A depressão nos cães é mais comum do que se imagina. Confira alguns sinais de alerta.
Cães sentem tristeza? Depressão canina existe? Os cães são seres sencientes e, desta forma, são capazes de vivenciar e demonstrar emoções, sensações e sentimentos. Ficar um pouco triste não é um grande problema: faz parte da vida. Mas os peludos podem desenvolver depressão, que pode ser bastante grave. Alguns sinais do transtorno são alarmantes.
A capacidade de planejamento dos cães é limitada e eles não têm grandes preocupações: os peludos nada sabem sobre as contas a pagar no final do mês, nem se um conflito pode provocar uma hecatombe nuclear. Mesmo assim, os motivos que os deixam tristes – e podem evoluir para a depressão – são muito semelhantes aos nossos.
Os motivos de depressão canina
Os momentos de tristeza nos cães tendem a ser breves, rapidamente esquecidos quando a atenção é atraída por um estímulo prazeroso: uma brincadeira ou um petisco, por exemplo. Mesmo assim, eles sofrem com a solidão, a dor física, a perda de um grande amigo, mudanças na rotina, etc.
Os cães são igualmente capazes de desenvolver empatia. Eles costumam se colocar na posição das pessoas com quem dividem o espaço, mostrando-se tristes ou alegres de acordo com o estado de espírito dos tutores. Desta maneira, se o tutor está deprimido, o peludo pode passar a exibir sintomas da mesma doença: é um reflexo da melancolia que está dominando o seu humano preferido.
Eles também podem se ressentir de situações de maus tratos, negligências e abusos. Cada cachorro reage de acordo com a sua própria personalidade: alguns se tornam agressivos; outros passam a exibir comportamentos destrutivos; outros, por fim, ficam deprimidos, situação que pode afetar o bem-estar físico e emocional.
Os sinais de tristeza nos cães
Os cachorros não conseguem se expressar verbalmente, contando para os tutores sobre os males que os afligem. Por isso, é importante estar atento aos sinais que eles emitem. Muitos cães resistem bravamente a uma entrega total a estados de tristeza profunda.
Quase sempre, os peludos alternam a melancolia com momentos de excitação, parecendo reagir normalmente às situações e estímulos. O tutor é a pessoa mais indicada para perceber os sintomas de depressão, uma vez que é ele quem melhor conhece o cachorro e sabe as sutilezas de pequenas variações de humor.
01. Perdendo interesse pelas atividades prediletas
Um sinal de que alguma coisa está errada é quando o cachorro perde o interesse pelas brincadeiras com os tutores ou com pessoas e grupos que em geral os deixam estimulados, ativos e atentos.
Estes momentos podem ser bastante óbvios, como por exemplo a recusa em correr e saltar, brincar com a bolinha ou o urso de pelúcia favorito, ou mais sutis, como não dar atenção às crianças que estão correndo na praça ou não se incomodar com os ruídos provenientes do exterior.
Vale lembrar que algumas raças são mais preguiçosas e também que os idosos brincam menos do que os adultos saudáveis. Os objetos oferecidos também podem não ser tão interessantes para os peludos, que também podem “enjoar” de alguns brinquedos de tempos em tempos.
02. Dormindo em excesso
Um cachorro adulto dorme de 12 a 14 horas por dia. Alguns são mais preguiçosos, enquanto outros estão sempre alertas. A depressão pode se manifestar quando o sono é exagerado e ocupa parte do tempo antes dedicado a outras atividades, como as brincadeiras, as rondas de vigilância pela casa, etc.
O tempo de sono aumenta à medida que os cachorros envelhecem, mas os tutores precisam observar cuidadosamente quando os cochilos passam a ocupar principalmente o tempo livre, quando os peludos se dedicam a explorar o ambiente por conta própria, por exemplo.
Cuidado: o sono excessivo também pode indicar outros problemas físicos, como diabetes, hipotireoidismo, comprometimentos ósseos e articulares, etc. As consultas regulares ao veterinário ajudam a prevenir essas doenças, ou tratá-las, caso se instalem.
03. Recusando alimento
Como regra geral, os cães são animais vorazes e a maior preocupação dos tutores costuma ser o excesso de alimentos – especialmente os petiscos. Se o peludo está recebendo uma ração equilibrada e de qualidade, na quantidade correta para a idade, porte e nível de atividade física, a recusa é sempre preocupante.
É normal que o cachorro passe alguns dias sem apetite. Mudanças climáticas e redução das atividades físicas podem explicar a recusa. Alguns peludos também enjoam de determinadas rações e biscoitos, que podem ser oferecidos com “novidades”, como polvilhar o prato com especiarias (manjericão, orégano, etc.), misturar ração seca e úmida, adicionar iogurte natural ou caldo de carne, etc.
Fracionar a ração em diversas porções oferecidas ao longo do dia também pode ser a chave para despertar o apetite. Mas, se o cachorro passar vários dias recusando alimento ou demonstrando desinteresse, ele pode estar desenvolvendo um quadro depressivo, que precisa ser solucionado.
04. Demonstrando falta de energia
A apatia e pouco envolvimento com as atividades também sinaliza algum transtorno, que pode ser físico ou emocional. Alguns cachorros são naturalmente mais pacatos e bonachões – mais uma vez, o tutor é a pessoa mais indicada para perceber que alguma coisa está errada.
O problema pode ser físico: infecções e inflamações obrigam os cachorros a ficarem mais quietos. Algumas situações são mais graves, como a desnutrição e a desidratação. Doenças nas articulações, algumas infecções virais e infestação por vermes também podem ser a causa da falta de energia.
Mas, se o cachorro está com a vermifugação e a vacinação em dia, não tem problemas de saúde física e passa subitamente a demonstrar falta de energia, ele pode estar deprimido. Este é mais um sintoma sutil, que precisa ser avaliado, pelo tutor e o veterinário, juntamente com outras situações do dia a dia.
05. Lambendo as patas de forma compulsiva
Os cachorros lambem as patas (e outras partes do corpo, como o rabo e as orelhas) de forma natural. Eles fazem isso para eliminar parasitas, limpar os dedos, retirar o excesso de suor ou apenas para ter alguma coisa para fazer.
Quando as lambidas se tornam excessivas, acende-se o alerta amarelo. Alguns tutores chegam a relatar que os peludos deixam de brincar e explorar para passar horas se lambendo. Este é um sinal de ansiedade, quadro que pode anteceder a depressão.
06. “Falando” sobre as carências
Uma boa conversa é a melhor maneira de resolver problemas. É certo que os cachorros não falam, mas eles conseguem se comunicar com a linguagem corporal, que é sempre rica e expressiva. Os tutores, de novo, são os mais indicados para entender o que o cachorro está querendo dizer.
Andar encurvado, com a garupa baixa, é um sinal de medo ou de submissão. O gesto pode ocorrer em situações de perigo – uma tempestade com raios e trovões, por exemplo – e podem ser corriqueiros entre os animais mais covardes e ressabiados.
Mas, quando a posição se torna muito frequente, associada ao rabo baixo, abanando para o lado esquerdo; quando o cachorro tem dificuldade para encarar o tutor; quando ele evita contato físico, é preciso investigar o que está acontecendo; estes são sinais clássicos de depressão.
07. Mostrando-se agressivo
Todos os cachorros são capazes de emitir sinais agressivos. Mesmo o animal mais tranquilo e pacato consegue demonstrar “cara de poucos amigos”. Em geral, os sinais são enviados para desconhecidos (humanos e outros animais) ou para pessoas francamente hostis (como os carteiros, que insistem em enfiar a mão pelo portão).
Mas, mostrar-se agressivo em relação à família não é uma atitude normal. Existem cachorros que foram mal educados, passam boa parte do tempo isolados e acabam sendo violentos com tudo e com todos. Se este não é o caso, alguma coisa está fora do lugar.
A explicação mais simples é a de algum desconforto ou sofrimento físico. Se o animal não sofre de nenhuma dor, ele pode estar deprimido. Este sinal quase sempre é um desdobramento de outros, como mostrar falta de energia, desinteresse e medo.
08. Exigindo mais atenção
Alguns cachorros demonstram que estão deprimidos exigindo mais atenção dos tutores. É natural que eles queiram brincar e interagir com a família após uma longa ausência (que, dependendo do caso, pode ser de apenas alguns minutos).
Mas, quando um peludo passa a exigir mais tempo e dedicação, especialmente no caso dos animais independentes, é importante investigar as causas. Quase sempre, por um descuido na educação, o tutor acostumou o pet a ter toda a atenção – e fica incomodado quando está ocupado e o animal quer a dedicação costumeira.
Se ele passa a exigir mais tempo, inclusive com “conversas”, é um sinal de que ele pode estar ansioso. O sintoma sempre vem acompanhado de outros e, por isso, o tutor precisa ficar atento ao conjunto global.
09. Choramingando pelos cantos
Alguns cachorros ansiosos e deprimidos podem passar a tentar se esconder da família, mas emitem uivos e ganidos, como se estivessem sofrendo algum mal. Se não existe nenhuma condição física determinando o comportamento, os peludos podem estar emocionalmente abalados.
A situação é frequente em animais que sofrem da ansiedade de separação: eles sabem os momentos em que os tutores se ausentam e ficam tristes antecipadamente, o que também deve ser corrigido, melhorando o ambiente em que eles ficam quando estão sozinhos e oferecendo companhia ao voltar para casa.
O tratamento para depressão nos cães
A depressão é uma doença complexa, que prejudica a qualidade de vida dos peludos. Ela surge de maneira mais sutil do que a condição observada entre humanos, mas é igualmente preocupante e perturbadora.
Além de prejudicar o foco e o equilíbrio emocional, a depressão facilita a instalação de outras doenças. Portanto, ao observar os sinais, os tutores precisam procurar atendimento e orientação de especialistas.
Além do acompanhamento veterinário, que pode incluir medicamentos, a solução para superar a depressão passa principalmente pelo enriquecimento do dia a dia do cachorro. Os tutores precisam seguir as orientações médicas e também oferecer alguns estímulos para o peludo.
Por exemplo, podem ser oferecidos brinquedos novos para o cachorro explorar. Não é preciso gastar muito: basta fazer um rodízio dos objetos. Depois que eles ficam guardados por uma semana ou dez dias, quase sempre apresentam um ar de novidade ao serem novamente oferecidos.
As refeições também podem enriquecer o cotidiano. Em vez de dar a ração em uma tigela, os tutores podem rechear uma garrafa pet com os grãos, o que implica uma dificuldade maior: o cachorro precisa descobrir uma forma para abrir a garrafa e superar o obstáculo.
Brigas e gritos não ajudam a superar a depressão e podem agravar o quadro. Se o cachorro está lambendo as patas excessivamente, por exemplo, tente envolvê-lo em outra atividade. Se ele está dormindo demais, aumente o tempo dos passeios.
Aumente os períodos de brincadeiras e de aconchego com os cães deprimidos. Muitas vezes, para superar o problema, tudo que eles precisam é de um tempo extra com os tutores. Faça carinho, converse, ensine um truque novo. Quanto mais diversificado for o ambiente, mais facilmente o peludo encontrará elementos para vencer a depressão.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.