Cachorro com barriga inchada. O que pode ser?

É um sinal de inflamação. Saiba o que pode indicar um cachorro com barriga inchada.

Trata-se de um preocupação e tanto. As causas de uma barriga inchada e dura em um cachorro variam bastante. Entender o que está acontecendo é importante para saber se estamos lidando com uma emergência médica — em outras palavras, se está na hora de procurar o veterinário.

A barriga inchada persistente pode ser um sinal de problema mais grave, como malformações do aparelho digestório ou até de condições mais sérias, mas as causas mais comuns são relativamente simples de tratar

O tutor é quem melhor conhece o seu pet. É fácil descobrir as travessuras, como roer um chinelo ou um pé de mesa. Os hábitos alimentares também podem causar a barriga inchada e dura. Em situações anormais, porém, o melhor a fazer é procurar ajuda especializada.

Muitos cachorros com a barriga inchada e dura podem apresentar outros sintomas, como o cansaço e o fôlego ofegante (em função do pressionamento dos órgãos torácicos), letargia,falta de apetite, dificuldade de locomoção e sinais evidentes de dor. Não é preciso esperar o surgimento destes sinais para procurar o veterinário.

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A comida

Os cachorros muito gulosos podem apresentar barriga inchada e dura justamente por estarem comendo em excesso. Lembre-se de oferecer ração de qualidade, indicada para a faixa etária e para as condições gerais do pet e nunca exagere no tamanho das porções.

Os cães são naturalmente vorazes; eles estão na fase da caça e coleta, enquanto nós atingimos a fase de “compras no supermercado”. Para os animais de estimação, é necessário garantir o “pão nosso de cada dia”.

Não importa quantos pacotes de ração estejam estocados na despensa: eles nao sabem nada sobre isso (assim como não sabem que estão totalmente protegidos dentro de casa em caso de temporais com raios e trovoadas).

Para reduzir a voracidade, organize os horários de alimentação, não ofereça lanchinho fora de hora e nunca dê alimentos humanos: sal refinado, óleo vegetal e condimentos e outros comestíveis não fazem parte da dieta canina.

Acostume-se ao olhar pidão. Este é um truque que os cachorros aprendem ainda filhotes, para obter atenção. Também é uma forma de dizer: “eu aceito que você seja o alfa da matilha, mas você PRECISA me alimentar”.

Os filhotes

Cachorrinhos adotados em um canil ou em uma associação protetora de animais normalmente chegam à casa com oito semanas (ou mais), desparasitados e com as primeiras doses das vacinas.

Mas, quando acolhemos um cão da rua, ou de um amigo que teve uma ninhada “não planejada”, é comum notar, nos primeiros dias de convivência, uma barriga inchada e dura. Quase sempre, isto é sinal de que o pet engoliu (ou roeu) algo que não devia. Filhotes são ainda mais curiosos do que os cachorros adultos.

A barriga inchada e dura, no entanto, pode ser um indicativo de infecção por parasitas intestinais.

Não é raro que as parasitoses sejam transmitidas por via vertical: uma fêmea infectada por vermes transmite os parasitas durante a gestação ou lactação. Este transtorno pode acontecer inclusive pela ingestão acidental de fezes contaminadas.

Por isto, é importante começar a desparasitar os filhotes a partir dos primeiros 15 dias de vida. Mas esta providência nem sempre é observada.

Alguns parasitas, como ancilostomas, dipilídeos, lombrigas e tênias, podem afetar outros animais de estimação e mesmo seres humanos. Felizmente, o controle é simples. Existem medicamentos em forma de comprimidos, xarope e gel, cujas doses devem se repetir de 15 em 15 dias, até que o ciclo das primeiras vacinas esteja encerrado. Depois disto, a vermifugação de ser repetida a cada seis meses.

Além da barriga inchada e dura, os filhotes podem apresentar vômitos, diarreias, cansaço, etc. Os sinais secundários, no entanto, normalmente aparecem apenas nas infecções mais graves.

As verminoses quase sempre são combatidas com procedimentos simples, mas o ideal é buscar a orientação médica, mesmo porque algumas infestações, como a dilofilariose, são mais graves e podem comprometer seriamente a saúde dos cachorrinhos.

Conhecida como “verme do coração”, a dilofilariose é transmitida por picadas de mosquitos. Basta que duas dilofilárias (um macho e uma fêmea) entrem na circulação sanguínea do pet para ter início a reprodução, que completará o círculo no músculo cardíaco, podendo inclusive provocar a morte.

Em todos os casos de adoção espontânea (filhotes encontrados na rua ou em centros de controle de zoonoses, por exemplo), é fundamental submeter o pet a uma avaliação veterinária.

Nos adultos

Os cachorros adultos também podem apresentar barriga inchada e dura. O motivo do problema, no entanto, quase sempre é diferente. Uma situação comum é a torção gástrica, conhecida tecnicamente como vólvulo gástrico ou dilatação vólvulo-gástrica (DVG).

O problema geralmente acontece devido à presença de excesso de gases ou de ração no estômago. A fermentação dos alimentos e a própria respiração dos cães (aerofagia, ou deglutição excessiva de ar) podem provocar o transtorno, que pode ser letal.

A torção gástrica apresenta dois momentos bem caracterizados:

– a dilatação do estômago, devida à presença de excesso de líquidos e gases;

– a torção propriamente dita, quando o estômago distendido gira sobre o seu eixo. É comum que o baço, aderido ao estômago, também rotacione.

Esta condição pressiona a cárdia (a passagem entre o esôfago e o estômago) e o piloto (a passagem do estômago para o duodeno) e impede a passagem do quimo, o alimento semidigerido em estado líquido, que deixa de fluir para a necessária absorção dos nutrientes.

Em função desta pressão, o cachorro também não consegue vomitar nem arrotar, uma vez que a cárdia está bloqueada. A circulação sanguínea na região fica comprometida, o que pode levar à necrose da mucosa estomacal.

O quadro pode ficar ainda pior, com perfurações gástricas (o estômago se rompe para liberar o quimo), peritonite (inflamação da membrana que reveste os órgãos abdominais externamente) e choque circulatório. A situação é considerada gravíssima e a intervenção veterinária é urgente.

Os procedimentos médicos podem incluir:

  • descompressão do estômago, para liberar o excesso de gases;
  • procedimentos para estabilizar os sistemas cardiorrespiratório e vascular.

A torção gástrica é mais comum a partir dos cinco anos de idade e afeta principalmente cães de raças de grande porte e tórax amplo, como os pastores alemães, weimaraners, são bernardos, dogues alemães retrievers. Mas, mesmo raramente, os pequenos também podem sofrer com a DVG.

O transtorno quase sempre acontece depois das refeições, mas é relativamente comum depois de exercícios físicos rigorosos seguidos da ingestão de grandes volumes de água.

Além da barriga inchada e dura, cães afetados pela torção gástrica podem apresentar dificuldade de vomitar apesar das muitas ânsias e dor abdominal (desde a sensibilidade ao toque até a manifestação de dores insuportáveis), além de nervosismo e inquietação. O tratamento depende do diagnóstico, mas pode incluir uma cirurgia.

Para prevenir, divida a quantidade de ração em porções menores, oferecidas ao longo do dia, restrinja o acesso à água meia hora antes e depois das refeições e não pratique exercícios físicos com o estômago cheio. Estes hábitos são mais fáceis de serem desenvolvidos quando praticados desde a infância do pet.

Outros problemas

Apesar de não serem tão frequentes, outros problemas de saúde podem provocar a barriga inchada e dura. Podemos citar:

peritonite canina – doença já descrita como sintoma secundário da torção gástrica, a peritonite canina também pode ser causada das por inflamações e infecções, quando micro-organismos migram da corrente sanguínea para a cavidade abdominal.

As fêmeas podem desenvolver a doença por via retrógrada, a partir dos ovários, e todos os cães são suscetíveis a infecções através de bactérias que colonizam naturalmente o intestino.

A peritonite também pode ser causada por feridas penetrantes no abdômen ou por outras enfermidades que provoquem abscessos nos órgãos digestório, excretores e reprodutores. A doença pode ser asséptica, quando ocorre depois de uma intervenção cirúrgica;

tumores – o inchaço provocado pela torção gástrica é rápido, quase visível. Por outro lado, quando a barriga do cão de mostra progressivamente volumosa e enrijecida, isto pode significar o desenvolvimento de um tumor abdominal (que não é necessariamente maligno). o crescimento pode levar meses e até anos.

o crescimento de um tumor pode ser tão lento e pouco agressivo que, de acordo com a idade do cachorro, o melhor a fazer é apenas deixar o pet confortável, sem lançar mão de procedimentos invasivos.

Mas, quando identificado em cães de até seis ou sete anos, o veterinário pode considerar a possibilidade de realizar uma cirurgia para extirpar o tecido, seja ou não uma neoplasia.Em muitos casos, o pet pode manter uma vida de qualidade durante muitos anos depois do procedimento;

ascite canina – trata-se da popular barriga d’água.ela se caracteriza pelo crescimento de uma barriga inchada e mole ao toque. O tratamento depende do motivo pelo qual está ocorrendo extravasamento de líquidos para a cavidade abdominal.

Podem ser necessárias radiografias ou ultrassonografias para o diagnóstico, a fim de verificar se ocorreu uma ruptura nos órgãos urinários ou se um tumor está se desenvolvendo. Caso o veterinário desconfie de que doença infecciosa, pode ser necessária a realização de uma paracentese, que é a drenagem do líquido do abdômen para posterior análise de laboratório;

síndrome de Cushing – a doença é causada pela produção excessiva e anômala do cortisol, o hormônio relacionado ao estresse. Também presente na patologia humana, a síndrome afeta principalmente os cães idosos (é mais comum entre dachshunds, boxers e poodles), com mais de sete anos de idade.

Em cães saudáveis, a síndrome geralmente se instala quando a hipófise estimula as glândulas adrenais a produzir o hormônio glicocorticoide. Em excesso, este hormônio induz a formação de tumores na própria hipófise.

O sinal mais visível é o aumento da urina, com o consequente aumento da sede. O pet pode ainda apresentar perda de pelo (quase sempre simétrica), despigmentação da pele e aumento da gordura abdominal, que aumenta a rigidez da região.

O diagnóstico é obtido através do exame clínico e de exames de laboratório. Se um tumor for identificado, a cirurgia é o procedimento indicado, mas cães idosos podem não resistir. Existem tratamentos com medicamentos e os cães costumam responder de forma positiva;

hemorragias internas – os cães podem sofrer hemorragias por problemas fisiológicos, mas mais comumente elas ocorrem por traumatismos físicos, como quedas e atropelamentos.

Em qualquer caso de trauma, mesmo que não haja danos físicos aparentes, a avaliação médica é necessária. Desorientação, dificuldade para respirar, deglutir ou se locomover e isolamento, além da barriga inchada e dura, são sinais de que alguma coisa não está certa. Leve o pet ao veterinário com urgência; pode não ser nada sério, mas é melhor prevenir do que remediar.

Problemas menores

Talvez o cachorro esteja com a barriga inchada e dura apenas por motivos banais, tais como a ingestão de alguma coisa indevida ou uma prisão de ventre. Nestes casos, os sintomas são mais amenos e duram poucos dias, sem alterar a vitalidade do pet.

Assim como os humanos, alguns cachorros têm prisão de ventre regularmente. Verifique se o seu pet leva muito tempo para fazer as necessidades, se as fezes são duras e ressecadas ou se há traços de sangue.

Na maioria dos casos, alterações simples na dieta são suficientes para regularizar o sistema digestório. Lembre-se de que filhotes defecam proporcionalmente mais do que os adultos, que defecam proporcionalmente mais do que os cães idosos.

Quando um cachorro está com dificuldade para fazer cocô, pode-se oferecer purê de abóbora entre as refeições (sem sal nem açúcar, apenas a fruta cozida em pouca água). Duas ou três colheradas são suficientes.

Existem rações e suplementos minerais, disponíveis em pet shops, que ajudam a regularizar as funções intestinais. O leite de magnésia é um laxante natural leve. Duas rodelas de gengibre picadas e misturadas às refeições, ou uma colher (sobremesa) de azeite podem ajudar.

Por fim, a retenção de líquidos pode indicar apenas falta de exercícios físicos. O sedentarismo pode gerar inúmeras enfermidades, enquanto as caminhadas estimulam os movimentos peristálticos do intestino (funciona com humanos também). Caso os sintomas persistam mais de três dias, porém, é melhor procurar auxílio especializado.

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