As alergias nos peludos não são incomuns. Veja quando se pode dar antialérgico para para cachorro.
Na natureza, as alergias não são frequentes, mesmo porque a evolução dá conta de eliminar os indivíduos menos aptos – parar para se coçar enquanto tenta fugir de um predador não é um bom negócio. Os cachorros, no entanto, se acostumaram com a vida humana e estão expostos a diversos agentes alergênicos. Em muitos casos, é necessário dar antialérgico também para eles.
As alergias podem ter causas genéticas – os filhotes já nascem predispostos a irritações. Na maioria dos casos, no entanto, as reações surgem em função da exposição a diferentes agentes, como alimentos, produtos de higiene e limpeza, infestação por pulgas e carrapatos, etc.
Em todas estas situações, é preciso aliviar a coceira e o desconforto. Para isso, existem antialérgicos específicos para cachorros, mas é preciso, antes de dar o remédio, procurar o veterinário para identificar as causas, o produto mais adequado e a dosagem recomendada, que varia de acordo com o sexo, idade e porte dos pets.
Existem algumas providências simples que podem eliminar as alergias dos cachorros. Uma delas é a tosa higiênica, que reduz a incidência de doenças dermatológicas. Os banhos regulares ajudam a eliminar células epiteliais e pelos mortos, que também podem causar problemas.
A alimentação é fundamental para eliminar ou atenuar as alergias nos cachorros. Uma ração balanceada oferece todos os nutrientes necessários, sem necessidade de suplementos. Os pets não devem receber alimentação humana, porque alguns de nossos ingredientes, como óleos vegetais, sal e condimentos, são prejudiciais à saúde integral dos peludos.
A escovação regular da pelagem e a adoção de exercícios físicos regulares também são importantes. A atividade física reduz as probabilidades de alguns transtornos emocionais, como ansiedade e estresse, que muitas vezes se traduzem em coceiras excessivas, além de mordidas nas patas e na cauda.
Seja como for, é importante levar o cachorro ao veterinário regularmente, para uma avaliação geral da saúde. É importante lembrar que apenas o médico pode indicar os medicamentos mais indicados, assim como a dosagem.
As causas das alergias em cachorros
Apenas o exame clínico, coadjuvado pelo histórico do cachorro e, se necessário, por alguns exames de laboratório, pode determinar os motivos das alergias. Mesmo dois irmãos da mesma ninhada podem apresentar reações diferentes, de acordo com o mapa genético, que varia de indivíduo para indivíduo.
Relacionamos a seguir as principais causas de alergias em cachorros, as formas de diagnóstico e tratamento, com os antialérgicos mais indicados.
• Dermatite atópica – é uma doença de pele bastante frequente nos consultórios dos veterinários. O principal sintoma é a coceira generalizada, com as consequentes lambidas, mordidas e unhadas que provocam feridas, descamação, queda de pelos e vermelhidão.
Algumas raças parecem ser mais predispostas à dermatite atópica. É o caso, por exemplo, do golden retriever, shih tzu e os buldogues ingleses e franceses, mas a doença pode acometer qualquer cachorro, inclusive sem raça definida.
Depois da consulta médica, para eliminar outras suspeitas, o veterinário pode solicitar alguns exames, como raspado, citologia da pele e do cerume, presença de colônias de bactérias e fungos (através de exames de sangue) e biópsia da pele.
A dermatite atópica é hereditária e ainda não tem uma cura definitiva. Os cachorros acometidos precisam ser acompanhados durante a vida inteira. Os antialérgicos aliviam os sintomas das crises agudas, mas os pets podem precisar também de uma dieta e produtos específicos para a higiene.
As crises costumam surgir a partir do contato direto com alérgenos, como fumaça (inclusive de cigarros), poeira, pólen e ácaros. Uma vez que é impossível garantir que o cachorro não tenha acesso a estes agentes, o antialérgico receitado pelo veterinário precisa estar sempre por perto, para aliviar os sintomas.
• Piodermite canina – este é um termo genérico para designar diversas afecções dermatológicas causadas por bactérias. Assim como a pele humana, a pele dos cachorros é colonizada naturalmente por micro-organismos como Streptococcus, Micrococcus, Proteus, Corynebacterium e até mesmo a Escherichia coli, que provoca diarreias, dores abdominais e inclusive prejudica o desenvolvimento físico. O problema surge quando esta população aumenta de forma excessiva.
A piodermite pode ser primária, de origem genética, idiopática (sem causa definida) ou resultante de distúrbios no sistema imunológico, ou secundária, causada por outras infecções bacterianas e fúngicas, dermatite atópica, alergia a alimentos e picadas de insetos. A seborreia também pode ser a causa da doença.
De acordo com a profundidade das lesões, a piodermite é classificada como superficial (quando a reação ocorre na epiderme e nos folículos pilosos) ou profunda (quando ataca camadas internas da pele e o tecido subcutâneo).
A foliculite, furunculose e celulite, doenças comuns em pastores alemães e bull terriers, entre outras raças, são causas da piodermite profunda, assim como abscessos cutâneos, inclusive derivados de ferimentos e traumas.
A piodermite, em função de sua localização anatômica, pode ser mucocutânea (nas regiões entre a pele e as mucosas, especialmente a labial), podopiodermite (quando limitada aos pés) e do calo (quando se forma nas proeminências ósseas, especialmente os cotovelos).
O diagnóstico é obtido através do exame clínico e do histórico de saúde do cachorro; o veterinário pode solicitar exames citológicos. O tratamento é feito com antibióticos e antialérgicos tópicos, disponíveis nas formas de pomada, aerossol, loção e xampu. Os casos mais graves podem exigir o uso de medicação oral.
• Alergia alimentar – os cachorros também podem apresentar alergias a alguns alimentos. Os mais comuns são: carne bovina, soja, milho e trigo, ingredientes presentes na maior parte das rações disponíveis no mercado. As alergias são mais comuns entre os filhotes, mas podem aparecer em qualquer idade.
Os sintomas são vômitos, diarreias, dores abdominais, coceira e irritação da pele, mas, como são sinais difusos, é preciso estar atento sempre que o cachorro come alguma coisa diferente, ou quando a ração de costume é trocada.
Os sinais costumam desaparecer com apenas algumas doses de antialérgico, mas, para alguns cachorros, apenas o descanso é suficiente para restaurar a tranquilidade e o bem-estar, especialmente quando a alergia é uma reação a um ingrediente específico.
Eventualmente, uma alergia alimentar pode disparar sintomas mais severos. Estas são situações raras, mas podem acontecer episódios de vômitos e diarreias intensos, dificuldade para respirar, taquicardia e descoordenação. Nestes casos, trata-se de uma emergência médica.
• DAPE – é a sigla da dermatite alérgica a picada de ectoparasitas, ou parasitas externos, como pulgas, piolhos e carrapatos. Acredita-se que metade das dermatites alérgicas diagnosticadas em consultórios estejam relacionadas à hipersensibilidade aos ataques de insetos hematófagos (sugadores de sangue).
Pode parecer um problema à toa, afinal, todos os cachorros, alguma vez na vida, terão a desagradável companhia de uma pulga ou carrapato. A DAPE surge, no entanto, quando o pet é hipersensível a alguns componentes presentes na saliva dos insetos.
O sintoma mais comum é a coceira intensa, associada a lesões provocadas por mordidas e arranhaduras, principalmente na cauda e nas patas. Os cães negligenciados tendem a apresentar crostas hemorrágicas e alopecia – perda localizada de pelos.
Existem diversos produtos tópicos para combater os parasitas que se acumulam na pelagem dos cães. Vale lembrar que alguns carrapatos são vetores de doenças mais sérias. O carrapato-estrela é o responsável pela babebiose, que causa pneumonia, diarreia, anemia branda, perda de apetite e apatia.
A DAPE, de acordo com a intensidade dos sintomas (e com o surgimento de afecções secundárias), deve ser tratada também como antibióticos e antialérgicos, para restituir a saúde plena e a qualidade de vida dos cachorros.