Não faz parte do cardápio, mas a resposta é positiva. Com moderação, cachorro pode comer alface.
O cachorro é uma espécie animal preferencialmente carnívora. Isto significa que a base da sua alimentação é a proteína animal (por isso, os peludos são excelentes caçadores), mas a dieta é complementada com algumas fontes vegetais. Em casa, na convivência com humanos, o cachorro aprendeu a comer verduras, como alface, rúcula, almeirão, escarola, etc.
A maioria dos peludos tem aversão pelas folhas verde-escuras, como couve e espinafre, mas aceita as de tons mais claros, como é o caso da alface. Como regra geral, os cachorros ingerem folhas, raízes e frutas para melhorar o trânsito intestinal: eles nunca escolheriam uma dieta vegetariana por ser teoricamente mais saudável.
Pode parecer desnecessário, mas é preciso lembrar que a alface deve ser oferecida sem nenhum tempero – sal, pimenta, óleos vegetais e vinagre são prejudiciais à saúde canina. Alimentos orgânicos são mais caros, mas, se possível, o tutor deve escolher um alface “diretamente da horta”, para evitar que o peludo seja exposto aos defensivos agrícolas usados nas plantações comerciais.
Os benefícios da alface
Ela é uma das verduras mais consumidas do mundo. A alface se adapta a diversos tipos de solo e condições climáticas, transformando-se em uma boa opção para a nutrição humana. Os cachorros também podem ser beneficiados com ela, mas os tutores precisam lembrar sempre que é preciso moderação.
Uma folha de alface pesa em média apenas dez gramas. Pode parecer pouco, mas um chihuahua adulto saudável deve ingerir um total de 70 gramas por dia – ou até menos, se for sedentário ou muito pequeno (abaixo de 2 kg). A “salada”, no caso, ocuparia um espaço desproporcional na alimentação.
Alguns pedaços, no entanto, não fazem mal. Eles podem ser picados e misturados à ração, se o cachorro não separá-los cuidadosamente antes de devorar “o que interessa”. De qualquer maneira, os tutores precisam ficar atentos às preferências dos pets.
A alface é uma espécie de calmante natural. Ela alivia o estresse, previne a fadiga muscular e alivia dores musculares, por ser rica em magnésio e lactucina, duas substâncias que contribuem para a melhoria destes sintomas. A alface roxa é rica em antocianinas, antioxidantes que combatem o excesso de radicais livres e previne doenças cardiovasculares.
A alface também é fonte de vitaminas A, C e E, ferro, potássio e zinco. Por ser pobre em calorias (apenas 1,5 caloria por folha, em média), ela também contribui para a dieta de cães que sofrem com sobrepeso e obesidade.
Muitos cachorros apresentam deficiência de zinco, que pode ter origem genética. O nutriente é considerado um micromineral (assim como cobalto, cobre e selênio), mas, mesmo em dose muito pequenas, ele contribui para a formação de diversas enzimas com funções metabólicas importantes:
- absorção de carboidratos e proteínas;
- diferenciação e multiplicação celular;
- síntese do colágeno;
- cicatrização e regeneração de tecidos;
- maturação do aparelho sexual e secreção de hormônios sexuais.
A ingestão de zinco deve ser mínima (3 mg, em média – a quantidade oferecida por meia folha de alface). O excesso está relacionado ao desenvolvimento de algumas dermatites. Cães idosos também podem absorver cálcio em excesso com a presença do zinco no organismo.
Tudo depende das condições gerais do cachorro. Por exemplo, a ingestão de zinco é um aspecto positivo para os portadores de osteoporose, mas negativo quando provoca hipercalcificação e expõe os ossos a fraturas com mais facilidade.
O maior benefício da alface para a nutrição canina é a oferta de fibras. Os tipos mais rendados, como alface romana, mimosa e roxa, são as melhores fontes: com apenas uma folha, o cachorro ingere 0,1 grama de fibras.
As fibras devem estar presentes em todas as refeições dos cachorros. Vale lembrar que as rações balanceadas já oferecem a quantidade necessária, mas a inclusão da alface no cardápio canino pode ser útil para prevenir ou combater:
- obstruções esofágicas, gástricas e intestinais;
- constipação e colite.
As fibras vegetais não são aproveitadas pelo organismo nos cães: eles não conseguem absorver nenhum nutriente. Mesmo assim, elas são importantes porque aumentam o bolo fecal e tornam as fezes mais firmes, evitando ou amenizando tanto as diarreias, quanto as prisões de ventre.
A alface pode inclusive ser empregada como ferramenta para um prato “detox”. A verdura não chega a eliminar toxinas, mas regulariza o trânsito intestinal e pode ser útil na recuperação de crises de diarreia e vômito. Rica em água, ela também contribui para a hidratação do organismo.
Dar ou não dar alface para cachorro?
Os tutores precisam respeitar as preferências dos cachorros. Alguns deles podem se sentir curiosos com o aspecto ou o cheiro das folhas (apesar de serem inodoras para nossos narizes, as folhas de alface atraem os peludos também pelo aroma).
Folhas enroladas e talos de alface podem servir como recompensas durante o treinamento básico, desde que os cachorros se sintam atraídos por esses petiscos. Atualmente, existe uma tendência – e certa ansiedade – pela adoção de uma dieta saudável, mas é preciso ter em mente que a nutrição canina é muito diferente da nossa.
Um cachorro, por exemplo, não pode se tornar vegano. O veganismo é uma filosofia e estilo de vida desenvolvidos pelos humanos, que não aceitam nenhum tipo de exploração dos recursos animais. Para os peludos, que são predadores, isto não faz muito sentido.
A natureza atingiu um equilíbrio alternando presas e predadores, caçadores e carniceiros. Todas as espécies (animais e vegetais) encontram-se no auge da sua evolução biológica: todos os desafios propostos pela natureza foram superados. Do contrário, as espécies teriam sido extintas.
Mas um cachorro, de acordo com as convicções dos tutores, pode receber uma dieta vegetariana. É um pouco difícil eliminar a proteína animal do cardápio canino, mas, com um pouco de esforço, é possível preparar refeições balanceadas.
Existem disponíveis no mercado rações para cães formuladas exclusivamente com vegetais. Na maioria dos casos, a dieta alimentar precisa ser suplementada com substâncias sintéticas, importantes para o metabolismo canino, mas inexistentes in natura nos alimentos à base de plantas.
Seja como for, alterações na dieta devem ser discutidas com o veterinário antes de serem introduzidas. Mesmo com as melhores intenções, os tutores podem causar prejuízos sérios à nutrição apenas substituindo a carne pelos vegetais. As mudanças também precisam ser gradativas, tanto para o cachorro se adaptar, quanto para evitar transtornos físicos e emocionais.
A alface, assim como outras verduras, raízes e frutas, é, na maioria dos casos, apenas um complemento ou uma diversão para os cachorros. Ela pode ser oferecida como um prêmio, um reforço depois das caminhadas e brincadeiras (em que os cachorros despendem mais energia).
Entre os cães de porte médio e grande, uma folha de alface não provoca alterações significativas no volume de alimentos. Apenas entre os muito pequenos, os tutores precisam ficar atentos e, se for o caso, oferecer alface em substituição a algum outro alimento. Pode-se revezar a oferta de vegetais: em um dia, a alface; em outro, um pedaço de fruta, uma raiz cozida, etc.