Pode dar leite para filhote de cachorro?

Apesar de ser comum, não é indicado dar leite para filhote de cachorro. Entenda por quê.

Especialmente entre tutores de primeira viagem, é comum dar leite para filhote de cachorro. Afinal, o leite de vaca é uma excelente fonte de cálcio e proteína, entre outros nutrientes – mas para humanos, não para os nossos companheiros peludos.

Filhotes de cachorro devem receber apenas o leite materno, até que ele complete oito semanas. O desmame pode começar a ocorrer já na quarta semana de vida, especialmente nos casos de ninhadas numerosas, mas deve ser feito de forma gradual.

Nas primeiras semanas de vida, filhotes de cachorro ainda não desenvolveram nenhum tipo de sensibilidade ao leite – mas apenas ao leite fornecido pela mãe. Mesmo um leite em pó diluído em grande quantidade de água é prejudicial aos peludos.

Os filhotes podem receber papinhas de desmame – há diversas marcas disponíveis em pet shops – até os três meses. Depois disso, apenas ração de boa qualidade (ou comida caseira bem balanceada) e alguns petiscos. Nada de leite.

Na fase de transição – do leite materno para o alimento sólido –, os filhotes de cachorro podem receber ração úmida ou umedecida com um pouco de água ou caldo natural de legumes e carnes, sem sal, temperos nem óleo vegetal.

Leite filhotes de cachorro

Leite na alimentação dos filhotes

Assim como nós, os cachorros são mamíferos. Este foi um grande salto evolutivo: os filhotes são gerados no útero das mães e, ao nascerem, já dispõem de um alimento completo para a primeira etapa da vida, até completar o desenvolvimento infantil.

Mas não se veem, por aí, hipopótamos, leões-marinhos ou morcegos adultos – todos eles mamíferos – tomando leite. O motivo é que, ao entrarem na etapa juvenil, esses animais desenvolvem intolerância à lactose.

Esta foi a forma que a natureza encontrou para afastar crias e mães – que ficariam exaustas até a morte se continuassem nutrindo os filhotes: se há um alimento farto e nutritivo disponível, por que motivo eles procurariam outra fonte? Por que se arriscariam a procurar um campo para pastar ou uma presa para atacar?

O consumo de leite, entre humanos, é relativamente tardio. Inicialmente, nós domesticamos alguns animais, como cabras e ovelhas, para consumo da carne. Os humanos ofereciam proteção contra predadores e, em troca, mais tarde, abatiam parte do rebanho que pastoreavam.

O leite foi uma descoberta fundamental. Fornecer leite de cabra ou ovelha para os bebês liberou as mulheres para outras atividades – e também para entrar em um novo ciclo reprodutivo.

Sem as mamadeiras, os bebês dependiam das mães até os três ou quatro anos de idade. Com elas, em pouco mais de um ano os filhotes de homem conquistavam alguma independência. Provavelmente, foram feitas diversas tentativas.

Chegamos ao consumo de leite de cabra, ovelha, vaca e camela – mas ninguém toma leite de gambá ou de girafa, por exemplo.

Gradualmente, a espécie humana superou a intolerância à lactose e passou a consumir laticínios – uma excelente fonte nutricional, já que o leite pode ser batido e transformar-se em creme, manteiga e queijo, com um prazo de validade dilatado.

Filhotes cachorro podem beber leite?

Os nossos peludos, por sua vez, nunca domesticaram outras espécies. Como mamíferos, eles recebem leite até que estejam grandes o suficiente para procurar alimento por si próprios. A oferta de leite manufaturado – o mais comum no Brasil é o de vaca – provoca desarranjos intestinais.

No caso de um filhote de cachorro separado da mãe precocemente por qualquer motivo (antes dos dois meses de vida), existem fórmulas balanceadas, sem lactose, que imitam o leite materno e fornecem os teores de vitaminas, minerais e proteínas necessários para a idade e porte do pet.

É preciso alimentar estes bebês peludos com mamadeiras especiais, conta-gotas ou seringas, de preferência com a supervisão de um veterinário. O preparo das fórmulas é rápido e fácil, exigindo cuidado apenas na verificação da temperatura do alimento.

Algumas substâncias do leite de vaca não são bem absorvidas pelo organismo canino. É o caso da lactose, um tipo de açúcar que gera energia, mas, nos cachorros, provoca flatulência, diarreia e dores abdominais.

Ao contrário dos humanos, o organismo dos cachorros (em qualquer idade) produz quantidades mínimas de lactase, a enzima que permite a absorção do açúcar presente no leite. A lactose não aproveitada compromete as funções do intestino.

Em casos mais graves, o filhote de cachorro pode ficar severamente desidratado e até vir a morrer. Mesmo em pequenas quantidades diárias, no médio prazo, o consumo de leite compromete o desenvolvimento físico.

Alguns estudos indicam que os leites vegetais, como os de soja e amêndoas, podem ser oferecidos sem riscos para os cachorros, em qualquer etapa da vida infantil ou adulta. A partir dos sete anos, esses itens também são contraindicados. De qualquer forma, estes são produtos relativamente caros.

O leite de vaca, mesmo desnatado, é rico em gorduras. Estes nutrientes são importantes para a construção e manutenção do tecido adiposo, que protege e sustenta estruturas importantes, como os ossos e os órgãos do tórax e abdômen. O excesso, no entanto, favorece o sobrepeso e a obesidade – tanto em humanos, quanto em cachorros.

Um problema comum provocado pela ingestão de leite é a má-formação dos dentes. Quando estão com os irmãos e a mãe, os filhotes começam a brincar de morder ainda na primeira semana de vida. Na companhia apenas de humanos, com um alimento de fácil ingestão, eles perdem esse aprendizado e isto compromete a dentição.

Na maioria dos casos, um pouco de leite de vaca não provoca grandes transtornos, especialmente para os cães de médio e grande porte. Se o peludo gostar, um pires de leite pode ser oferecido como prêmio ou agrado especial, sem substituir uma refeição. De qualquer forma, os tutores precisam ficar atentos às possíveis reações orgânicas.

Filhotes de cachorro precisam receber uma ração de boa qualidade, indicada para a idade e o porte do pet. Os petiscos são bem-vindos, especialmente durante o adestramento básico, como forma de incentivo, mas não podem ser encarados pelos peludos como algo do dia a dia.

A alimentação caseira pode substituir as rações balanceadas, mas é preciso atenção para garantir que todos os nutrientes sejam disponibilizados nas refeições. O ideal é contar com a orientação de um veterinário.

Em ocasiões especiais, os nossos companheiros podem comer iogurte natural, sem conservantes, nem adição de frutas. Uma colher (sopa) misturada na ração faz a alegria dos peludos.

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