Epilepsia em Cães: Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos

A epilepsia em cães é uma condição neurológica mais comum do que muitos imaginam, afetando cerca de 1% da população canina. Caracteriza-se por convulsões recorrentes causadas por descargas elétricas anormais no cérebro. Entenda os tipos de crises, como identificar os sinais, as opções de tratamento e o que esperar do prognóstico.

Epilepsia em Cães: Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos

O Que É Epilepsia Canina?

A epilepsia é uma disfunção cerebral que provoca episódios de atividade elétrica irregular, gerando sintomas como espasmos, tremores e perda de consciência.

Tipos de Causas de Convulsão em Cães

As convulsões são divididas em três categorias principais:

  • Convulsões reativas: Resultam de causas externas ao cérebro, como intoxicação, febre alta ou desequilíbrios metabólicos.

  • Convulsões estruturais: Decorrentes de problemas cerebrais, como tumores, AVCs ou traumas.

  • Epilepsia idiopática: Sem causa identificável, com possível origem genética, especialmente em determinadas raças.

Tipos de Crises Epilépticas

  • Crises generalizadas: Afetam os dois hemisférios cerebrais, resultando em rigidez muscular, vocalizações, movimentos descoordenados e, frequentemente, perda de consciência.

  • Crises mioclônicas: São generalizadas, mas não causam perda de consciência; geralmente são desencadeadas por estímulos sensoriais.

  • Crises focais: Afetam apenas uma região do cérebro. O cão pode apresentar comportamentos estranhos como olhar fixo, mastigar no vazio ou mover apenas uma perna.

Como Identificar a Epilepsia em Cães

Detectar a epilepsia pode ser um desafio, pois os sintomas variam e podem se confundir com outros distúrbios neurológicos.

Sinais Antes e Depois das Convulsões

  • Pré-convulsão: Ansiedade, comportamento incomum ou sinais de alerta como “aura”.

  • Durante a convulsão: Movimentos involuntários, rigidez, queda, salivação, urinar/defecar involuntariamente.

  • Pós-convulsão: Confusão, desorientação, agressividade, cegueira temporária ou sede excessiva.

Outros Distúrbios Semelhantes

Algumas condições podem ser confundidas com epilepsia, como:

  • Tremores de cabeça idiopáticos

  • Doença do disco cervical

  • Malformações neurológicas como Chiari e siringomielia

  • Síndrome de “captura de moscas” — Pode indicar compulsão, distúrbio gastrointestinal ou convulsões focais.

Diagnóstico da Epilepsia Canina

Para confirmar a epilepsia, o veterinário realiza uma série de exames clínicos e laboratoriais. Esses podem incluir:

  • Exames de sangue e urina

  • Ressonância magnética ou tomografia

  • Punção do líquido cefalorraquidiano

  • Questionários comportamentais específicos para crises

Critérios para Diagnóstico de Epilepsia Idiopática

  1. Pelo menos duas convulsões não provocadas em um intervalo de 24 horas

  2. Idade da primeira crise entre 6 meses e 6 anos

  3. Exames laboratoriais e neurológicos normais

Tratamento da Epilepsia em Cães

Quando Iniciar o Tratamento

Nem todos os cães que apresentam uma convulsão precisarão de medicação contínua. A terapia é recomendada quando:

  • Há duas ou mais crises em seis meses

  • As crises são prolongadas ou ocorrem em salvas

  • Os efeitos pós-convulsivos são intensos

  • A frequência ou gravidade das crises está aumentando

Medicamentos Mais Utilizados

  • Fenobarbital: Primeira escolha, com alta taxa de eficácia, mas pode causar sonolência e exigir monitoramento hepático.

  • Brometo de potássio: Comum como terapia combinada com fenobarbital.

  • Levetiracetam (Keppra®): Mais seguro, mas menos eficaz sozinho.

  • Zonisamida, Imepitoína, Gabapentina, Clonazepam: Usados em casos específicos ou como adjuvantes.

Importante: Nunca interrompa o medicamento sem orientação veterinária, pois isso pode agravar as convulsões.

Alternativas e Terapias Complementares

Tratamentos Sem Medicamentos

  • Canabidiol (CBD): Mostra resultados promissores em alguns estudos.

  • Estimulação do nervo vago: Técnica ainda experimental em cães.

  • Acupuntura e homeopatia: Sem comprovação científica de eficácia.

Dieta e Epilepsia

  • Dieta com triglicerídeos de cadeia média (TCM): Comprovadamente reduz a frequência das convulsões em alguns cães.

  • Eixo microbiota-intestino-cérebro: Nova linha de pesquisa investiga como a flora intestinal influencia o sistema nervoso canino.

Prognóstico: O Que Esperar do Futuro

A maioria dos cães com epilepsia idiopática responde bem ao tratamento e leva uma vida normal, embora alguns possam desenvolver epilepsia refratária (resistente ao tratamento), o que exige ajustes constantes na medicação.

Impacto na Qualidade de Vida

  • Medicamentos contínuos podem afetar o bem-estar do cão e do tutor.

  • Mudanças na rotina, limitações em viagens e cuidados intensivos são frequentes.

  • Em casos graves, a eutanásia pode ser considerada, com base na qualidade de vida do animal e da família.

Pesquisas e Avanços Recentes

A AKC Canine Health Foundation já investiu milhões em pesquisas sobre epilepsia canina. Estão sendo desenvolvidos:

  • Estudos sobre o microbioma intestinal

  • Novos protocolos de tratamento domiciliar para convulsões em salvas

  • Ferramentas para prever crises com mais precisão

Considerações Finais

A epilepsia em cães é uma condição tratável, mas exige acompanhamento constante, ajustes na rotina e apoio profissional. Diagnóstico precoce, tratamento adequado e atenção aos sinais comportamentais são fundamentais para garantir qualidade de vida ao animal e tranquilidade à família.

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