O que fazer após mordida de cachorro?

Pode ser algo corriqueiro ou uma emergência médica. Veja o que fazer após mordida de cachorro.

Os cachorros são os melhores amigos dos humanos, todo mundo sabe disso. Isso não impede, no entanto, que eles sintam medo, insegurança ou interpretem um gesto qualquer como ameaça. Daí, eles partem para o revide. Mordidas de cachorro podem ser corriqueiras, mas também podem implicar consequências mais graves.

Além dos ferimentos diretos: pequenas escoriações na pele, cortes e sangramentos mais ou menos profundos e até fraturas ósseas (geralmente quando o episódio envolve animais de grande porte), uma mordida de cachorro sempre possibilita o desenvolvimento de infecções.

O que fazer após uma mordida de cachorro?

A boca dos cachorros abriga cerca de 300 espécies de micro-organismos, entre bactérias, fungos, vírus e protozoários. Uma mordida, portanto, pode transferir parte desses germes para a pele e os tecidos expostos, gerando lesões inflamatórias e/ou infecciosas.

Essas lesões podem afetar direta e imediatamente a pele, músculos, ossos, cartilagens, nervos e vasos sanguíneos. Pouco menos da metade dos acidentes envolvendo mordidas de cachorros evoluem para infecções e inflamações.

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Normalmente, as mordidas se concentram nas extremidades do corpo: braços e pernas, mãos e pés. Instintivamente, ao sofrermos um ataque, nós projetamos os membros para frente, para proteger áreas mais “nobres”, como a cabeça, tórax e abdômen.

Podem ocorrer quatro tipos de lesões: arranhões, perfuração, dilaceração e esmagamento. Em caso de cortes profundos, existe o risco de nervos e tendões serem afetados, abrindo espaço  para infecções nas articulações (artrite séptica) e nos ossos, em casos mais graves.

Os casos podem ser assim classificados:

lesões leves – não sangram e são caracterizadas apenas por arranhões superficiais. Isso pode ocorrer em função do porte do cachorro e também porque a área atingida estava com algum tipo de proteção (calças de tecido grosso, luvas, sapatos, etc.);

perfuração – nesses casos, a ferida começa a sangrar, mesmo que a mordida não tenha sido muito profunda. Mesmo aparentemente leve, já existe a possibilidade de infecções bacterianas;

dilaceração e esmagamento – tecidos musculares, tendões, vasos sanguíneos, nervos e ossos podem ser rompidos pela mordida de um cachorro. Alguns deles apresentam muita força na mandíbula e os ataques podem causar inclusive fraturas.

Sempre que ocorrer um ataque, por mais leve que seja, e também em casos de arranhões (que podem acontecer mesmo em brincadeiras) as vítimas devem fazer o seguinte:

  • lavar o corte com água corrente e sabão;
  • manter a região ensaboada por cinco minutos ou desinfetar o local com soro fisiológico (ou outro produto antisséptico);
  • estancar o sangramento com curativo de compressão;
  • buscar atendimento médico.

Independentemente da seriedade da mordida, é preciso consultar um profissional de saúde. Além dos casos óbvios de dilaceração e esmagamento, que são emergências médicas, as mordidas podem inocular bactérias e fungos nocivos na circulação sanguínea, causando infecções que podem ser sérias.

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O ideal é que o atendimento seja prestado nas horas seguintes à mordida. Não é preciso esperar os sinais clássicos: dor persistente, febre (inclusive local), inchaço na região afetada, ínguas dolorosas, além de dores musculares, cansaço, tosse e diarreia.

O tratamento depende do diagnóstico. Provavelmente, as vítimas precisarão tomar antibióticos por alguns dias, além de analgésicos e anti-inflamatórios. O médico também poderá receitar medicamentos para tratar sintomas específicos.

No caso de mordidas que causam dilacerações severas, as vítimas também são tratadas com soro e vacina antitetânica (caso não estejam previamente imunizadas). O procedimento é necessário porque o tétano, uma infecção bacteriana pode inclusive levar à morte.

Mesmo feridas mínimas, sem ocorrência de sangramento, podem ser menosprezadas. Algumas bactérias naturalmente  presentes na saliva dos cães podem penetrar diversos tecidos humanos, causando doenças que são facilmente tratáveis se forem identificadas precocemente, mas que podem ter complicações em caso de negligência.

As pessoas convalescentes de traumas, doenças e também aquelas portadoras de doenças crônicas e metabólicas (como o diabetes), deficiências nutricionais e com problemas no sistema imunológico estão ainda mais propensas a desenvolver problemas após a mordida de cachorros.

E se o cachorro for desconhecido?

Cachorros que vivem nas ruas têm ainda mais motivos para se sentirem ameaçados. Além disso, por causa das muitas privações, eles podem ficar permanentemente irritados ou ansiosos. Os riscos de desenvolverem doenças também é muito maior.

Além de todos os problemas que podem surgir a partir de um animal conhecido, que sabidamente não porta nenhuma doença contagiosa, os ataques de cachorros de rua podem transmitir zoonoses (doenças que infectam cães e humanos).

O risco mais comum é o de o cachorro ser portador de raiva (ou hidrofobia). A doença está praticamente erradicada, mas ainda são relatados casos em diversas regiões do Brasil. A raiva, causada por vírus, provoca encefalite progressiva e é letal em 100% dos casos de animais contaminados.

Nos cachorros, o vírus da raiva já está presente na saliva até cinco dias antes de surgirem os primeiros sinais da doença. Por isso, um cachorro aparentemente saudável pode estar infectado e, portanto, ser um vetor de transmissão do vírus.

Quem é mordido por um cão de rua precisa tomar as vacinas contra tétano e raiva. Caso haja suspeita de que o animal responsável pelo ataque esteja infectado, a vítima deve receber medicação endovenosa por vários dias.

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