Adoção de cães: tudo o que você deve saber

Confira o que você deve saber para ser um bom tutor. Adoção de cães é um compromisso de vida.

A adoção de cães é um gesto nobre, um verdadeiro gesto de amor. Ela implica doação de tempo, esforço, recursos materiais. Escolher um animal em um abrigo para conviver pode inclusive ressignificar a continuidade da vida.

Os cachorros são adoráveis. Eles retribuem de maneira multiplicada todo o investimento realizado por nós. Isto não significa que eles não deem trabalho: cães precisam de alimento, acessórios, vacinas, vermífugos, consultas com o veterinário, brinquedos, educação e muita dedicação por parte dos tutores.

Antes de adotar, o candidato a tutor deve saber que os cães ocuparão boa parte do tempo e do espaço doméstico. Muitas pessoas dão preferência a animais de raça – e não há nada de errado nisso – mas há muitos vira-latas na fila da adoção, esperando um lar para que possam chamar de seu.

Humanos e caninos partilham a existência há milhares de anos. O que começou com uma troca de favores – o termo técnico é comensalismo –, em que os cães entraram com a força, a ferocidade e os dentes, enquanto os humanos entraram com as ferramentas e maior capacidade de planejamento, rapidamente se transformou em uma amizade sólida, quase inabalável.

Sempre é possível adotar um cão de raça em um abrigo. Muitos tutores compram um animal, mas não podem ou não querem ficar com ele, quando descobrem o trabalho que dá (mas não encontram o prazer insubstituível da companhia).

Mesmo assim, animais resgatados não possuem pedigree e não podem ser usados em cruzamentos “oficiais”: os filhotes nunca serão registrados, a menos que o novo tutor tenha toda a documentação, o que é difícil quando se fala de animais abandonados.

Adoção de cães: tudo o que você deve saber

Confira tudo o que você precisa saber sobre a adoção de cães.

Trata-se de uma atitude que requer reflexão, concordância de todos os membros da família e compromisso: cães são seres vivos, com desejos e necessidades. Eles não podem ser descartados, qualquer que seja a circunstância ou o motivo alegado.

• Você pode salvar a vida de um pet

Cães abandonados nas ruas ou resgatados de lares violentos são recolhidos em abrigos. Existem organizações públicas e particulares que zelam pela saúde e bem-estar destes pets, mas os recursos são escassos e há limites para a atuação.

Muitos “cachorros sem dono” acabam sendo sacrificados depois de um tempo de espera, especialmente os abrigados em centros públicos de controle de zoonoses. Os mais velhos, doentes, portadores de deficiência e feios têm imensa dificuldade para encontrar novos tutores.

Ao adotar um vira-lata (ou um cão sem registro oficial), você pode estar salvando a vida dele. E, mesmo entre os que permanecem em santuários e ONGs, não se pode comparar a segurança e o carinho de um lar.

• Você pode encontrar pets mais saudáveis

Cães de raça são obtidos através de cruzamentos seletivos. As raças atuais são resultantes de mestiçagens entre raças – algumas já extintas, como os antigos bull-and-terriers ingleses –, realizadas para atingir determinados objetivos.

Até o início do século 19, os criadores buscavam animais resistentes para o trabalho: caça, vigilância, segurança pessoal, pastoreio, etc. gradualmente, os cães passaram a ser acompanhantes dos humanos e outros critérios se tornaram importantes, tais como beleza, equilíbrio, estética, aparência nobre.

Efetivamente, os cães de raça são lindos, cheios de charme. Os cruzamentos, no entanto, foram realizados com um número limitado de indivíduos, para garantir a manutenção das características desejadas. Isto reduziu a diversidade genética e aumentou o risco de algumas doenças.

Os cães de grande porte, por exemplo, apresentam maior propensão para displasias de quadril e de cotovelo. Os pets braquicefálicos – de focinho amassado – quase sempre têm problemas respiratórios e cardíacos.

Os vira-latas, por outro lado, quase sempre têm saúde para dar e vender. Sem terem sido submetidos a uma seleção específica de genes, os animais sem raça definida – mesmo quando são muito parecidos com um pai ou mãe de raça – são mais resistentes.

Além disso, muitos deles viveram durante algum tempo e passaram fome, frio, cansaço. Alguns sofreram maus tratos simplesmente por estarem na rua; algumas pessoas acham divertido jogar pedras em cães abandonados, provavelmente porque nunca levaram uma pedrada.

A imensa maioria dos cães não resiste à vida nas ruas. Eles não sabem caçar, pedir alimento, abrigar-se. Os sobreviventes são os que apresentam o organismo mais adaptado. O abandono é uma forma perversa de seleção das espécies.

• Ao adotar, você ajuda a evitar a superpopulação

Os cachorros não sabem viver nas cidades criadas pelos humanos. Desde que eles se tornaram nossos colegas – e principalmente depois que passaram à condição de acompanhantes, sem funções específicas na “matilha”, os peludos passaram a depender integralmente das ações dos tutores.

Eles não têm uma hierarquia quando vagam pelas ruas. Ao contrário dos lobos, seus ancestrais, todos os machos adultos atendem aos feromônios lançados pelas fêmeas no cio e disputam a parceira sexual.

Uma das causas da mortalidade são as sequelas decorrentes das brigas pelo acasalamento. A maioria dos machos morre tentando perpetuar os seus genes. Mesmo assim, há muitos adultos aptos prontos para a reprodução.

Assim, nascem ninhadas indesejadas. Um humano que consegue abandonar um animal de estimação à própria sorte certamente não tem a preocupação de castrar os animais – aliás, um dos principais motivos do abandono é a constatação da gravidez.

Nos centros urbanos, a população de cães de rua aumenta exponencialmente. A maioria das autoridades municipais não tem um plano para recolhimento e esterilização desses pets. Vale lembrar que não existem “cães de rua”, assim como não existe “gente de rua”, apenas seres abandonados à própria sorte, que tentam sobreviver de alguma forma.

Ao adotar um cão em um abrigo, o tutor provavelmente receberá um animal já castrado; caso ele ainda seja integro, uma cirurgia de esterilização é um custo que cabe no orçamento de quem pretende levar um pet para casa. Desta forma, evita-se a superpopulação. Apenas os cães desejados deveriam nascer.

• Adotar custa bem menos

Ter um cão de raça é motivo de satisfação para muitas pessoas. Algumas inclusive consideram sinal de status exibir um “animal puro”. Cães de raça são adoráveis, assim como os vira-latas. Mas o amor independe de raça.

Adotar um cachorro custa caro. Ele precisa de ração, vacinas, medicamentos (especialmente se for portador de doenças adquiridas no período de abandono). Também precisa de brinquedos, passeios, diversão.

Considere apenas os custos de alimentação. Um pacote de 5 kg de ração de qualidade custa, em média, R$ 100. E um cão de porte médio consome esse pacote em menos de duas semanas.

De qualquer forma, adotar sai mais barato. Cães de raça sem pedigree não são vendidos por menos de R$ 1.000 – os registrados, filhos de campeões em exposições oficiais, custam entre R$ 2.500 e R$ 10.000, se tiverem nascido no Brasil.

Um SRD sai “de graça” no abrigo (é possível que a organização peça uma contribuição, ou que exija a atualização da vacinação e da vermifugação, mas estas são providências necessárias para todos os animais de estimação).

O tutor leva para casa um “combo” de alegria, brincadeiras e fidelidade sem desembolsar muito dinheiro. A família fica feliz, o cão se torna eternamente agradecido e todos se sentem felizes por partilhar uma experiência nova e única.

• Um cão adulto já vem educado

Ao adotar um filhote, os tutores precisam se preparar para algumas noites mal dormidas. Os pequenos se ressentem da falta da mãe e dos irmãos. Especialmente à noite, eles podem chorar e ganir à espera do aconchego e da segurança da família.

Não é aconselhável levantar-se da cama para confortar o cãozinho. Ao fazer isso, ele se acostumará e associará o choro à presença dos tutores, apenas prolongando a situação. Mas, levantando-se ou não, o sono já foi perturbado.

Além disso, os filhotes precisam aprender a fazer as necessidades no lugar certo – e “certo”, nesse caso, é o lugar que os tutores escolhem; para os cães, não faz muita diferença, desde que seja longe do lugar da comida e do descanso.

Em pouco tempo, eles aprendem, mas antes disso passam-se algumas semanas com poças de xixi espalhadas pela casa. Os filhotes também aprenderão a não roer chinelos, pés de móveis, tapetes e almofadas, mas não antes de destruir alguns objetos.

O animal adulto já aprendeu tudo isso e está ansioso para agradar os novos pais. Certamente, ele deve ser introduzido na casa nova, com todas as regras familiares. Mas a fase de adaptação é muito mais rápida.

Ao sair para passear, não é preciso adestrar um cão adulto vindo de um abrigo. Ele conhece muito bem os perigos da rua e estará satisfeito demais em caminhar com o tutor. Os comandos serão assimilados com rapidez – e o tutor ainda pode se gabar de ser um excelente treinador de animais.

Cães são seres maravilhosos. É sempre um prazer conviver com um deles, mesmo com um aumento das tarefas domésticas cotidianas. A adoção é um gesto nobre, resolve diversos problemas e gera prazer para o tutor e o pet.

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