Ação do GRAD em parceria com a UFPR leva saúde e esperança a quatro aldeias do território Rio das Cobras
Entre os dias 26 e 30 de maio de 2025, uma importante ação humanitária e veterinária levou assistência a mais de 160 animais em comunidades indígenas no território Rio das Cobras, no estado do Paraná. A iniciativa foi liderada pelo Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD), com o apoio técnico e científico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Em um esforço que uniu empatia, ciência e respeito cultural, a equipe atendeu cães e gatos em situação de vulnerabilidade, oferecendo desde vacinas até tratamento de doenças infecciosas, além de levar orientações para os tutores indígenas.
Saúde animal como ponte para o bem-estar comunitário
Vacinação, vermifugação e distribuição de ração
A ação resultou em 161 atendimentos diretos a animais domésticos, principalmente cães e gatos. Entre os principais procedimentos realizados estavam:
-
Aplicação de vacinas múltiplas e antirrábicas;
-
Desparasitação interna e externa;
-
Distribuição de 85 kg de ração, com prioridade às famílias em maior situação de vulnerabilidade;
-
Administração de medicamentos e curativos em animais com feridas e infecções;
-
Orientações práticas sobre posse responsável e cuidados básicos.
Além disso, as equipes atuaram por meio de busca ativa, indo até as casas onde os animais se encontravam, inclusive em regiões de difícil acesso.
Realidade invisível: superpopulação e abandono
Diagnóstico de um problema maior
Durante os atendimentos, os profissionais constataram uma superpopulação de animais, consequência direta do abandono frequente nas estradas que cortam a região indígena. Muitos dos bichos atendidos apresentavam desnutrição severa, feridas abertas, infestações por carrapatos e pulgas, além de casos mais graves como queimaduras causadas por contato com lixo queimado.
Filhotes debilitados, cadelas no cio e animais com doenças crônicas demonstram a urgência de ações estruturadas de saúde animal nessas comunidades.
Coletas laboratoriais
Foram coletadas amostras de sangue, fezes e pelos para análises laboratoriais posteriores, que serão conduzidas pela UFPR, com o objetivo de aprofundar o diagnóstico e planejar intervenções mais amplas.
Escuta ativa e respeito aos saberes indígenas
Durante a missão, os profissionais mantiveram diálogos abertos com as lideranças locais, como o Cacique Karaí, da Aldeia Pinhal. Nessas conversas, foram identificados os principais entraves para o cuidado com os animais:
-
Falta de alimentos apropriados;
-
Ausência de informações básicas sobre saúde animal;
-
Carência de políticas públicas de controle populacional compatíveis com a realidade das aldeias.
A equipe, formada por médicas veterinárias e auxiliares experientes, destacou o respeito às tradições e o vínculo emocional entre os povos indígenas e seus animais como elemento central de toda a ação.
Próximos passos: educação, nutrição e esterilização responsável
O projeto agora mira o futuro: entre os planos está a realização de campanhas educativas adaptadas à cultura local, além da introdução gradual de projetos de controle populacional com suporte veterinário antes e depois das esterilizações.
Segundo os organizadores, nutrir bem os animais é o primeiro passo para permitir cirurgias seguras e reduzir a superpopulação a longo prazo.
Cuidar dos animais é cuidar das pessoas
A missão do GRAD e da UFPR foi mais do que uma intervenção emergencial. Foi um gesto de cuidado e escuta com comunidades frequentemente invisibilizadas, onde os animais são companheiros, guardiões e parte essencial da vida cotidiana.
Em meio às dificuldades, também foi possível testemunhar o afeto, a solidariedade e a vontade de transformação. Porque promover saúde animal é também promover dignidade e qualidade de vida humana e ambiental.
Com informações: gmaisnoticias