Resgatando Raposas em Londres: O Trabalho Silencioso de uma Heroína Urbana

AÇÃO DE RESGATE NUM DIA COMUM

Uma cena inusitada em Londres: uma raposa ferida, com dentes à mostra e rosnando, encurralada em uma gaiola. A voluntária Nicki Townsend, imparável, se aproxima, usando apenas luvas de borracha e roupa de ioga. Com tom suave, ela cobre o animal com uma toalha, segura a nuca dele e o leva para uma gaiola limpa — um resgate delicado e cuidadoso.

RÁPIDA ADAPTAÇÃO À VIDA URBANA

A presença das raposas-vermelhas em Londres

Embora as raposas não sejam tão emblemáticas quanto os ônibus vermelhos ou as cabines telefônicas, estima-se que cerca de 15.000 raposas vivam entre as ruas, becos e quintais londrinos . A adaptação começou nos anos 1930, quando a expansão urbana invadiu esse habitat.

Nicki Townsend examinou no mês passado uma raposa que foi levada ao hospital pelo The Fox Project perto de Tonbridge, Inglaterra.Foto: AP
Nicki Townsend examinou no mês passado uma raposa que foi levada ao hospital pelo The Fox Project perto de Tonbridge, Inglaterra.
Foto: AP

Amor ou ódio: uma convivência polarizada

As raposas são adoráveis para alguns e indesejadas por outros. Elas revolvem o lixo, marcam território e têm gritos estridentes durante o cio. “É como Marmite com raposas: ou você as ama ou as odeia”, compara Townsend.

O FOX PROJECT: DE UM MOVIMENTO A 1.400 RESGATES POR ANO

A origem do projeto

Há quase 35 anos, Trevor Williams, ex-baixista da banda Audience, fundou a organização após ajudar a combater a caça à raposa no campo. Sua atenção se voltou para o ambiente urbano, onde esses animais eram frequentemente mortos.

Escala do trabalho

Atualmente, o The Fox Project realiza cerca de 1.400 resgates anuais, dos quais 400 são filhotes, embora apenas metade sobreviva para ser solta.

AMEAÇAS ÚNICAS DAS CIDADES PARA RAPOSAS

Perigos cotidianos

Nas cidades, os principais riscos são ser atropeladas, ficarem presas em redes de futebol ou em espaços estreitos, resultando em ferimentos que podem infeccionar. Infestações de sarna também são comuns.

Salvamentos em ação

Pilotando seu VW Caddy, Townsend visita desde vielas até campos verdes. Ela compartilha seu primeiro resgate desastrado: uma raposa que fugiu fazendo com que ela, inexperiente, tentasse correr atrás dela — sem sucesso.

O LADO HUMANO E EMOCIONAL DOS RESGATES

O trabalho invisível

O interior da van exala um odor forte de raposa, intensificado por filhotes nervosos. Townsend, com humor, adianta: “Este é um trabalho fedorento” .

Cada resgate é um drama

Certa vez, ela atendeu um casal que encontrou um filhote gravemente ferido no jardim. “Pensamos que ele apenas dormia… depois ele não se mexeu”, relatou Charlotte English. Infelizmente, o animal precisou ser sacrificado.

O futuro após o resgate

Filhotes saudáveis são socializados em grupos e libertados em áreas rurais. Adultos são soltos nos bairros de origem .

DESCONHECIMENTO SOBRE A VIDA APÓS O RESGATE

Um estudo de 2016 revelou que raposas reabilitadas geralmente vagam por territórios diferentes, o que pode aumentar o risco de atropelamento ou estresse . Bryony Tolhurst, da Universidade de Brighton, alerta: “Há uma lacuna no conhecimento… a suposição de que elas prosperam após a soltura precisa ser questionada”.

O MOMENTO MAIS GRATIFICANTE

Para Townsend, o consolo está nos pequenos instantes pós-liberar os animais. Ver um filhote explorando o desconhecido ou um adulto reconhecendo o bairro é uma recompensa. “Às vezes parecem olhar para trás como se dissessem ‘obrigado’, mas, na realidade, só querem saber se não estamos correndo atrás deles”.

Fonte original: Taipei Times.

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