Muitas vezes, os donos são responsáveis por coisas que deixam os cães estressados e nem percebem.
Desde que nascem, os cães revelam temperamentos diferentes. Alguns são dóceis e tranquilos, outros são agitados e bagunceiros.
Determinados animais costumam destruir tudo que esteja ao seu alcance, outros parecem não ver nenhuma graça em um chinelo ou na roupa pendurada no varal. Todos, entretanto, reagem a determinadas situações e alguns cães podem ficar bastante estressados.
Muitas vezes, o sonho do “cão fofinho” é desfeito logo nas primeiras travessuras do novo membro da família. A reação dos donos, porém, pode ser responsável por desencadear outros comportamentos inadequados. Gritos e mesmo agressões físicas são totalmente contraindicados.
Cães não sabem que sapatos não foram feitos para serem roídos, nem que almofadas não são brinquedos para serem triturados. A reação desproporcional dos donos deixa os cães estressados – e cada vez mais mal educados.
Cachorro é cachorro
Como foi dito, cães não entendem nossos hábitos e nossa cultura. Apesar de viverem em nossa companhia há pelo menos 33 mil anos, certamente eles não conseguiram acompanhar o progresso humano. Assim, ao adotar um cãozinho, é preciso tomar algumas providências.
Objetos com “alto poder de destruição” devem ser guardados ou mantidos a distâncias seguras. O cachorro precisa ganhar alguns presentes: ossos de couro (escolha os produtos sem corantes) ajudam na higiene bucal, previnem contra o tártaro e, de quebra, dão uma “ocupação” para o animal. Bolinhas de plástico resistente também são uma boa opção.
Acostume o cãozinho desde cedo a ter o seu próprio canto. As pet shops vendem uma série de utensílios, como camas e colchas, mas um edredom velho (e limpo) é suficiente para ele. O local deve ser arejado, com as tigelas de água e ração sempre por perto. Nunca oferece alimentos humanos: as rações são balanceadas e preenchem todas as necessidades nutricionais. Além disto, evita-se a instalação do mau hábito do cachorro pidão, sempre ao lado da mesa durante as refeições.
Conhecendo o bicho
O dono precisa conhecer as características da raça antes de levar o animal para casa. Huskies siberianos, por exemplo, são cães de trabalho (no Ártico, eles puxam trenós). Quando estão “de folga”, fazem como nós: descansam e divertem-se. O problema começa quando, durante um passeio, um husky decide atravessar a rua subitamente, apenas para inspecionar uma borboleta do outro lado. E leva o dono a reboque.
A simpática Lili, de “A Dama e o Vagabundo”, em nada lembra os cockers spaniels no temperamento, especialmente os cor de jaspe. Os cockers foram desenvolvidos para auxiliar na caça de pequenas aves e, portanto, gostam de ficar ao ar livre e de saltar. A cor jaspe indica um gene que torna o animal mais agressivo.
Algumas raças, como os rottweillers e os bull terriers, identificam um membro da família como o macho alfa (o chefe da matilha) e obedecem apenas a ele. Não adianta que outros tentem dar voz de comando: eles podem inclusive se tornar agressivos.
Algumas raças de pequeno porte, como o yorkshire terrier, podem ficar bastante estressadas quando são tratadas como se fossem brinquedos, cheias de fricotes e colo. O york foi criado para caçar ratos nas minas de carvão inglesas. Os gatos já cumpriam esta tarefa em silos, mas não se mostraram muito interessados em entrar em túneis e galerias empoeiradas atrás de roedores e, assim, o pequeno cãozinho, de pelos longos e lustrosos, surgiu para substituir os felinos. Imagine o estresse, para quem nasceu caçando, de ficar no colo o tempo todo.
O simpático poodle foi criado para resgatar aves abatidas durante a caça (mesma função do retriever do labrador). A palavra “poodle” é alemã e significa “chapinhar, nadar no raso”. A tosa do pelo não é frescura: os primeiros criadores encontraram o corte ideal para que o animal não se encharcasse, nem perdesse a temperatura corporal nos pontos mais estratégicos: topo da cabeça, peito e articulações.
Como se vê, não é um cão de colo (mesmo na versão microtoy). O melhor a ser feito é observar o comportamento dos animais: alguns adoram um chamego, enquanto outros chegam a ter aversão. Basta saber ler os sinais e os cães não irão ficar estressados.
Treinamento
Muitos donos adoram transformar seus cães em pequenos (ou grandes) prodígios. As provas de agility são realmente impressionantes e muitos animais parecem apreciar bastante o passatempo. As provas de porte e postura podem parecer monótonas para muitos, mas atraem multidões durante as competições. Ninguém pode deixar de admitir, no entanto, a utilidade dos cães de trabalho (como os guias ou os policiais). É importante que os animais não vão obedecer a seus treinadores apenas para agradá-los: eles precisam receber algum tipo de recompensa, para fixar o aprendizado.
Não é preciso, no entanto, transformar o cão em um campeão (a menos que a dupla goste disto e tenha tempo suficiente para o adestramento). Os cães podem aprender alguns comandos básicos, além de fazer suas necessidades no local adequado e não subir em alguns móveis, como sofás e camas.
Ensinar um cãozinho a “ficar”, “deitar-se”, “rolar”, “fingir-se de morto” é uma tarefa prazerosa e aumenta os laços de amizade (ou amor?) entre o animal e seu dono. Além disto, cães ocupados não ficam estressados.
O que não fazer
Pessoas que passam o dia todo fora, chegam a casa e precisam dar conta da tarefas domésticas deveriam considerar a ideia de adotar um peixe de aquário. Gatos são mais independentes, mas também se ressentem da ausência dos donos.
Alguns cães adotam condutas que parecem verdadeiras vinganças: rasgam cortinas e tapetes, roem cantos de móveis, destroem almofadas e outros objetos de decoração. Mas eles não estão se vingando (quase nunca); estão apenas entediados e acabam procurando algo para fazer.
A reação negativa dos donos apenas os deixa mais estressados.
Quando o dono chega, é comum que o cãozinho faça festas, que devem ser correspondidas. Em excesso, porém, elas são inadequadas. Se o animal atinge o ponto de urinar ao ver o dono, é preciso ignorá-lo por alguns dias. Não é uma atitude fácil, mas ela impedirá o cão de achar que todas as atenções estão voltadas para ele.
Um efeito colateral do estresse: os animais soltam mais pelos e “decoram” os ambientes a que têm acesso com eles. Soltar pelos é absolutamente normal – nós mesmos perdemos entre 60 e 100 fios de cabelo por dia. O excesso, no entanto, é sinal de que algo não está bem.
Cães precisam passear diariamente. Além de condicioná-los a fazer as necessidades na rua (não se esqueça da sacolinha plástica, para recolher os dejetos), o passeio os torna mais sociáveis com humanos e caninos, além de despertar a curiosidade. A falta de exercícios deixa os animais insatisfeitos, razão por que eles podem adotar atitudes destrutivas.