Basta um passeio curto na rua para o pet voltar com uma “coleção” delas para casa.
As pulgas em cães são um problema doméstico bastante comum para os cães e seus tutores. Não se trata apenas de higiene: são insetos resistentes, que vivem em qualquer lugar.
Elas são bastante incômodas. As picadas provocam dor, coceira e até mesmo febre local, além de disparar inúmeras reações nos animais alérgicos. E os perigos não terminam aí: pulgas podem ser vetores de doenças sérias, que podem inclusive levar à morte do cachorro.
No verão, a incidência de pulgas é maior. Temperaturas elevadas são propícias à maturação das pupas e ao acasalamento. No Brasil, no entanto, os dias frios são poucos, não sendo notadas grandes diferenças nos períodos de infestação.
As pulgas
Atualmente, as pulgas são consideradas pragas urbanas. Elas são comensais dos mamíferos e, na história, já causaram grandes catástrofes: uma pulga de rato, no século 16, causou uma grave epidemia de peste bubônica, que causou a morte de 75 milhões de pessoas.
Contando com a rapidez de locomoção (elas correm e saltam com destreza absoluta) e a facilidade de reprodução, as pulgas até hoje podem provocar grandes prejuízos tanto para a saúde canina, quanto para a humana.
A pulga é um inseto parasita da ordem Siphonaptera. São pequenos insetos (menos de dois milímetros) de coloração escura, que não voam, mas correm rapidamente e são capazes de dar saltos incríveis.
Uma pulga consegue saltar 33 centímetros, o que equivale a 165 vezes o comprimento do seu corpo. Em altura, são 18 centímetros, o que representa um salto vertical de 90 vezes. Como se pode ver, caçá-las não é uma forma de exterminação exequível.
As pulgas são ectoparasitas, isto é, agem na pele do hospedeiro. Mais de três mil espécies já foram descritas (60 no Brasil) e elas são especializadas: uma pulga de cachorro dificilmente parasita um gato e vice-versa (ambas pertencem ao gênero Ctenocephalides, mas a espécies diferentes: C. canis e C. felis felis). Mas elas têm grande facilidade de adaptação.
As pulgas existem há mais de 60 milhões de anos. Provavelmente, muitas espécies se desenvolveram depois da extinção dos dinossauros, quando os mamíferos começaram a se diversificar.
As pulgas são insetos com metamorfose completa: elas passam pela fase de ovo, larva, pupa e imago. Machos e fêmeas não estão completamente maduros quando eclodem da pupa e precisam do sangue dos hospedeiros para se tornarem viáveis sexualmente.
Nos cães, em uma colônia de pulgas, metade são ovos, 35% são larvas, 10% são pupas e apenas 5% são adultos portanto, não adianta exterminar os insetos adultos para superar uma infestação. Ovos, larvas e pupas são quase invisíveis a olho nu (um ovo de pulga tem apenas 0,2 milímetro de diâmetro).
Além disso, as pulgas adultas podem saltar para o piso (ou qualquer outra superfície). Os adultos morrem em poucas horas, mas insetos imaturos sobrevivem nos ambientes mais inóspitos. Eles apenas esperam um novo hospedeiro para renovar o ciclo e gerar novos insetos.
As doenças causadas pelas pulgas nos cães
Mesmo em animais não alérgicos, picadas frequentes de pulgas podem causar dermatites. As coçar-se para obter algum alívio, mas isto só aumenta o dano à pele, que pode inclusive atingir os folículos pilosos, determinando a perda de pelos. Além do problema estético, a pelagem é uma defesa natural, inclusive contra a incidência excessiva aos raios de Sol.
Com a pele e o pelo danificados, aumentam seriamente os riscos de infecções e inflamações que podem atingir a corrente sanguínea e, através dela, todos os órgãos e tecidos.
Em infestações graves e prolongadas, os cães podem desenvolver anemia, doença que reduz o fornecimento de oxigênio para as células. Isolada, a anemia não é fatal, mas causa cansaço, palidez na mucosa bucal, queda de pelos, enfraquecimento das garras, perda de apetite e, em casos graves, insuficiência respiratória.
Outro fato muito negligenciado é o estresse. Cães com pulgas consomem muito tempo e energia tentando (em vão) se livrar da coceira. Isto altera a rotina e pode determinar alterações comportamentais. Estressado, o animal pode demonstrar apatia ou hiperatividade, agressividade, desinteresse por passeios e brincadeiras, etc. Isto gera perda da qualidade de vida e reflete-se na saúde física e emocional do pet.
Verminoses
As pulgas podem ser vetores de alguns vermes parasitas que comprometem a integridade física dos cães. Ovos presentes no organismo das pulgas (obtidos nas picadas em peludos infestados) viajam pela corrente sanguínea até se instalar no sistema digestório.
No intestino, os ovos eclodem e os vermes se desenvolvem e reproduzem, absorvendo boa parte dos nutrientes ingeridos nas refeições. As verminoses podem comprometer o funcionamento de diversos órgãos.
Dipilidiose
É uma das verminoses transmitidas pelas pulgas, talvez a mais grave. A incidência do parasita é relativamente rara, nas, quando ocorre, chega a infestar 60% dos cachorros de uma região (a mesma rua, por exemplo).
A dipilidiose afeta, com menos frequência, os gatos e os roedores, como hamsters e esquilos-da-Mongólia. É também uma zoonose: os humanos também são afetados. Em geral, todos os mamíferos são hospedeiros definitivos do Dipylidium caninum, o verme causador da doença.
As pulgas (e mais raramente os carrapatos) são hospedeiros intermediários, isto é, portam apenas ovos do parasita, que eclodem somente no hospedeiro definitivo. Isto acontece na maioria das verminoses.
O D. caninum é um cestoide, semelhante à tênia – a popular solitária. Os vermes adultos se instalam no jejuno e no íleo, órgãos responsáveis pela absorção da maioria dos nutrientes.
Eles provocam diarreias e, sem tratamento, comprometem o sistema nervoso central, gerando alterações comportamentais, confusão mental, perda da coordenação motora e, por fim, convulsões e morte.
O tratamento contra pulgas em cachorros
Felizmente, existem bons produtos que exterminam pulgas. É importante não esquecer que, além de exterminar as pulgas dos cães e outros pets, os ambientes em que eles circulam também precisam ser desinsetizados.
Os produtos antipulgas estão disponíveis em diferentes opções, como xampus, talcos, sprays, óleos, coleiras e pour on, uma ampola cujo líquido deve ser aplicado na cernelha do cachorro (aquele ponto mais elevado da coluna vertebral, onde é aferida a altura dos cães em competições e exposições).
Fórmulas naturais antipulgas, a base de ervas, são facilmente encontráveis em pet shops, e têm a vantagem de não conter produtos químicos que podem ser tóxicos. Mesmo assim, o ideal é consultar um veterinário, para auxiliar na compra do produto.
As coleiras antipulgas não apresentam contraindicações, são seguras e eficientes. Lembre-se de que os produtos têm data de validade e prazos para a reaplicação.