Qual a quantidade certa de comida? A nutrição adequada dos cachorros é obtida não apenas com a escolha de comida de qualidade, mas também com a quantidade certa oferecida em cada refeição, que é determinada por uma série de fatores, tais como idade, sexo, nível de atividade física, condições gerais de saúde, etc.
É importante lembrar que os cachorros não são animais exclusivamente carnívoros. Apesar de boa parte da dieta diária ser feita com base em produtos de origem animal (cerca de 70%), eles também precisam comer um pouco de legumes, frutas e verduras.
Isto acontece porque, na natureza, quando os canídeos (lobos, raposas, chacais, cachorros-do-mato, etc.) caçam, eles devoram as vísceras das presas, que quase sempre são herbívoros. Com isso, eles também obtêm os nutrientes fornecidos pelos vegetais.
Pontos a serem observados na comida de cachorro
A forma mais simples e prática de alimentar os cachorros é oferecer rações industrializadas. Os tutores precisam ficar atentos, porque os produtos rotulados como “standard” podem conter um teor mais elevado de gorduras. Elas não são prejudiciais à saúde dos cachorros, mas são mais calóricas e, portanto, podem contribuir para o ganho de peso.
Já as rações “premium” e “super premium” são formuladas com partes mais magros: coxa, sobrecoxa e peito de aves, cortes traseiros e dianteiros de suínos e bois, etc. Estes produtos fornecem quantidades maiores de proteínas, vitaminas e minerais, mas também são mais caros.
Quem opta pela comida caseira deve obedecer à seguinte fórmula: 70% de produtos de origem animal e 30% de vegetais. Os ingredientes podem ser cozidos ao mesmo tempo, sem temperos (alho e cebola fazem mal para os cachorros, que geralmente não apreciam as pimentas e as ervas aromáticas).
É importante verificar os rótulos dos alimentos oferecidos, para verificar o teor de macronutrientes (proteínas, gorduras e açúcares) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais). Por lei, os fabricantes precisam encabeçar a relação dos ingredientes com o principal nutriente do produto (gorduras, proteínas, etc.).
Os tutores, ao calcular a quantidade, também precisam ficar atentos aos “extras” oferecidos durante o dia. Por exemplo, um bifinho de dez gramas pode interferir seriamente na dieta de um chihuahua que pesa 1,8 kg (e deve receber um total diário de 140 a 180 gramas).
A quantidade certa que deve dar ao cachorro
Como regra geral, os tutores devem observar os cachorros enquanto eles estão se alimentando. A quantidade ideal é aquela suficiente para que eles comam de uma vez: se sobrar na tigela, é preciso diminuir.
Quase todos os cachorros são muito vorazes. Isto é explicado porque, na natureza, é preciso comer o máximo no menor tempo possível – nunca se sabe quando outra refeição estará disponível. Como diz um velho ditado, “se a farinha é pouca, eu quero o meu pirão primeiro”.
A voracidade, no entanto, não pode servir como indicativo para a quantidade de comida a ser oferecida. Alguns peludos, se dependesse exclusivamente da vontade deles, passariam boa parte do tempo comendo – e o restante, dormindo.
Além dos prejuízos para o funcionamento do aparelho digestório, a comida em excesso também provoca sobrepeso e obesidade, uma doença cada vez mais comum entre os cães, que estão mais e mais sedentários.
A obesidade acarreta uma série de desconfortos, incômodos e doenças nos cachorros. A comida em excesso pode causar os seguintes transtornos:
- doenças cardíacas;
- insuficiência respiratória;
- insuficiência renal;
- insuficiência hepática;
- diabetes do tipo 2;
- doenças osteoarticulares;
- problemas reprodutivos;
- estresse térmico;
- hiperlipidemia;
- transtornos dermatológicos;
- perda generalizada ou localizada dos pelos.
O peso acima do considerado adequado compromete a qualidade de vida, reduz a expectativa de vida e, de acordo com vários estudos e pesquisas, também predispõe ao desenvolvimento de neoplasias (tumores malignos).
Além disso, o sobrepeso e a obesidade atrapalham as atividades diárias: os cachorros passam a recusar brincadeiras e correrias, a falta de atividade favorece ainda mais a engorda e tudo se transforma em uma bola de neve, um círculo vicioso.
A quantidade certa de comida
O ideal, para verificar a quantidade certa de comida a ser dada para os cachorros, é conversar com o veterinário. O profissional, identificando as características individuais de cada peludo, pode propor os melhores produtos e a quantia a ser oferecida.
É importante também incluir as refeições em uma rotina, oferecendo os alimentos sempre nos mesmos horários. Os cachorros de grande porte podem receber a comida apenas uma vez por dia, mas, no caso dos muito gulosos, recomenda-se particionar a quantidade em duas ou três porções.
Naturalmente, os cachorros mais “intensos” precisam de quantidades maiores. É o caso dos cães atléticos ou de trabalho. Já os animais mais tranquilos e bonachões, que passam a maior parte do dia cochilando, podem ter as refeições reduzidas.
A regra para calcular a quantidade certa de comida para os cachorros é a seguinte:
- cães toy (menos de 3 kg) – 7% do peso total;
- cães miniatura (de 3 kg a 5 kg) – 6% do peso total;
- porte pequeno (de 5 kg a 10 kg) – 5% do peso total;
- porte médio (de 10 kg a 22 kg) – de 4% a 5% do peso total;
- porte grande (de 22 kg a 40 kg) – de 3,5% a 4,5% do peso total;
- molossoides (porte gigante) – de 3,5% a 4% do peso total.
Para facilitar, os tutores podem se orientar pela tabela seguinte:
- até 3 kg – 200 gramas;
- 3 kg a 5 kg – 250 gramas;
- 6 kg a 7 kg – 300 gramas;
- 8 kg a 10 kg – 350 gramas;
- 11 kg a 15 kg – 550 gramas;
- 16 kg a 20 kg – 700 gramas;
- 21 kg a 25 kg – 950 gramas;
- 26 kg a 30 kg – 1 kg;
- 31 kg a 35 kg – 1,2 kg;
- 36 a 40 kg – 1,3 kg;
- 41 kg ou mais – 1,5 kg (ou mais).
Os cães muito pacatos, como os buldogues, precisam receber um pouco menos de comida. Os muito agitados, como é o caso da maioria dos dobermans, border collies, poodles e pastores, precisam receber um pouco mais.
Os cachorros que participam de atividades físicas mais intensas, como treinamentos complexos (agility, tração, corrida, etc.) também precisam de quantidades maiores. Os adestradores profissionais podem sugerir produtos e quantias específicas para os dias de treino.
Quase sempre, nos dias mais frios, em que os peludos passam boa parte do tempo descansando, as refeições devem ser mais leves. Vale o mesmo para os períodos de convalescença de traumas e doenças, mas é preciso ouvir as recomendações do veterinário nestes casos.
Os cães idosos – a partir dos seis ou sete anos – tendem a ser menos agitados e, com isso, precisam passar a receber quantidades menores. É possível que eles também tenham necessidades específicas, como maior teor de minerais na alimentação, que podem ser suplementados com produtos específicos.
Já os filhotes, depois do desmame, podem receber as mesmas quantidades apresentadas acima (salvo recomendação médica diferente), oferecidas em intervalos menores (quatro vezes por dia até os três meses; três até os seis meses; e duas a partir do sétimo mês de vida).
É importante lembrar que os filhotes precisam de produtos específicos para a fase de desenvolvimento físico. As rações para filhotes são mais ricas em cálcio, fósforo e potássio, por exemplo; elas garantem o desenvolvimento adequado dos ossos e músculos.
Os cães de médio e grande porte costumam se desenvolver muito rapidamente – e os tutores precisam ficar atentos às necessidades, que podem variar de uma semana para outra no caso dos grandões, como o São Bernardo, o mastim napolitano e o dogue alemão.
As grávidas não precisam ter o regime alimentar alterado, desde que estejam habituadas a rações balanceadas de boa qualidade. A ideia de que precisam comer mais, porque estão comendo por muitos, não é verdadeira – nem para as cachorras, nem para as mulheres.