Cachorros e gatos não transmitem o Covid-19 – Não abandonem seus pets

Com a pandemia, alguns tutores estão até abandonando seus pets. Fica o alerta: cães e gatos NÃO transmitem o Covid-19 (Coronavírus).

Os coronavírus são uma família de vírus que causam distúrbios respiratórios em humanos, cães e gatos, entre outros animais. O Covid-19 (ou SARS-CoV-2), no entanto, é uma mutação que afeta apenas seres humanos. Com a propagação da doença, especialmente na Europa (atual epicentro da epidemia), muitas pessoas estão tomando medidas drásticas, desnecessárias e muito pouco lógicas, como abandonar cães e gatos de estimação.

O Covid-19 é uma mutação genética de outros tipos de coronavírus. Foi identificado inicialmente na cidade de Wuhan, Província de Hubei, China, em dezembro de 2019. A partir da constatação do surto e das primeiras mortes em decorrência de complicações, a OMS (Organização Mundial de Saúde) passou a emitir alertas sobre a possibilidade de transmissão entre pessoas em outros países.

Cachorros e gatos não transmitem o Covid-19

Isto efetivamente ocorreu. Já existem mais de 140 mil casos confirmados desta forma de coronavirose em 135 países, com o registro de 5.400 mortes (dados da OMS de 14.02.20). O vírus se espalhou por todos os continentes, com exceção da Antártica, e há casos de transmissão local, em que pacientes que não viajaram para países com a presença do Covid-19 nem entraram em contato com doentes que viajaram recentemente.

Os vírus

Na Terra atual, os vírus são os únicos seres acelulares – que não possuem células. Por isso, eles precisam invadir uma célula (animal, vegetal, ou mesmo de fungos ou bactérias) para poder replicar – palavra específica para a “reprodução” viral.

A palavra vírus vem do latim, com o significado original de “toxina”, “fluido venenoso”. Os povos antigos nem sequer imaginavam a existência de seres microscópicos, mas já intuíam que algumas condições ambientais eram prejudiciais à saúde humana.

Os vírus são tão simples que são seres “incompletos”, que precisam invadir uma célula para poder replicar. Com a replicação, mais e mais células são comprometidas. Eles têm preferência por parasitar tecidos específicos – o Covid-19 invade células das vias respiratórias.

Não se sabe a origem do Covid-19. Especulou-se que ele seria uma mutação de um vírus presente em morcegos que habitam a região de Hubei (que são usados na culinária local), mas é pouco provável que ele tenha “saltado” de uma espécie animal para outra. A hipótese mais aceita é que este vírus seja uma mutação de outros coronavírus que afetam a saúde humana há milênios.

O cononavírus canino – O “primo” canino

O coronavírus canino é um vírus específico dos cãesque também não “salta” para seres humanos. Ele infecta especialmente os filhotes, que ainda não possuem o sistema imunológico totalmente desenvolvido. A transmissão ocorre pelo contato com as fezes de um animal infectado.

A coronavirose canina é uma infecção aguda e autolimitada, mas, ao contrário do Covid-19, que afeta as vias respiratórias, o coronavírus canino invade células do intestino. Depois de um período de incubação de 12 a 36 horas, o cachorro começa a apresentar os sintomas: diarreia fétida (com muco ou sangue), vômitos, tremores, febre alta (acima dos 40ºC), desidratação e perda de apetite.

O tratamento é sintomático. São ministrados medicamentos para combater os sintomas, até que o animal demonstre ter superado a infecção. A vacina contra a coronavirose canina é considerada não essencial, mas está presente nas vacinas múltiplas (V8 e V10).

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A transmissão do Covid-19

A transmissão generalizada é chamada de pandemia – o vírus tem a capacidade de se propagar pelo ar e em ambientes úmidos. Pandemia, portanto, é a proliferação de uma doença em grau elevado, sem se que se possa rastrear a forma de transmissão.

Seja como for, o Covid-19 é transmitido, até onde se sabe, pelo contato direto entre seres humanos infectados com pessoas sadias. Ainda não é conhecido o grau de virulência, mas a infecção pelo coronavírus aparentemente pode ocorrer antes que se manifestem os primeiros sintomas, entre dois dias e duas semanas da exposição ao agente infeccioso.

O contágio também pode ocorrer pelo contato com objetos manuseados por pessoas portadoras do Covid-19. Por isto, é importante reforçar os hábitos de higiene e, na medida do possível, evitar locais com grandes aglomerações de humanos, especialmente os fechados e mal ventilados (como o transporte público, incluídos os elevadores).

O Covid-19 está associado a transtornos respiratórios, que podem ser semelhantes a uma gripe comum. Os principais sintomas são:

  • febre;
  • tosse;
  • falta de ar (dificuldade para respirar);
  • cansaço sem motivo aparente.

Caso você apresente dificuldade para respirar e mais um sintoma de gripe, procure atendimento médico o quanto antes. Fique atento às orientações das autoridades públicas de saúde.

Na maioria dos casos, o Covid-19 perde a capacidade de infecção em cinco a sete dias, mas entre 2% e 3,5% dos pacientes, o quadro clínico pode evoluir para pneumonia, insuficiência renal, podendo evoluir para uma insuficiência respiratória aguda e levar à morte.

Dois outros tipos de coronavírus provocaram medo nos últimos anos:

• em 2002 e 2003, a mutação chamada de SARS-CoV provocou a síndrome respiratória grave, atingindo principalmente a Ásia e a região do mar Mediterrâneo;

• em 2009, surgiu o MERS-CoV, que provocou a síndrome respiratória do Oriente Médio.

Não existe vacina para prevenir a infecção por Covid-19 – os primeiros antivirais específicos estão sendo desenvolvidos a partir do mapeamento genético deste tipo de coronavírus. Uma medicação desenvolvida em Cuba foi empregada na China com bons resultados, mas ainda não se sabe se ela será eficaz em todos os casos.

Da mesma forma, o uso de antibióticos não é recomendado, a menos que a equipe médica diagnostique uma infecção bacteriana oportunista – antibióticos não matam vírus. O tratamento é feito com medicamentos para atenuar os sintomas, hidratação corporal e alimentação adequada.

Os cachorros, os gatos e o coronavírus

Afastar-se de cães e gatos não reduz em nada a possibilidade de contágio pelo Covid-19: os pets nem sequer são vetores (hospedeiros) deste tipo de vírus. A transmissão ocorre pelo contato direto com gotículas ou secreções espalhadas pelos humanos infectados pelo vírus – da mesma forma que o ocorre com o Influenza, que causa a gripe comum, e os rinovírus, responsáveis pelos resfriados.

Cachorros e gatos não são infectados pelo Covid-19, apesar de outros tipos coronavírus poderem invadir células caninas. Por isto, isolar animais de estimação não está entre as recomendações das autoridades sanitárias para tentar conter a propagação da doença.

Apesar disso, a desinformação sempre gera histeria e pânico, que não auxiliam em nada na precaução e na redução do contágio. Em Portugal, por exemplo, a Guarda Nacional Republicana publicou, em seu site sns24.gov.pt e em páginas de redes sociais, um alerta para que os tutores não abandonem os seus cães e gatos: é uma medida inútil para se proteger.

Além de inútil, abandonar cachorros e gatos é um ato de maldade que pode gerar outros problemas: além da eventual morte dos animais, que não sabem sobreviver sem o amparo dos tutores, nas ruas, eles podem atacar pessoas estranhas ou se tornar vetores de outras doenças, principalmente se não estiverem com a vacinação em dia.

Não abandone os seus cães e gatos. Ao adotá-los, você assumiu um compromisso de cuidar deles. No caso do Covid-19, além de perverso, o abandono é uma atitude extremamente burra. Mesmo porque a presença dos pets em casos de doença é sempre muito bem-vinda.

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