Por que os cachorros seguem os tutores?

O motivo principal é que eles nos amam. Mas há outras razões para os cachorros seguirem os tutores. Veja quais são…

Quem convive com um cachorro já está acostumado a ser seguido por um fiel escudeiro em todos os cantos da casa. Mesmo os cães mais independentes nunca deixam de acompanhar os tutores, não importa o horário nem a temperatura ambiente.

Mas, por que os cães seguem os tutores? O motivo mais óbvio é que eles nos amam incondicionalmente, sentem-se responsáveis e querem estar ao nosso lado em qualquer situação. Outras razões, no entanto, determinam este comportamento. Algumas são biológicas, outras, comportamentais.

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Espírito de grupo

Os cachorros são animais gregários. Eles descendem dos lobos selvagens, que vivem em grupos numerosos e estratificados de forma bastante sofisticada. Na natureza, todos os movimentos são acompanhados, inclusive por uma questão de segurança.

Quando saímos de um cômodo e nos dirigimos a outro compartimento da casa, os cachorros se sentem na obrigação de nos acompanhar. Nessas cavernas misteriosas em que vivemos, nunca se sabe quando um barranco pode desmoronar ou um tigre-de-dentes-de-sabre, atacar. É preciso estar atento.

Ok, os “barrancos” são, na verdade, paredes de alvenaria solidamente construídas – e os tigres-de-dentes-de-sabre nem sequer existem atualmente. Mas os cachorros não sabem disso e precisam garantir a segurança de todos: quando um membro do grupo está em perigo, todo o grupo está em perigo.

Eles também não conseguem entender por que nos levantamos no meio da madrugada para ir ao banheiro, ou por que nos levantamos antes de o sol raiar, especialmente em um dia frio ou chuvoso. Mesmo assim, os cachorros nos seguem.

Aliás, quanto mais indecifrável for a razão que nos move, mais motivos os cachorros têm para investigar a situação. Para um membro do grupo deixar o agasalho e o aconchego, deve haver uma razão importante – e eles precisam descobrir qual é.

A domesticação

Os cachorros foram domesticados pelos humanos há alguns milhares de anos. Alguns pesquisadores afirmam que não houve domesticação, mas a adoção de uma estratégia conjunta de duas espécies, para sobreviver durante a última Era do Gelo, quando a caça estava escassa e a união das forças fazia todo o sentido.

Seja como for, a maior inteligência dos humanos nos posicionou na condição de liderança: nós somos os “alfas” da matilha e, por isso, os cachorros nos seguem. É muito provável que esses deslocamentos sejam determinados por motivos importantes: alimento, segurança, diversão ou aconchego.

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Em um grupo harmônico, para onde o líder for, os liderados irão atrás. O comportamento se repete mesmo quando a capacidade intelectual dos cachorros não permite que eles entendam por que nós nos deslocamos continuamente, aparentemente sem nenhum proveito.

A convivência entre humanos e caninos, por outro lado, também gerou novos comportamentos. É provável que os cachorros não consigam entender por que nós nos levantamos, nos aproximamos de uma janela e ficamos por períodos consideráveis observando o nada. Para nós esse “nada” pode ser um passarinho cujo canto chamou a nossa atenção, uma flor desabrochando no canteiro, a lua nascendo ou o simples movimento de carros e pedestres na rua.

Os cães são mais práticos: se nós nos detemos em frente à janela, eles repetem o gesto e passam a observar os passantes (haverá um possível invasor entre eles?), as flores do jardim (será que elas são comestíveis?), a lua e as estrelas (é melhor apurar o faro, para ver o que está se aproximando).

Apesar de todo esse utilitarismo, a parceria – com vantagens para ambos os lados – também desenvolveu nos cachorros o espírito de contemplação. Eles também conseguem se divertir apenas observando o movimento, as cores diferentes do jardim, as mudanças da luz conforme a tarde avança em direção ao anoitecer.

Apesar de continuarem muito mais interessados nos aspectos práticos da sobrevivência diária, os cachorros aprenderam conosco a se distrair e relaxar vendo o ir e vir, sentindo novos aromas, contemplando novas formas e cores.

O reforço

A convivência transformou os cachorros. Embora muito ainda desenvolvam diversas funções, hoje em dia a maioria dos nossos companheiros é adotada para fazer companhia – uma função especialmente nobre, e quem já experimentou a solidão sabe muito bem disso.

Os principais responsáveis pelo hábito de “seguir o mestre” somos nós mesmos. Nossos companheiros se acostumaram: nós somos a fonte de alimento, carinho, diversão, lazer e segurança. Nós oferecemos a ração (e alguns lanches extras), determinamos a hora do passeio, reservamos momentos para brincar.

Os cachorros nos seguem porque pode estar se aproximando a próxima ocasião de divertimento e prazer. É certo que, algumas vezes, a surpresa não é muito agradável: nós também os levamos para locais onde há picadas e remédios amargos, para uma interminável sessão de banho e tosa e assim por diante.

Na maioria das vezes, no entanto, o resultado é satisfatório. Além da comida nossa de cada dia e da caminha confortável e segura, os humanos também providenciam petiscos, agrados, afagos e brinquedos. Seguir os tutores é quase sempre vantajoso.

Os cães são atraídos pelas vantagens que os humanos proporcionam. Filhotes nos acompanham como seguiriam a mãe, a principal referência que eles têm. Mas mesmo cachorros adotados já adultos, que muitas vezes sofreram maus tratos, rapidamente se acostumam à boa vida que oferecemos e quase sempre superam os traumas, por piores que tenham sido as experiências vividas.

A independência

Alguns cães são naturalmente independentes – às vezes, podem até ser considerados egoístas. A maioria, porém, se torna um verdadeiro chicletinho e quer seguir os tutores 24 horas por dia, se possível.

Essa proximidade pode ser traduzida como confiança, segurança – em uma palavra: amor. E todos nós gostamos de ser amados. Mesmo assim, é importante estimular a independência e a autonomia dos cachorros.

Na convivência diária, é fundamental que os pets aprendam que os tutores vão e vêm, e isto não está relacionado a abandono ou negligência. Os humanos precisam trabalhar, estudar, se divertir, relaxar. E nem sempre o amigo de quatro patas é bem-vindo em todas estas atividades.

Usando o treinamento adequado, os cachorros podem aprender a ficar sozinhos durante algumas horas. Com alguns brinquedos e outros passatempos, eles se distraem, encontram novas formar de ocupar o tempo e até desenvolvem a inteligência.

O adestramento deve ser baseado sempre em reforço positivo, nunca em castigos e gritos. Com isso, eles passarão parte do dia dedicados a eles mesmos, explorando o universo canino (ao qual nunca teremos acesso).

Não há nenhum risco de nossas mascotes se desapegarem de nós. Estimular a independência dos pets apenas eleva o nível de felicidade e, com isso, propicia melhor qualidade de vida. Os cachorros continuarão seguindo os tutores, mesmo sabendo que podem se divertir de outras maneiras.

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