La Tumba de la Fidelidad: um símbolo de fidelidade canina

Uma tumba em Cuba guarda os restos de uma tutora e sua cachorra: é a Tumba da Fidelidade.

Os restos mortais da missionária Jeanette Ryder estão enterrados no Cemitério Colón, no centro de Havana, juntamente com os da sua cadela Rinti, na Tumba de la Fidelidad, já conhecida internacionalmente.

Jeanette Ryder foi uma americana, nascida em Wisconsin (norte dos EUA), que migrou para Cuba logo depois do fim da Guerra Hispano-Americana e da emancipação formal do país, em 1902 (quando se tornou um protetorado dos EUA).

A missionária foi pioneira na defesa dos direitos da infância e dos animais, ainda no início do século 20. Em 1906, Jeanette fundou a Sociedade para Proteção das Crianças, Animais e Plantas, também conhecida como Bando da Piedade.

La Tumba de la Fidelidad: um símbolo de fidelidade canina

O túmulo

Em 1931, Jeanette morreu, aos 65 anos. O corpo foi sepultado no Cemitério Cristóbal Colón, situado em Havana, a capital do país. De acordo com a tradição, a cadela Rinti acompanhou os rituais do enterro e, depois do funeral, se deitou aos pés da tumba, inclusive recusando a companhia, comida e água que os zeladores da necrópole ofereciam.

O animal teria morrido de inanição e foi enterrado junto com a tutora. Uma escultura de Rinti dormindo aos pés de Jeanette foi erguida 14 anos depois, em 1945 e, desde então, o local ficou conhecido como Tumba de la Fidelidad: a tumba da fidelidade, um símbolo da amizade e devoção incondicionais de um cachorro por seu tutor.

Trata-se da única escultura reclinada em todo o cemitério. O Colón é conhecido pelas estátuas de anjos e santos, além de crucifixos e outros símbolos religiosos que ornamentam os jazigos. Todas elas são verticais.

La Tumba de la Fidelidad: um símbolo de fidelidade canina

A exceção é a representação de Jeanette e Rinti deitadas, que parece indicar para o repouso eterno das duas amigas. A homenagem foi reproduzida em selos e diversos outros símbolos. O local é conhecido, pelos cubanos – especialmente pelos habaneros –, como “a tumba do cachorrinho”.

No túmulo, há uma inscrição que celebra a obra da ativista: “Jeanette Ryder, fundadora do Bando de Piedade de Cuba. Erigido por subscrição pública e a iniciativa da instituição que ela criou”.

A ativista e o “Bando de Piedad”

Fundado com o nome de Sociedade para Proteção de Crianças, Animais e Plantas, o Bando da Piedade surgiu há mais de um século com preocupações que estão na pauta do dia atualmente: um projeto social, em uma época na qual apenas as igrejas estavam envolvidas nas poucas ações de promoção.

A sociedade nasceu com um slogan também atual: “Falamos por aqueles que não falam”. O trabalho de Jeanette inicialmente visou retirar os muitos órfãos da guerra das ruas de Havana. Em todas as esquinas, era possível encontrar crianças mendigando ou cometendo pequenos furtos.

A preocupação com o meio ambiente – animais e plantas – estava bem à frente do seu tempo. Ninguém, no início do século 20, se preocupava com a preservação da natureza, ainda mais em um país tropical, no qual os recursos naturais parecem ser infinitos.

La Tumba de la Fidelidad: um símbolo de fidelidade canina

Já aos 60 anos, Jeanette passou a viver na companhia de Rinti, uma simpática cadelinha que seguia a tutora por todos os lugares de Havana. A amizade que surgiu entre a tutora e a mascote durou pouco tempo, mas foi tão forte que o animal parece ter preferido morrer junto com a “mãe humana”.

Histórias contadas por coveiros e administradores do Cemitério Colón dão conta de que a cachorrinha, apesar de dócil (e até então muito amigável), permaneceu junto à sepultura, sem aceitar alimentos, nem brincadeiras.

Em poucos dias, Rinti foi encontrada morta, tranquilamente aconchegada na sepultura de Jeanette. A decisão de sepultar o animal de estimação no mesmo túmulo foi tomada pelos funcionários, já que a ativista não tinha parentes diretos.

A Tumba de la Fidelidad é um dos cartões postais de Havana. Milhares de turistas, entre um mergulho no mar do Caribe e uma aventura nas montanhas da Sierra Maestra, não deixam de visitar o jazigo de Jeanette Ryder e de sua fiel companheira, a cachorrinha Rinti.

Jeanette, que conseguiu abrigar e dar um futuro digno a centenas de crianças órfãs, além de ter sido uma das principais vozes em defesa do meio ambiente cubano, conseguiu se tornar ainda mais famosa depois da própria morte, graças à devoção inconteste do seu animalzinho de estimação.

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