por florestas equatoriais – mas, mesmo sem sofrer com o frio, os dois filhotes certamente passaram fome e ficaram expostos à violência.
A amizade dos dois animais também foi celebrada pelos internautas. Enquanto permaneceram abandonados nas ruas, eles tiveram apenas um ao outro; isto explica os vínculos formados, que se traduzem neste abraço prolongado.
Animais de rua no Vietnã
A situação dos animais de rua no Vietnã, especialmente nas grandes cidades, como Ho Chi Minh, Hanói, Dong Nai e Nghe An (cada uma delas com mais de três milhões de habitantes), é considerada um caso alarmante por entidades de defesa dos animais.
Além das consequências diretas para a população humana, os peludos precisam conviver com a falta de condições básicas, acidentes, brigas e surtos regulares de doenças evitáveis. Além disso, o país não conta com um projeto eficiente de esterilização de cães e gatos, que reduziria o problema consideravelmente.
Outro problema sério é o consumo da carne dos animais de estimação. O Vietnã é o segundo maior consumidor de carne de cachorro, logo depois da China. Estima-se que cinco milhões de animais sejam abatidos a cada ano.
Em 2021, autoridades de algumas cidades vietnamitas assinaram protocolos com o Four Paws International para proibir o abate e consumo, mas trata-se de uma questão cultural. A população local acredita que o consumo de carne de cachorro afasta o azar, enquanto a de gato atrai prosperidade.
Os gatos do Sudeste Asiático também não estão em segurança. Nos últimos anos, observou-se um aumento sensível do número de restaurantes que servem o “thit meo”, ou “pequeno tigre”, termo local para um prato à base de carne dos bichanos.
Um milhão de gatos é abatido por ano no país. Não há tantos animais disponíveis nas ruas – gatos abandonados vivem ainda menos do que os cães – e, por isso, muitos bichanos de estimação são caçados em armadilhas. Apesar de proibido pela legislação, o abate e consumo são muito populares, especialmente na região central do país.
Há boas notícias, contudo: em Hoi An, um importante porto comercial considerado patrimônio cultural mundial pela UNESCO, foi assinado um acordo entre o Four Paws e a prefeitura local, que proíbe o comércio de carne.
O projeto faz parte de uma campanha mais ampla desenvolvida pela entidade: “Cats Matter Too” (gatos também são importantes, em tradução livre). O objetivo dos governantes é modificar a percepção do país no exterior e atrair turistas.
Além das atrações naturais, como uma das florestas equatoriais mais exuberantes do mundo, e os passeios de barco pelo rio Mekong, o país reúne ruínas de antigas civilizações, como as da Cidade Imperial de Hué.
Os projetos de resgate, acolhida e abrigo que estão sendo efetivados no Vietnã incluem as seguintes iniciativas:
- castração e esterilização gratuitos para cães e gatos de rua;
- treinamento da população para acolhimento de animais abandonados;
- resgate, tratamento e reabilitação para cães e gatos abandonados, feridos e doentes;
- manejo de cães e gatos comunitários (que vivem na rua, mas são protegidos pelos moradores locais);
- identificação e localização de tutores que perderam ou tiveram seus animais de estimação roubados;
- programa de valorização de cães e gatos como animais de companhia.