A motorista parou para ajudar uma cachorra de rua e acabou tendo uma bela surpresa.
Esta história aconteceu em Sarajevo, capital da Bósnia Herzegovina, e merece ser conhecida no mundo inteiro. Uma motorista parou o carro na estrada – e interrompeu o trânsito – para ajudar uma cachorra perdida. No final, a heroína acabou tendo uma bela surpresa.
Edina Pasic trafegava por uma rodovia nos arredores de Sarajevo, quando viu a cachorra perambulando no acostamento. Ela parecia aflita e estava correndo sério risco de ser atropelada: a motorista não pensou duas vezes e parou para ajudar.
A heroína é fundadora e membro atuante da ONG Andjeo Sarajevo – em bósnio, “anjos de Sarajevo”. A entidade resgata, abriga, trata e encontra novos lares definitivos para cachorros e gatos abandonados. Também faz parte do trabalho a esterilização, vacinação e microchipagem de identificação.
A Andjeo Sarajevo também promove campanhas de conscientização sobre a adoção responsável de animais de estimação. O país está em reconstrução, depois de um longo período de guerra (1992-1995) e há muitos animais abandonados, tanto nas cidades quanto na zona rural.
Resgate e surpresa
Edina dedica boa parte do seu tempo para o resgate de animais. No momento em que encontrou a cachorra na estrada, ela estava retornando do canil, para onde tinha levado alguns animais encontrados.
Na rodovia, ela identificou a cachorra sozinha, correndo sérios riscos, e não pensou duas vezes: parou o carro e interditou o tráfego, para evitar um acidente. A peluda caminhava pelo acostamento, mas parecia estar procurando alguém ou alguma coisa.
A cachorra às vezes se aventurava entre os carros, como se quisesse chamar a atenção dos motoristas e passageiros. Edina e o seu companheiro de viagem, Caki, desembarcaram e se aproximaram do animal.
Então, aconteceu algo estranho. A cachorra não demonstrava estar com medo, mas começou a se afastar da dupla de resgatadores. Quanto mais Edina e Caki se aproximavam, mais ela corria ao longo da estrada.
Curiosa, Edina seguiu a peluda no acostamento. A cachorra com certeza estava tentando levar os resgatadores para algum lugar e o senso de urgência era evidente: apesar de estar magra e muito suja, ela recusou os petiscos oferecidos.
Edina estava começando a ficar preocupada. A cachorra ziguezagueava entre carros e caminhões, dando voltas para se certificar de que estava sendo seguida. Caki chegou a correr tentando alcançá-la, mas a peluda sempre tomava a dianteira.
A dupla perseguiu a cachorra durante cerca de 1,5 quilômetro. O animal seguia sempre em frente, “informando” que precisava chegar a algum ponto desconhecido por Edina e Caki. Ela parava apenas para verificar se estava sendo seguida e rapidamente retomava a caminhada: ela sabia para onde estava se dirigindo.
Edina e Caki acompanharam a cachorra até uma construção abandonada: uma casa em ruínas à beira da rodovia. O animal, apesar de magro, exibia uma barriga muito flácida e os resgatadores começaram a imaginar o que estava acontecendo.
Era possível que a cachorra estivesse grávida ou tivesse tido filhotes recentemente. Mas não havia sinais de cãezinhos nos arredores. Edina sabia que precisava alcançar a peluda para levá-la a um lugar seguro, mas a cachorra tinha assuntos mais urgentes.
A Bósnia ainda não se recuperou totalmente da guerra. Diversas estruturas bombardeadas na década de 1990 não foram restauradas nem demolidas para dar lugar a outras construções. Era para uma destas ruínas que a cachorra se dirigia resoluta.
Havia riscos, tanto para a cachorra, quanto para os resgatadores. A construção, semidestruída, dava sinais de que poderia ruir a qualquer momento. Mas havia um motivo muito sério e importante para a cachorra guiar os dois heróis até ali.
Ao entrar na construção, Edina pôde ouvir os ganidos. Ficou evidente qual era a “surpresa” preparada para a cachorra: ela não queria socorro apenas para ela, mas para uma ninhada que a esperava aflita entre os escombros.
Surpresas boas e ruins
Mas a história é ainda mais complicada. A cachorra não era um animal de rua, abandonado. Ela tinha uma família humana, mas o tutor, ao perceber os sinais de parto, tentou expulsar a peluda, que se refugiou na construção abandonada quase ao lado da casa.
A cachorra estava em péssimo estado: muito magra, com as costelas à mostra, coberta de ferimentos, mas, mesmo assim, mostrou ser uma mãe dedicada. Dois cãezinhos esperavam a peluda, que revelou o “segredo” para Edina e Caki.
Os dois voluntários abrigaram rapidamente a pequena família, fornecendo algum alimento para a mãe e os filhotes. Ela estava decidida a levá-los para o abrigo, mas resolveu colher informações na casa vizinha.
O antigo tutor confirmou que tinha abandonado a cachorra, assim como os filhotes – nasceram cinco cãezinhos no parto, mas três não tinham resistido às más condições. O homem descrevia a situação com total naturalidade.
Enquanto Caki falava com o homem, a mulher dele aproximou-se de Edina e confidenciou: ela vinha alimentando a cachorra nos últimos, escondida do marido. A situação era muito triste, mas o homem não tinha qualquer preocupação com a segurança e o bem-estar dos animais.
A antiga tutora suplicou para que Edina e Caki levassem os cachorros dali. O casal vivia em más condições financeiras e o marido não cogitava, em momento algum, de partilhar os poucos recursos com os animais.
Muitos tutores irresponsáveis agem como o homem desta história: não esterilizam os cachorros e gatos, permitem que eles circulem sem supervisão e, quando as fêmeas aparecem grávidas, simplesmente as tratam como se fossem objetos inúteis e descartáveis.
Edina pegou os três animais, embarcou-os no carro e seguiu diretamente para uma clínica veterinária que trata de graça os animais do Andjeo Sarajevo. A cachorra estava desnutrida, muito machucada, infestada de parasitas e muito faminta.
Mas, para surpresa de todos, o leite materno conseguiu salvar a vida dos dois filhotes, que, apesar de sujos e com o pelo em desalinho, estavam em condições relativamente boas de saúde. Os três cachorros foram liberados em poucos dias da clínica.
Edina e Caki levaram a família para o abrigo do Andjeo Sarajevo. Os três cachorros recuperaram a saúde rapidamente, tomaram banho, foram escovados e mostraram ser fortes candidatos à adoção. No momento, eles estão disponíveis no site da entidade.