Atividades físicas essenciais para a saúde dos cachorros

Os cachorros precisam de atividades físicas para manter a saúde. Confira o que é essencial.

Muitas vezes, tudo de que precisamos depois de um dia corrido é um banho quente, uma poltrona confortável e um programa de TV não muito complexo, para que não tenhamos de pensar demais. Na verdade, precisamos de mais que isso, mas fomos ficando sedentários. Isto faz mal para a nossa saúde e também para a dos pets. As atividades físicas são essenciais.

As atividades físicas são fundamentais para o desenvolvimento adequado dos filhotes, para a conservação e manutenção da estrutura osteomuscular dos cães adultos, mas também são importantes para garantir o equilíbrio emocional dos pets.

Durante as caminhadas diárias pelas ruas, os cachorros se deparam com pessoas, animais, carros, motos. São mais do que elementos da paisagem: é preciso estabelecer contato, identificar amigos e adversários, desenvolver a inteligência para escapar dos perigos, mesmo que apenas aparentes.

Atividades fisicas para caes

Brincadeiras e caminhadas também fortalecer os elos entre tutores e seus cachorros. As pequenas distrações do cotidiano são elementos importantes para fixar e reforçar a hierarquia e o companheirismo. É nas atividades físicas frequentes que os cachorros aprendem a ser os melhores amigos do homem.

Os cães de médio e grande porte e os caçadores (como dachshund, yorkshire terrier, poodle e todos os terriers e hounds) são os que mais necessitam de atividade física, mas mesmo os pets considerados preguiçosos, como os buldogues, devem ser incentivados à prática regular de exercícios.

O tempo

Nos dias corridos em que vivemos, pode ser difícil arranjar tempo para brincar com os cachorros, mas estas atividades são essenciais para o corpo e a mente. Caso não seja possível caminhar por 40 minutos até o parque, uma voltinha rápida no quarteirão pode substituir o passeio diário eventualmente.

Mas não se pode ignorar as necessidades dos pets. Trazer um cachorro para casa significa comprometer-se com o bem-estar, a qualidade de vida e o equilíbrio. Se as atividades profissionais e acadêmicas não permitem os exercícios, pode ser necessário considerar a possibilidade de contratar um dog walker.

O sedentarismo é um convite para o tédio e também para as doenças físicas e emocionais. Um cachorro que passa muito tempo isolado tende a desenvolver condutas destrutivas ou agressivas – inclusive em relação a ele mesmo. Muitos pets “atacam” as patas e a cauda, numa tentativa de preencher o tempo ocioso.

Mantê-lo ocupado é saudável também para os tutores. Um cachorro pode ser a desculpa de que estávamos precisando para começarmos a nos mover. Fazer atividades em conjunto é sempre mais fácil e prazeroso. Portanto, mexa-se! O seu cachorro é o parceiro ideal para o fortalecimento integral da saúde.

Os benefícios das atividades físicas para os cachorros

É claro que períodos de descanso e repouso também são importantes. É preciso, aliás, respeitar as características dos cachorros. Um buldogue inglês adulto provavelmente não exibirá as características necessárias para uma corrida ou um percurso de obstáculos. Um passeio tranquilo pela pracinha é uma opção mais acertada.

Já um whippet, desenvolvido para competições de atletismo, ou um retriever do Labrador, que já foi pescador de peixes de grande porte e ajudava na manutenção das embarcações, possui fôlego de sobra mais duas horas ou mais de atividades físicas.

Antes de escolher um cachorro, portanto, é necessário considerar as características de cada raça – que é transmitida inclusiva para os animais mestiços. No momento da adoção, a melhor opção é a de um pet com pique menor ou igual ao do tutor.

As atividades físicas proporcionam:

  • aumento da disposição para as tarefas do dia a dia;
  • condicionamento físico e tonificação dos músculos;
  • fortalecimento do organismo, especialmente dos aparelhos imunológico, cardiorrespiratório e osteomuscular;
  • estimulação do sistema digestório e favorecimento dos movimentos peristálticos do intestino;
  • prevenção de doenças, inclusive do diabetes e da hipertensão arterial;
  • melhora do humor;
  • melhor sociabilização com humanos e outros animais.

Além disso, o pegador, o pega-bolinha (ou gaveto), a corda de tensão, os passeios com corridas e saltos, cansam o mais ativo dos cachorros e garantem boas noites de sono – para os tutores e para os pets.

Mas, mesmo os cachorros preguiçosos precisam de exercícios. As atividades físicas (realizadas preferencialmente com os tutores) são essenciais para o corpo e a mente. Elas atenuam o mau humor e a agressividade comuns a muitos pets.

A falta de atividade, no entanto, principalmente entre cachorros que moram em apartamentos e passam a maior parte do dia em espaços pequenos, favorece o desenvolvimento da irritabilidade, tédio, agressividade, ansiedade, superexcitação e, em alguns casos, quando há predisposição genética, pode determinar o estabelecimento de um quadro de depressão.

O momento de praticar exercícios

Ao realizar qualquer atividade física, o organismo dos cachorros (e o nosso também) libera dopamina, um neurotransmissor (substância transmitida entre os neurônios) associado aos mecanismos de recompensa. Em outras palavras, os pets se sentem premiados quando passeiam e brincam.

A dopamina é a precursora da adrenalina, outro transmissor, desta vez associado à avaliação de riscos e oportunidades imediatos. A adrenalina exerce forte ação estimulante de todo o sistema nervoso.

Quando estas substâncias não são liberadas, surge a ansiedade. Não é à toa que um cachorro, quando não se exercita adequadamente, tende a destruir roupas, calçados, móveis e até os próprios brinquedos.

Por isso, recomenda-se a todos os tutores que se estabeleça um programa de atividades físicas: uma caminhada em local público e alguns momentos de brincadeiras.

É importante regular a intensidade dos exercícios à estrutura anatômica, às condições gerais de saúde e à idade dos pets. Os cães pequenos geralmente precisam de menos atividade, assim como os braquicefálicos (de focinho amassado), que apresentam comprometimentos na capacidade cardiorrespiratória.

O horário também é importante. Por provocarem substâncias estimulantes, as atividades físicas deixam os cachorros elétricos, energizados por algum tempo depois de cessado o exercício. Meia hora depois, eles estarão entregues a uma gostosa soneca.

É preciso intercalar períodos de atividade e de descanso e garantir a hidratação do pet, que tende a suar mais quando faz esforços físicos (lembre-se: para um pug, subir dois ou três degraus é um grande esforço físico).

Os cachorros são excelentes para se comunicar através da linguagem corporal. Quando eles passam muito tempo sem se exercitar, costumam emitir os seguintes sinais, aos quais os tutores precisam ficar atentos:

• latidos curtos e compassados, com intervalos regulares – é uma forma de chamar atenção para algo que os deixa ansiosos ou confusos;

• orelhas eretas, em estado de atenção, mesmo em momentos considerados tranquilos pelos humanos;

• cauda baixa e abanando sem parar, mesmo fora dos momentos de festa;

• cutucadas com o focinho (cachorros que não são educados adequadamente podem usar as patas e até pular sobre o tutor);

• choros e gemidos.

Não se surpreenda que, mesmo não ensinado, o pet agarre a coleira ou um brinquedo e leve-o até você nos momentos em que ele está entediado. É um sinal evidente de que já passou da hora da malhação. Os cachorros também podem chorar e ganir olhando para a porta de entrada ou latir com o olhar fixo no tutor.

Em condições extremas, eles podem partir para brincadeiras mais agressivas (como morder as mãos do tutor), exibir comportamento excessivamente territorialista (como se apropriar de uma poltrona ou mesmo de um tapete na passagem) ou pular sobre os membros da família (e mesmo sobre as visitas).

O temperamento

Com relação aos cachorros de raça (e também aos mestiços com características pronunciadas de alguma raça), é preciso adaptar as atividades físicas. Os pastores e boiadeiros, por exemplo, apreciam longas caminhadas, mas não gostam de correr: eles preferem curtir a paisagem.

Estes animais fazem parte do grupo 1 da Federação Cinológica Internacional (FCI). Os mas comuns no Brasil são os collies (border, bearded e rough), old english sheepdogs, pastores alemães, belgas, húngaros, de Shetland, etc.

Os animais do grupo 2 da FCI são cães de guarda, trabalho e utilidade. É o caso do rottweiler, doberman, mastim napolitano, dogue alemão, boxer, São Bernardo, pinscher (inclusive o miniatura) e todos os schnauzers. São pets resistentes e rústicos, que gostam de atividades mais intensas, mas também não são chegados a uma corrida.

O grupo 3 é o dos terriers, cães de caça na terra (não mergulham nem perseguem aves). São ágeis, rápidos e praticamente incansáveis – são apaixonados por atividades intensas. Fazem parte o pitbull, bull terrier, yorkshire, jack russel e o fox paulistinha – oficialmente, terrier brasileiro.

O grupo 4 reúne os cães teckel – apenas três tipos de dachshund: pelo duro, liso e de arame (sólido, bicolor ou tricolor). Não pense que os baixinhos, conhecidos no Brasil, são preguiçosos. Eles são hábeis caçadores de animais que vivem em tocas: por isso, preferem observar e atacar no momento certo, em vez de correr desesperadamente atrás das presas. Tome cuidado, porque o teckel pode sofrer de problemas ortopédicos, mas continua valente e persistente – para não dizer teimoso.

O grupo 5 reúne os cães spitz, mais primitivos (provavelmente as primeiras raças caninas desenvolvidas pelos humanos); fazem parte do grupo o akita, basenji, samoieda, husky siberiano, chow chow, shiba e, claro, o spitz – ou lulu da Pomerânia. São valentes, resistentes e estão sempre alerta. O lugar ideal das brincadeiras é um espaço aberto, onde possam correr, saltar, perseguir passarinhos e borboletas, etc.

Os sabujos – ou cães farejadores – estão reunidos no grupo 6 e são conhecidos pelo olfato extremamente apurado, a excelente resistência física e a persistência – quando querem algo, é difícil fazê-los mudar de ideia. Estão no grupo: basset hound, beagle, bloodhound, dálmata, foxhound inglês e rodhesian ridgeback, o leão da Rodésia.

Os apontadores formam o grupo 7. A sua função original era identificar as presas pelas pegadas, rastros, cheiros deixados pelo caminho. As raças mais comuns são: perdigueiro, braco (alemão e italiano), pointer, setter (inglês e irlandês) e weimaraner – o fantasma cinza. São cães mais lentos – poderiam ser descritos como contemplativos –, mas podem andar por horas a fio, especialmente se o dia estiver mais fresco.

Fazem parte do grupo 8 alguns cães populares no Brasil, como cocker spaniel (inglês e americano), golden retriever, retriever do Labrador e springer spaniel. Eles adoram água – foram desenvolvidos par resgatar aves abatidas que caíam nas lagoas – mas também curtem apenas a companhia humana, uma vez que foram empregados como animais de terapia e condutores de deficientes visuais.

No grupo 9, estão os cães de companhia: poodle, lhasa apso, shih tzu, pug, maltês, chihuahua, cavalier king Charles, Boston terrier, bichon frise e cão de crista chinês. Com exceção do poodle, são todos animais tranquilos e dóceis, que prefeririam o colo dos tutores, mas também devem ser exercitados.

O grupo 10 reúne os lebréis: cães desenvolvidos para a caça de presas rápidas e difíceis de capturar. São animais imponentes, ágeis e fortes. Entre as raças, a mais comum no Brasil é o afghan hound, mas borzói, greyhound, saluki, wolfhound irlandês e whippet também são conhecidos no país.

Existe também um 11º grupo, das raças ainda não oficialmente reconhecidas ou em processo de reconhecimento. Fazem parte o american bully, biewer, buldogue americano e os brasileiros ovelheiro gaúcho, veadeiro pampeano e buldogue campeiro.

Cada cachorro exibe características próprias, de acordo com a personalidade. Não é muito provável, mas é possível, desta forma, encontrar um dálmata tímido, um rottweiler medroso ou um cocker spaniel muito bem comportado. Os tutores precisam identificar as tendências dos pets, inclusive para definir as preferências de passeios e brincadeiras.

Todo dia?

Alguns tutores se perguntam se os cachorros precisam se exercitar todos os dias. A resposta é positiva: todos os seres vivos, especialmente os mais complexos (como os mamíferos) passam boa parte do tempo de vigília em atividade.

Isto não significa que os tutores precisam sair de casa em um dia frio ou chuvoso e cumprir um roteiro de 30 ou 40 minutos, como se fosse uma prática ritual. Mesmo os peludos podem preferir uma caminha quente a passear na chuva.

Nessas condições, os passeios podem ser encurtados, mas as brincadeiras precisam ocupar mais tempo – inclusive para aquecer o corpo, estimular o metabolismo e fortalecer as articulações, que sofrem nos invernos rigorosos.

Se a chuva e o frio desencorajam mesmo os tutores mais fiéis, o calor pode ser prejudicial principalmente para os pets. Tente andar no cimento sem sapatos apenas por um minuto ou dois: desagradável, não? Escolha as horas mais frescas do dia e não se esqueça de levar a garrafa de água (e sacos plásticos, para recolher as fezes).

Os filhotes devem caminhar por 15 a 20 minutos diários, período semelhante ao indicado para os cachorros de pequeno porte – mas deve-se atentar ao temperamento individual, porque alguns nanicos querem passear por muito mais tempo, explorando, saltando obstáculos, “conversando” com os colegas, etc.

Cães adultos de médio e grande porte precisam de um passeio de 30 a 40 minutos, desde que estejam saudáveis. Para os idosos, a carga de exercícios físicos deve ser reduzida à medida da capacidade de esforço e das eventuais “dores da idade”, que nem todos os cachorros manifestam.

Os atletas devem seguir o cronograma estabelecido pelo adestrador, mas o tutor precisa ficar atento, para verificar exageros que possam prejudicar o organismo. O ideal é acompanhar de perto as atividades mais intensas (como agility) e mesmo participar delas.

As exceções ficam por conta:

• dos cães pequenos e frágeis, como chihuahua, maltês e pinscher (um passeio diário de dez minutos é suficiente);

• dos animais doentes, convalescentes, portadores de doenças crônicas e gordinhos. Nestes casos, a prática de exercícios físicos deve ser feita apenas sob supervisão médica.

Algumas brincadeiras

A caminhada é a maneira mais fácil de exercitar os pets. Tudo o que os tutores precisam é de uma coleira e uma guia (confira a legislação local; em alguns municípios, a condução de cães de algumas raças em vias públicas só é permitida com o uso de focinheiras e guias curtas).

Em qualquer cidade, é possível encontrar o percurso ideal, de acordo com o tempo necessário e as características do pet: piso irregular, ladeiras mais ou menos íngremes, canteiros pet friendly e, em alguns locais, até mesmo lagoas e riachos.

Alguns municípios brasileiros permitem que os cachorros se exercitem com os tutores nas academias, pelo menos em alguns horários do dia. Outras localidades oferecem pontos específicos para as atividades físicas dos pets, com obstáculos, esteiras, túneis, equipamentos, etc.

Em casa, no quintal (ou empurrando alguns móveis da sala de estar – para os nanicos, é possível improvisar um playground no sofá), os tutores podem criar a própria academia canina, com atividades como:

pega-objetos (uma bolinha elástica aumenta a exigência física da brincadeira);

cabo-de-guerra – basta um cabo de material resistente levemente elástico, para que o cachorro tente esticar o máximo possível. É uma brincadeira útil também para treinar submissão e atenuar o comportamento territorialista;

esconde-esconde – existem alguns brinquedos disponíveis no mercado, mas eles podem ser improvisados com uma garrafa pet cheia de ração e petiscos, ou apenas com pedrinhas, para fazer barulho e entreter o pet enquanto ele tenta encontrar o tesouro.

Cachorros são como crianças – e os tutores são os adultos responsáveis nos momentos de atividades físicas. Certifique-se de que o local escolhido não ofereça riscos de quedas e traumas e os objetos escolhidos não sejam passíveis de causar acidentes. Divirta-se!

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