Fazer carinho em cachorro é bom para o cérebro, afirma estudo

Um estudo suíço indica que fazer carinho em cachorro estimula as atividades do cérebro.

Já é sabido que interagir com um cachorros faz bem para a saúde física e mental. Um grupo de pesquisadores suíços está investigando como os peludos afetam a atividade do córtex pré-frontal e, nas primeiras conclusões, descobriu que fazer carinho e até mesmo estar na presença de um cachorro faz bem para o cérebro.

O córtex pré-frontal, localizado atrás da testa (no lobo frontal), é a região mais recente do cérebro humano, que nos diferencia dos demais animais. É a sede da inteligência e do raciocínio lógico. O córtex pré-frontal é também a área de manipulação sobre as demais seções do encéfalo, inclusive as associadas às sensações (lobo parietal) e emoções (sistema límbico).

O estudo

A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade de Basileia (Suíça), publicada inicialmente em 2022 na PLOS One, da Public Library of Science, uma biblioteca americana de revistas científicas. Desde então, o estudo vem sendo comentado e revisado pela comunidade acadêmica internacional.

Fazer carinho em cachorro é bom para o cérebro

A coordenação da pesquisa é de Rahel Marti, mestre em psicologia e coordenador da Divisão de Psicologia Clínica e Intervenções Assistidas por Animais da universidade suíça. Foram selecionados 21 voluntários para a avaliação.

Todos os voluntários foram avaliados como psicologicamente saudáveis e participaram de seis sessões de interações. Em três delas, tiveram contato com cães e, nas demais, com bichos de pelúcia. Cada sessão teve cinco fases de dois minutos cada, com intensidade crescente de contato com o animal ou o objeto. As fases de avaliação foram as seguintes:

  • estado de repouso (condição de controle);
  • contato visual;
  • interação sem contato físico;
  • toque no cão ou pelúcia;
  • carinhos e abraços.

Os pesquisadores mensuraram a saturação de oxigênio no sangue e os níveis de hemoglobina oxigenada, desoxigenada e total dos 21 voluntários. Foi empregada a espectroscopia funcional em infravermelho próximo, um método não invasivo de imageamento cerebral.

Tanto nas tarefas com os cães quanto com as pelúcias, foi identificado aumento na oxigenação da hemoglobina, um indicativo de aceleração na atividade do córtex pré-frontal. Na interação com os cães, no entanto, o nível de oxigênio foi expressivamente maior, atingindo um volume quatro vezes maior na última etapa (em relação ao estado de repouso).

Fazer carinho em cachorro é bom para o cérebro

A partir dos dados obtidos, Rahel Marti e a sua equipe que concluíram que a ativação do córtex pré-frontal, em indivíduos saudáveis, aumentou com a progressiva interação com os cães; isto sugere que a presença dos peludos pode ativar processos de atenção mais fortes e provocar mais excitação emocional.

O estudo suíço está organizando uma nova etapa, em que serão avaliadas as alterações cerebrais em indivíduos portadores de transtornos emocionais, como ansiedade e síndrome do pânico. A pesquisa quer demonstrar, uma vez mais, a eficácia do uso de cães como suporte terapêutico, além de ratificar os benefícios da convivência com os peludos, inclusive para pessoas saudáveis.

Uma explicação necessária: para manter-se em boas condições, o cérebro também precisa se exercitar. isto ocorre através das sinapses, transmissões de informações entre os neurônios (as células do sistema nervoso). Quando elas ocorrem, passam a exigir uma quantidade maior de oxigênio, que é distribuído para todo o corpo pela hemoglobina, uma proteína encontrada nas células vermelhas do sangue.

Mais benefícios em fazer carinho nos cachorros

Empiricamente, todos nós sabemos que a presença dos cachorros em nosso dia a dia é prazerosa e gratificante. Não por acaso, eles foram designados os nossos melhores amigos. Nos últimos dois séculos, contudo, a ciência vem comprovando os benefícios da parceria entre humanos e cães.

A presença de cães previamente treinados em orfanatos e casas de repouso já é bastante comum. Até mesmo alguns hospitais particulares têm liberado as visitas dos peludos para os pacientes internados, inclusive em unidades semi-intensivas (é o caso do Albert Einstein, de São Paulo). Os cachorros melhoram a qualidade de vida e aceleram a convalescença.

Os cachorros são divertidos, companheiros, leais e estão sempre prontos para agradar, seja nas brincadeiras, seja nos momentos de relaxamento, aconchegados aos pés (ou no colo) dos tutores. há mais vantagens:

  • os pets ajudam a reduzir o estresse. Um estudo de 2011 da Universidade de Nova York (EUA) testou os níveis de tensão em quatro situações: sozinhas, com o cônjuge, com um cachorro e com o cônjuge e o cachorro. A pesquisa concluiu que a ocasião de maior tranquilidade era a interação com o cão da família;
  • no mesmo estudo, foram avaliados alguns sintomas de depressão e ansiedade, como tristeza, solidão e isolamento. Todos esses quadros são atenuados com a presença de apoio de um cão. Os níveis de ocitocina, prolactina e serotonina, hormônios associados a sentimentos de amor, pertencimento, união social e bem-estar, se elevam quando o peludo está presente;
  • os cachorros reduzem as reações alérgicas. Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), em 2017, compararam as condições de crianças com e sem cachorros em casa e concluíram que, nos indivíduos que moram com cães, as chances de desenvolver alergias são reduzidas em 33%, porque têm um fortalecimento do sistema imunológico;
  • os peludos fazem bem para o coração. Um censo realizado em 2020 pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) e pelo Instituto Nacional de Saúde (IHS), dos EUA, revelou que ter um cachorro em casa contribui para reduzir a pressão sanguínea, o colesterol ruim e os níveis de triglicérides. Portanto, os cães ajudam a prevenir ataques do coração e outras doenças cardiovasculares;
  • os cães conseguem detectar algumas doenças. Alguns animais foram treinados por equipes da Universidade de Oxford (Inglaterra) para a detecção precoce da Covid-19 em 2020, no auge da pandemia. Além disso, eles também são empregados para diagnósticos de vários tipos de câncer (mama, pele, bexiga, pulmão, ovário e cólon), com precisão de 80% a 90%;
  • eles também conseguem identificar quadros de hipoglicemia. Um estudo de 2016, conduzido por pesquisadores das universidades de Belfast (Irlanda do Norte) e Lincoln (Inglaterra), revelou que os cachorros identificam alterações comportamentais nos tutores, em casos de queda do índice de glicose no sangue. Pessoas que sofrem de oscilações bruscas na glicemia, como os diabéticos, podem treinar os peludos para um diagnóstico rápido;
  • os peludos também ajudam no emagrecimento. Mesmo os cães mais tranquilos e pacatos reservam bons momentos de atividade física: os passeios diários são obrigatórios (faça chuva, faça sol) e as brincadeiras acontecem em qualquer hora e local. Com isso, os cachorros espantam o sedentarismo, ajudam a emagrecer ou a manter a boa forma.

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