A resposta é sim: cachorro pode comer arroz, mas é preciso prepará-lo especialmente para ele.
O arroz é um dos alimentos mais frequentes nas refeições dos brasileiros. Acompanhado do feijão, ele faz parte do dia a dia, e também está presente em cardápios mais elaborados. Mas será que cachorros podem comer arroz?
Apesar de muito popular (é o segundo cereal mais consumido no mundo, atrás apenas do trigo), o arroz branco não é um alimento especialmente nutritivo. Combinado com feijão ou outras leguminosas, ele fornece proteínas, mas, sozinho, é fonte apenas de açúcares (como o amido), que são importantes fontes de energia para o organismo.
No caso dos cachorros, no entanto, a energia extra pode acabar não sendo consumida (no caso de cães mais tranquilos e bonachões, além dos já idosos), transformando-se em gordura, com o consequente ganho de peso.
O cereal é útil para os tutores que optam pela comida caseira para os cachorros. Ele deve ser servido com alguma fonte de proteína (carne bovina, suína, de frango, etc.), suplementado com legumes, que podem variar no dia a dia, para permitir a oferta adequada de vitaminas e sais minerais.
Os cães são animais preferencialmente carnívoros. Isto significa que, além de se alimentar de carne, eles precisam de alguns vegetais na dieta. A proporção ideal é de 80% de proteínas de origem animal e 20% de frutas, legumes, verduras e grãos, como o arroz.
O preparo do arroz para os cachorros
Para os cachorros, o arroz deve ser cozido apenas em água, sem adição de temperos nem condimentos. É importante lembrar que cachorros não podem comer alho e cebola: a alicina presente nestes bulbos provoca a anemia hemolítica – a destruição dos glóbulos vermelhos (hemácias), responsáveis pelo transporte de oxigênio para as células. Alho e cebola estão na “lista proibida” dos alimentos para cachorros – e também dos gatos.
O sal de cozinha também não pode entrar na receita, especialmente para cachorros que recebem rações de boa qualidade, em cuja formulação o sódio já está presente. Este mineral desempenha funções importantes no equilíbrio hídrico do organismo.
Em excesso, no entanto, tal como ocorre com os humanos, o sódio causa retenção de líquidos. Além dos inchaços, o sal reduz a quantidade de urina; quando o volume diminui, o organismo retém substâncias tóxicas que, no médio prazo, comprometem as funções dos rins, podendo inclusive causar uma insuficiência renal crônica.
Mas o arroz sem sal nem tempero não parece ser muito saboroso – e realmente não é. Além disso, o prato não estimula o olfato canino. A solução é combinar o arroz com carnes e legumes, para tornar a refeição mais agradável e nutritiva.
Para tornar o arroz mais saboroso, os tutores podem prepará-lo aproveitando a água do cozimento de outros ingredientes, como carnes e legumes – são caldos naturais que também enriquecem a refeição, em termos nutritivos.
A adição, no cozimento, de especiarias (canela, cravo, alecrim, orégano, sálvia, manjericão, etc.) ajuda igualmente a tornar a refeição mais palatável para os peludos. Noz-moscada, no entanto, deve ficar de fora: ela é fonte de miristicina, que, nos cães, aumenta a frequência cardíaca, causa dores abdominais, pode gerar alucinações e propiciar ataques epiléticos nos animais predispostos.
Preparar comida caseira para os cachorros é uma tarefa trabalhosa. Os tutores que optarem por ela devem procurar as orientações de um veterinário, para saber exatamente a quantidade diária e quais legumes e carnes devem entrar na receita, para garantir a saúde e o bem-estar dos peludos.
Portanto, o arroz que sobrou na panela não deve ser oferecido para os cachorros. Além dos temperos, os óleos vegetais usados no cozimento podem causar reações alérgicas nos animais com problemas de pele. Felizmente, existem boas receitas para aproveitar as sobras – mas elas devem ser servidas apenas para humanos.
Caso o cachorro não esteja acostumado a comer arroz, não se deve trocar a alimentação de forma súbita: os grãos podem ser misturados com a ração, na proporção de 9:1 (nove partes de ração para uma de arroz). Do contrário, o animal pode ter problemas gastrointestinais, como vômitos e diarreias.
Benefícios do arroz para cachorro
O arroz integral também pode fazer parte da dieta canina. Os grãos não refinados são excelentes fontes de fibras, que contribuem para regularizar o trânsito intestinal, prolongam a sensação de saciedade e fornecem nutrientes que são retirados do arroz branco, como algumas vitaminas do complexo B (1, 2 e 3), ferro, cálcio e vitamina D.
É importante considerar, por outro lado, que o arroz integral é tão calórico quanto o arroz branco. Cem gramas destes grãos fornecem, em média, 125 calorias. Por isto, nenhuma das duas opções é indicada para cães com problemas de peso, nem para aqueles que não praticam atividades físicas muito intensas no dia a dia.
Enquanto o arroz branco é mais fácil de ser digerido pelos cachorros, os grãos integrais consomem mais calorias durante a digestão.
Em tempo: na preparação de arroz para cachorros, pode-se usar óleo vegetal, mas em menor quantidade: uma colher de chá é suficiente para o preparo de 100 gramas do cereal. Refogar os grãos retira parte do amigo e a gordura vegetal fornece ômega 9, ácido graxo que ajuda na termorregulação do corpo e melhora a absorção das vitaminas.
O arroz cozido é indicado para casos de diarreias leves. Uma vez que o alimento torna o trânsito intestinal mais lento, eventualmente ele pode ajudar a corrigir o problema. É importante considerar que a diarreia não é uma doença em si, mas um sintoma. Portanto, se as fezes estão pastosas, líquidas ou fétidas por 48 horas, é necessário levar o pet para uma consulta com o veterinário.
Uma última consideração: há rações de boa qualidade disponíveis no mercado, oferecidas em diversos preços. Algumas inclusive são produzidas com arroz entre os ingredientes. Se o cachorro está acostumado a uma marca de qualidade, indicada para a idade e porte, ele já recebe todos os nutrientes necessários.
E, como o arroz não contribui para a palatabilidade – o alimento não se destaca, para os cachorros, pelo sabor, pela textura, nem pelo aroma –, os grãos podem simplesmente não fazer parte da dieta, sem nenhum prejuízo para os peludos.