Por que os cães têm medo de tempestades?

Veja por que os cães têm medo de tempestades e o que se pode fazer para acalmá-los.

Por que os cães têm medo de tempestades? Raios e trovões costumam apavorar os cães. Nada mais natural, considerando que as tempestades provocam alagamentos, inundações e incêndios nas matas, além de atrapalharem bastante a rotina. Os cães têm medo das tempestades porque elas são realmente preocupantes.

As chuvas geralmente não atrapalham os animais. Surpreendidos pelas precipitações, enquanto nós corremos em busca de abrigo, é comum ver passarinhos procurando sementes e insetos sem se incomodar com o aguaceiro. Mas, quando surgem os relâmpagos, tudo muda na natureza.

Por que os cães têm medo de tempestades?

Os motivos do medo de tempestades dos cachorros

Durante os temporais, “bicho bravo se amansa e bicho manso não para”. Como regra geral, todos os animais sentem medo do desconhecido, inclusive nós. Não por acaso, “estranho” e “estrangeiro” possuem a mesma raiz em diversos idiomas.

Raios e trovões, responsáveis respectivamente por clarões intensos e sons potentes – ambos desmesurados, exagerados –, são bons motivos para os cães se esconderem e ficarem imóveis. Eles não possuem a mesma capacidade de raciocínio dos humanos, mas são capazes de entender que tempestades são sinônimos de encrencas.

Os cães também não conseguem compreender que, em casa, estamos em segurança – quase nunca os efeitos de um temporal prejudicam as residências e outros imóveis. Para os peludos, os nossos lares são apenas cavernas. Elas são firmes e sólidas, mas, na mente canina, nunca se sabe o que ruídos e brilhos repentinos podem causar.

Naturalmente, eles também não entendem o mecanismo dos para-raios, nem conseguem calcular a distância que um relâmpago caiu. Para eles, o clarão seguido pelo estrondo não precisa de outras credenciais para se mostrar apavorante.

Há outro motivo relevante: a audição canina é muito superior à nossa. Eles conseguem captar frequências sonoras muito além – nós identificamos sons até 20 mil Hz, enquanto os peludos percebem vibrações de até 40 mil Hz.

Com tanto barulho – e sem nenhuma identificação do que o produz – eles só podem sentir muito medo das tempestades. Aliás, o pavor pode surgir muito antes dos primeiros pingos: os cães também percebem com mais intensidade as alterações na umidade relativa do ar e a queda na pressão barométrica.

De acordo com Nicholas Dodman, especialista em comportamento animal da Universidade Tufts (Massachusetts, EUA), os cachorros de grande porte, especialmente os de pelos longos, acumulam eletricidade estática com relativa facilidade e isto pode provocar descargas e choques – situações bastante desagradáveis.

Desta forma, eles são capazes de antecipar a chegada de uma tempestade. Certos sinais, como o escurecimento do céus, são inequívocos. O melhor a fazer, nesses casos, é procurar um lugar seguro: a cama, embaixo de um móvel, dentro de um armário, um abrigo qualquer distante dos sons e das luzes incompreensíveis.

O medo das tempestades

Os sinais do medo e da ansiedade são facilmente identificáveis. Os cachorros afastam as orelhas para trás, arregalam os olhos, abaixam a garupa e o rabo. Alguns peludos mais apavorados podem apresentar respiração ofegante e bocejos constantes, dois sinais evidentes de estresse.

Por que os cães têm medo de tempestades?

Alguns cães não dão muita atenção às tempestades ou, pelo menos, parecem confortáveis quando elas se desencadeiam. Geralmente, isto ocorre porque eles já desenvolveram sentimentos de confiança em relação aos tutores que os fazem sentir totalmente seguros. A maioria, no entanto, sente medo.

Em alguns pets, o pânico se instala de maneira incontrolável. Isto pode facilitar a ocorrência de acidentes. São comuns as histórias de cachorros que fugiram de casa tentando escapar dos raios e trovões. Outros se enfiam em espaços mínimos e têm dificuldade para se livrar depois. Há animais que chegam a saltar de janelas.

O que fazer em momentos de tempestades?

O ideal para quem está pretendendo adotar um cachorro é procurar formas para ele se acostumar, desde filhote, com ruídos altos. Mas, todos os cães podem ser expostos gradualmente a gravações de trovões, cujo volume vai sendo aumentado.

O tutor deve apresentar os sons para os peludos, sempre associados a situações agradáveis: brincadeiras, afagos, colo, etc. À medida que os cachorros se acostumam com o barulho, ele pode passar a ser reproduzido sem necessidade da compensação material: basta que o peludo passe a encará-lo como algo “normal”.

As gravações podem ser executadas durante o dia, mesmo nos horários em que o cachorro fica sozinho em casa. Aos poucos, o volume vai sendo elevado, até que se torne cotidiano e familiar para os cachorros.

É muito provável que eles continuem não gostando do barulho, mas, com tempo e paciência, os cachorros deixam de encarar os trovões (e também os estampidos de fogos de artifício) como uma ameaça à integridade física.

Com os filhotes, esta dessensibilização tende a ser mais rápida, especialmente quando eles ainda não conhecem os “efeitos colaterais” das tempestades: clarões, ventos fortes, queda da pressão atmosférica, etc.

Os animais adultos (principalmente os adotados em abrigos, que passaram parte da vida nas ruas) podem perder o medo das tempestades da mesma maneira. Os tutores devem atentar apenas que o processo será mais longo, porque eles já desenvolveram o medo e, desta forma, será necessário identificar, muito gradualmente, o barulho desagradável a situações prazerosas.

Por que os cães têm medo de tempestades?

O que fazer para diminuir o medo dos cães?

Nem sempre, no entanto, o pânico do cachorro foi vencido antes de a temporada das tempestades chegar. Não é muito fácil, aliás, anteciparmos problemas: quando vemos, o aguaceiro, cercado por raios e trovões, já está ameaçando os peludos.

Nestes casos, que infelizmente são muitos, os tutores precisam tomar algumas medidas para garantir o bem-estar e a segurança dos pets, evitando o desconforto e algumas reações inadequadas que podem levar os cães a acidentes. As providências necessárias podem ser assim resumidas:

  • certifique-se de que a casa esteja bem fechada, sem rotas de fuga. É importante impedir que os cães escapem, para que eles não se envolvam em situações perigosas;
  • instale um ninho em um local longe das portas e janelas. Pode ser a caminha ou casinha do pet, a gaiola de transporte, uma almofada “de estimação” ou até mesmo um bicho de pelúcia com que ele se sinta confortável;
  • existem protetores auriculares (para atenuar os sons estridentes) disponíveis no mercado. Certifique-se de que o acessório seja adequado às orelhas do cachorro;
  • também existem alguns feromônios sintéticos que podem ser adquiridos. Eles ajudam os cães a lidar com situações de estresse;
  • permaneça por perto, mas não fique o tempo todo ao lado (nem com o cão no colo). Faça as suas tarefas cotidianas, enquanto o cachorro se esconde no ninho;
  • não é necessário ignorar o animal, esperando que ele reúna meios próprios para “vencer” o temporal. O colo e a companhia podem ser dados por alguns minutos, se houver solicitação do cachorro;
  • durante a tempestade, de tempos em tempos, faça um carinho e converse um pouco com o cachorro. Ele pode estar apavorado, mas irá se sentir mais seguro com a presença do tutor.

Ajuda de um especialista

Algumas pessoas também desenvolvem medo fóbico das tempestades. Naturalmente, estas não são as companhias mais adequadas para cães com muito medo. O acompanhante, durante o temporal, deve mostrar, pelos gestos, que não há motivo para pânico, nem para sentir medo. Para os tutores single, pode ser necessário ter de contar com a ajuda de um adestrador.

Em alguns casos, o medo das tempestades pode se transformar em um problema mais sério, que pode afetar diretamente a saúde física e mental dos cachorros. Nos casos em que os cachorros apresentam respiração ofegante, salivação excessiva, sinais claros de estresse, etc., o tutor deve conversar com um especialista.

Há casos em que o medo pode se ampliar para outras situações. Além de alguns transtornos emocionais, como depressão, o cachorro também pode desenvolver uma insuficiência cardiorrespiratória severa, se o pânico for negligenciado.

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