Monorhaphis chuni: o animal marinho mais velho já registrado traz pistas únicas sobre mudanças ambientais
Imagine um ser vivo capaz de sobreviver por mais de 11 mil anos. Esse é o caso da esponja-do-mar Monorhaphis chuni, encontrada nas profundezas da Antártida. Muito mais do que uma curiosidade biológica, esse organismo tornou-se uma fonte natural de dados climáticos antigos, oferecendo insights inéditos sobre a história ambiental da Terra.

Aparência vegetal, estrutura animal
Apesar da aparência semelhante a uma planta, a Monorhaphis chuni é, na verdade, um animal pertencente ao grupo das esponjas. Seu corpo envolve uma espícula central rígida, criando um longo cilindro contínuo formado por lamelas de dióxido de silício, estrutura que lhe confere proteção e permitiu a preservação de seu crescimento ao longo dos milênios.
Como foi estimada sua idade
Durante uma análise envolvendo composição elemental e isotópica, os pesquisadores estudaram um exemplar gigante com mais de dois metros de comprimento, recolhido das profundezas antárticas. Por meio da contagem das camadas silicadas — comparáveis aos anéis de uma árvore — estimou-se que o animal viveu por cerca de 11 mil anos. O resultado foi publicado na revista Chemical Geology.
Registro natural do clima oceânico
Irregularidades térmicas nos anéis de crescimento
Sob observação de microscópio eletrônico, a esponja mostrou quatro áreas de crescimento irregular, indicando períodos de elevação rápida na temperatura da água. Uma dessas elevações foi especialmente abrupta — um pico térmico que elevou a temperatura de menos de 2 °C para entre 6 °C e 10 °C — e, de acordo com os pesquisadores, foi causada por uma erupção vulcânica submarina até então desconhecida.
Importância científica
-
Testemunha terrestre de mudanças ambientais
A longevidade impressionante aliada ao registro climático interno tornam a Monorhaphis chuni uma verdadeira “cápsula do tempo”, permitindo a reconstrução de eventos naturais extremos. -
Nova perspectiva sobre vulcanismo submarino
A identificação de aumento abrupto na temperatura ligada a erupções oferece uma nova fonte de dados para entender os efeitos históricos do vulcanismo subaquático. -
Avanço na Paleoclimatologia Submarina
Essa esponja representa um novíssimo tipo de indicador paleoclimático, especialmente em ambientes oceânicos remotos.
Com informações: olhardigital