Uma Cicatriz Chamada Saudade no Lar
Para muitos, um animal de estimação é mais do que companhia: é um membro da família, um coração de quatro patas que preenche a casa de alegria. Essa era a realidade de uma família em Campo Grande, MS, que tinha em sua cachorra, companheira de mais de cinco anos, um pilar de afeto. A decisão de viajar, mesmo que por um breve período, veio com a necessidade de garantir o melhor cuidado. A solução? Um hotel para pets, um lugar que prometia segurança e carinho. O que deveria ser um período de tranquilidade para todos se transformou no início de um pesadelo que ainda hoje não tem fim.

O Vazio Inesperado em Meio à Viagem
Os tutores haviam planejado a ausência de 18 a 29 de novembro de 2022. A cachorra estava confortavelmente instalada no hotel, ou assim eles acreditavam. A confiança depositada no serviço, pago para zelar pela segurança do animal, foi brutalmente abalada.
A Mensagem Que Parou o Tempo
Dois dias antes do retorno, no dia 27, a família recebeu uma comunicação fria e impactante: a cachorra havia fugido. O choque da notícia, recebida por aplicativo de mensagens, transformou a reta final da viagem em um tormento de angústia e culpa. O planejamento de férias foi subitamente substituído pela urgência de uma busca desesperada.
A Busca Incessante e a Ação Judicial
Ao voltarem para casa, o reencontro não aconteceu. O portão abriu-se para o vazio. A família mergulhou em uma jornada exaustiva, mas infrutífera. Redes sociais foram inundadas com apelos e fotos; as ruas da cidade tornaram-se o palco de uma caçada cheia de esperança e frustração. A revolta cresceu ao perceberem a falta de apoio e de explicações plausíveis por parte do estabelecimento. Diante da negligência evidente, a única saída para buscar algum alívio para a dor foi a justiça.
O Reconhecimento Legal da Dor Invisível
O caso chegou à 10ª Vara Cível de Campo Grande. Na análise dos fatos, a juíza Sueli Garcia não hesitou em reconhecer a falha gritante na prestação do serviço. O hotel, que sequer se defendeu no processo, deixou a negligência incontestável.
Justiça Entende o Vínculo Familiar
A magistrada fez questão de pontuar o que muitas vezes é ignorado: o vínculo afetivo. Ela afirmou que o caso ultrapassava o “mero aborrecimento”, reconhecendo a profunda dor e angústia causadas pela perda de um ser que convivia com a família há mais de cinco anos. O sofrimento, causado pela negligência de terceiros, foi validado. A sentença, então, condenou o hotel ao pagamento de R$ 10 mil para cada um dos tutores, totalizando R$ 20 mil em indenização por danos morais.
O Desfecho Sem Reencontro
Hoje, o lar da família tem uma ausência permanente. A decisão judicial, embora traga um reconhecimento legal da injustiça e da dor sofrida, não preenche o vazio deixado pela cachorra, que continua desaparecida. O dinheiro da indenização é apenas um símbolo amargo da responsabilidade não cumprida do hotel. Resta a esperança silenciosa de que, em algum lugar, o animal esteja seguro, e a certeza de que a dor da perda será uma ferida que demorará a cicatrizar.
O Afeto Tem Valor
Essa história é um lembrete cruel de que a confiança depositada em serviços de cuidado animal deve ser inegociável. Ela serve como um farol para que outros tutores exijam transparência e responsabilidade máxima. Acima de tudo, a decisão judicial reforça uma verdade fundamental para a sociedade contemporânea: o amor e o vínculo afetivo com os animais de estimação possuem valor legal e moral. A dor da perda por negligência não pode mais ser desprezada.
Pense em adotar: Se você tem espaço e amor para dar, considere abrir seu coração para um animal que precisa de um lar. Acolher é um ato de transformação.
Compartilhe esta história para que mais pessoas exijam responsabilidade e cuidado dos prestadores de serviço!
Esta reportagem foi inspirada em informações publicadas originalmente pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS), com texto adaptado e reescrito em formato autoral e humanizado.