Homem muda de asilo para reencontrar e viver com sua cachorra depois de dois anos separados

Há dois anos, quando este idoso foi internado, a cachorra não pôde acompanhá-lo.

Lawrence Knight é um cidadão inglês de 73 anos que há dois anos foi diagnosticado com demência. Ele havia ficado viúvo pouco antes e foi considerado legalmente incapaz para gerir o patrimônio e desincumbir-se dos cuidados pessoais. O homem foi internado e teve de se separar de uma grande amiga, a retriever do Labrador Millie.

Knight foi internado, em 2019, em uma clínica de repouso para idosos em Manchester, no noroeste da Inglaterra, cujo regulamento não permitia a permanência de cães. Por isso, Millie foi encaminhada a um abrigo, onde permaneceu durante dois anos.

A separação

O inglês já vinha se sentindo bastante sozinho. Desde a morte da esposa, também em 2019, ele recebia poucas visitas de amigos e familiares em casa. Millie era a única “pessoa” com quem ele podia partilhar as alegrias e tristezas da vida.

Mas, de acordo com decisão judicial, ele teria de deixar a casa em que morou por mais de quatro décadas, por ter sido considerado incapaz de cuidar de si mesmo. O asilo encontrado pelos familiares não permitia a estadia de cães e, por isso, a cadela foi recolhida em um abrigo, enquanto Knight era internado na casa de repouso.

Até o início de 2020, alguns parentes se revezaram para garantir algumas visitas de Millie. Mesmo curtas e irregulares, as visitas do retriever do Labrador amarelo ao asilo eram ansiosamente esperadas pelo idoso.

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Então, sobreveio a pandemia de covid-19 e os deslocamentos se tornaram difíceis. A Inglaterra decretou algumas quarentenas e isolamentos, especialmente para casas de repouso, em função da baixa imunidade dos idosos.

Desde fevereiro de 2020, Millie foi impedida de visitar o tutor, também porque não havia quem a conduzisse até o asilo. É mais do que compreensível o triste estado de espírito que se abateu sobre o tutor e a cadela.

O reencontro

Um dos sobrinhos de Knight estava insatisfeito com a situação e decidiu contratar um escritório de advocacia para buscar uma condição mais adequada para o tio. A advogada Elizabeth Ridley, do escritório Irwin Mitchell, um dos mais conceituados de Manchester, passou a representar Knight.

Em agosto de 2021, Ridley conseguiu, junto à Court of Protection britânica, que o idoso fosse transferido para outra instituição para idosos, em Lakeside (um distrito de Manchester que, como o nome diz, fica à beira do lago), que permite a permanência dos pets com os seus tutores, caso estes sejam hóspedes permanentes e não haja contraindicação médica.

A Court of Protection é um tribunal criado em 2005, com jurisdição sobre a propriedade, assuntos financeiros e bem-estar pessoal das pessoas que não têm capacidade mental para tomar decisões por si mesmas.

O idoso se mudou para o novo asilo e encontrou Millie esperando-o. desta vez, nada impede que eles permaneçam juntos. A casa de saúde à beira do lago fica na zona rural de Standish, na região metropolitana de Manchester.

As reservas financeiras acumuladas por Knight durante a vida serão empregadas no custeio da acomodação no Lar de Idosos de Lakeside. O tutor legal pode dispor apenas dos valores excedentes às despesas pessoais de Knight – e de Millie.

O primeiro encontro entre os dois foi emocionante e imagens foram feita para registrar o momento. Knight estava passando a maior parte do dia na cama e, por isso, agora ela precisa de uma cadeira de rodas para se locomover.

Mas Millie já está adaptada à nova rotina da família. A equipe de enfermagem da casa de repouso também foi qualificada para trabalhar com os animais de estimação, que acompanham muitos idosos residentes no local.

A diretora do Lakeside Senior Housing, Gail Howard, disse à emissora britânica BBC: “Millie se tornou parte da família Lakeside desde o instante em que veio para cá. Ela traz felicidade para todos os residentes da casa”.

Com certeza, Millie estava mais do que preparada para continuar apoiando o tutor, protegendo-o e garantindo boas risadas e brincadeiras. Mesmo assim, foi necessária uma ação legal para garantir que o idoso permanecesse na companhia do único amigo que lhe restou.

Como se pode permitir que um idoso precise recorrer a instâncias judiciais superiores apenas para viver em paz, com o mínimo necessário de dignidade? É preciso refletir sobre o que estamos fazendo com os nossos idosos. E com os cachorros também.

Via: Mirror

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